
Questionada pelo Ministério Público pelo atraso nas entregas, a nova frota de trens da CPTM passaria por outro problema, segundo relatos que circulam em redes sociais. Parte das composições entregues pela CAF (a Série 8500) e que chegaram a ser utilizadas na operação comercial estaria parada nos pátios da empresa por um defeito no software que controla o sistema de freios. A causa ainda não estaria clara, porém, como o problema afeta a capacidade de frenagem dos trens, a empresa teria optado por retirar essas composições de circulação.
O blog perguntou para a CPTM se o problema é real, mas a companhia do estado respondeu apenas que “os trens produzidos pela CAF apresentaram falhas que ainda estão sendo solucionadas”, diz nota enviada para a redação. Ainda de acordo com a CPTM, “A Companhia mantém uma equipe técnica totalmente dedicada ao recebimento desses novos trens, acompanhando a sua fabricação e realizando rigorosos testes estáticos e dinâmicos antes de liberar as composições para a operação, de forma a garantir a segurança dos usuários“, completa.
Os defeitos nos novos trens evidenciam uma situação ainda mais grave em relação à encomenda de 65 unidades realizada em 2013. Dividida em dois lotes, a licitação foi vencida pela CAF (35 trens) e Rotem (30 trens) e deveria ter sido completamente entregue até agosto do ano passado. No entanto, sucessivos atrasos fizeram com que o primeiro trem entrasse em operação apenas em julho de 2017.
Dois trens por mês
Na época, o governador Geraldo Alckmin prometeu que a partir de agosto “serão (entregues) dois trens por mês, num total de 65 trens”, mas na prática a previsão não se confirmou. Até março, a CPTM colocou em serviço apenas 11 unidades, duas delas na Linha 11-Coral e o restante, na Linha 7-Rubi. Se seguisse o cronograma do governador, já seriam 18 trens disponíveis.
“Até o momento, a CPTM já recebeu 15 trens da CAF e 4 da Hyundai“, informou a companhia na mesma nota. Quanto à Série 9500, da Rotem (Hyundai), o primeiro trem iniciou os testes finais nas últimas semanas e pode ser entregue em breve.
Com os imprevistos, é pouco provável que a meta de Alckmin seja cumprida. O governo pretendia contar com 40 unidades entregues em 2017 e as 25 restantes, no ano que vem. Resta saber se CAF e Rotem pagarão pelo prejuízo aos cofres públicos e à população, que se vê obrigada a circular em trens antigos e desconfortáveis. A CPTM garante que isso está ocorrendo: “a empresa já aplicou e continua a aplicar multas às empresas CAF e Hyundai pelo atraso na entrega dos 65 trens. O caso está sendo acompanhado pelo Ministério Público que propôs às duas fabricantes o pagamento de indenização por danos morais difusos por meio da assinatura de um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta)“.
