Juiz nega ação que pretendia cancelar monotrilho da Linha 17

Ação impetrada pela Associação dos Amigos da Vila Inah buscava invalidar concorrência da obra
foto: Borelli & Merigo Arquitetura
Render da futura estação da Linha 17 ao lado do estádio do Morumbi
foto: Borelli & Merigo Arquitetura
Render da futura estação da Linha 17 ao lado do estádio do Morumbi: ação civil para interrompê-la foi negada pela Justiça

Não há dúvida que o projeto e execução da Linha 17-Ouro tem sido até o momento uma sequência de erros que culminam com quase cinco anos de obras sem que o início de operação esteja num horizonte seguro. Porém, considerar a linha inútil a ponto de requisitar à Justiça seu cancelamento mostra a que ponto parte da sociedade é capaz de chegar para defender apenas seus interesses.

Impetrada pela SAVIAH, associação dos moradores do bairro de Vila Inah, próximo ao estádio do Morumbi e da avenida Francisco Morato, uma ação pública foi enfim julgada pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no mês passado. A ação civil pedia a invalidação da concorrência enumerando tantos fatores que ficou claro desde o início que não havia ali um motivo justificado para que a cidade, tão carente de transporte público, perdesse um ramal que terá a função de ligar nada menos que quatro outras linhas de metrô e da CPTM.

Na ação de 2010, é questionada a necessidade de um meio de transporte para chegar até o estádio do Morumbi, que até então seria a sede paulista para a Copa do Mundo de 2014. Na visão da associação, a Linha 4-Amarela, que na época ainda tinha como previsão a entrega da estação São Paul0-Morumbi em 2014, seria suficiente para dar conta da demanda do estádio – no fim, a obra saiu da matriz dos projetos ligados ao evento esportivo porque houve a substituição do estádio, como todos sabem. Ironia do destino, o trecho que afeta Vila Inah está sem previsão de sair do papel.

Mas nada disso torna a Linha 17 inútil, afinal não se constroem linhas de metrô ou mesmo um corredor de ônibus focados apenas em algumas semanas de um evento esportivo. Basta ver como a nova Linha 4 do Metrô do Rio tem sido importante para a mobilidade da cidade após o encerramento dos Jogos Olímpicos. A decisão proferida pelo juiz no mês passado considerou “o pleito improcedente, reforça a regularidade da escolha do modal monotrilho, da concorrência internacional e do processo de licenciamento ambiental”, realizados pelo Metrô.

É lamentável que muitos cidadãos paulistanos ainda torçam o nariz para o transporte público. Mal sabem que parte do sofrimento e das dificuldades que enfrentam hoje é causada justamente por uma cidade cuja mobilidade é péssima e que encarece e dificulta a qualidade de vida e a produtividade da região metropolitana. Se o monotrilho cumprirá sua função de transporte de média capacidade, é algo que só saberemos quando as três linhas programadas estiverem em operação. Até lá, atacar o modal é apenas querer adivinhar o futuro.

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