O Metrô de São Paulo executou entre os dias 17 e 19 de julho uma nova estratégia operacional na Estação Vila Prudente da Linha 15-Prata utilizando as duas vias operacionais da estação e o novo aparelho de manobra construído recentemente.
O intuito foi buscar novas alternativas para que seja possível atender os passageiros com mais conforto e eficiência, aproveitando a melhor conexão com a estação da Linha 2-Verde.
O site acompanhou o trabalho em um dos horários de pico. Confira:
Situação atual
A Linha 15-Prata está com a demanda em ascensão. O traçado e as características de carregamento fazem com que quase toda a demanda da linha seja despejada na Estação Vila Prudente no período da manhã.
No pico da tarde ocorre a situação inversa, onde uma grande quantidade de passageiros se concentra na estação para tomar os trens no sentido leste. Todos os trens executam as manobras antes de chegar em Vila Prudente.
Atualmente apenas uma única plataforma é utilizada para embarque e desembarque dos passageiros, podendo gerar, até certo ponto, conflito no fluxo de passageiros e atraso nos embarques.

Estratégia
A estratégia adotada é de utilizar as duas plataformas da Estação Vila Prudente, uma exclusiva para desembarque e outra para embarque. Os trens esvaziados seguem para uma área de manobra após a estação.
Efetuada a manobra, as composições retornam à estação completamente vazias, permitindo um embarque facilitado e rápido.

Diagnóstico
Durante o período em que o site acompanhou os testes, os trens estavam circulando com intervalos de aproximadamente 210 segundos e tempo de embarque de 35 segundos.
Todo o trem que chegava na Estação Vila Prudente era evacuado pelos profissionais do Metrô que estavam na plataforma. Geralmente eram dois ou três funcionários incluindo o operador do trem.
Após a evacuação total, que durava em torno de 30 segundos, o trem partia para a área de manobra cujo track switch já estava posicionado na posição de reverso, ou seja, para executar a mudança da via.
Ao entrar na via oposta, em questão de poucos segundos o sistema CBTC já executava o comando automático de reversão de marcha. O trem seguia até a Estação Vila Prudente sem maiores dificuldades.

Pontos críticos
O principal problema da estratégia, que possivelmente deve ocorrer durante a operação comercial normal, são as obstruções de porta. Quando um passageiro impede o fechamento das portas o trem fica retido por mais tempo que o normal.
O tempo para reciclo de portas do monotrilho geralmente é maior, gerando falta de sincronia com as PSDs. Nestes casos as portas do trem e da estação precisam refazer todo o processo de abertura e fechamento.
No caso de Vila Prudente, quanto mais tempo o trem fica retido, pior a situação da plataforma. Com sua maior demanda, a Linha 2-Verde despeja centenas de novos passageiros na Linha 15-Prata.
Para lidar com a situação de grande fluxo, algumas escadas rolantes são invertidas ou desligadas para retardar a chegada dos passageiros.
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Um fenômeno bastante curioso é a recusa de embarque de alguns passageiros. Uma parte das pessoas fica na plataforma, mesmo havendo espaço disponível na composição.
Apesar destas questões, o sistema de sinalização parece ter funcionado a contento, de forma que os trens conseguiram ter uma pequena aproximação nestes casos, permitindo que o próximo trem entrasse na plataforma logo após a partida da composição à sua frente.

Conclusão
A estratégia adotada tem o potencial de trazer benefícios para a operação, mas necessita de alguns aprimoramentos para conferir mais segurança e confiabilidade.
Um deles é a presença de funcionários para orientar o embarque e evitar a obstrução das portas, que costuma gerar grande impacto na operação. A utilização dos operadores de trem que não ficarão mais à frente do painel de controle é uma boa estratégia.
Outro fator que pode ajudar é bastante contraditório: fazer com que os passageiros se aglomerem nas portas de plataforma. Os passageiros da Linha 15-Prata se acostumaram a fazer filas de embarque, para permitir o desembarque.

Essa ação, apesar de muito educada e correta, gera o efeito negativo na lotação da estação, já que se criam verdadeiros cordões humanos que prejudicam a circulação. Nestes casos, se os passageiros estivessem mais juntos, como ocorre nas estações da CPTM por exemplo, a área de embarque seria mais otimizada.
Vale dizer também que a estação Vila Prudente da Linha 15 possui uma plataforma central um tanto restrita por ser um ponto de conexão. Se o Metrô tivesse implantado uma solução semelhante à São Mateus, onde há três plataformas, o problema teria sido evitado.
A solução mais óbvia e natural será a inserção de mais trens para diminuir o intervalo de trens, evitando estratégias de retardamento de fluxo entre as linhas 2-Verde e 15-Prata.
A questão da frota não deve ser problema para o CBTC, bastando apenas a disponibilidade de trens para que tal estratégia seja adotada. Hoje são 17 unidades em serviço durante o pico, total que deverá ser ampliado com a chegada dos trens chineses da Frota S.