Ainda não foi desta vez que o imbróglio da Linha 6-Laranja chegou ao seu final. Em nova coletiva de imprensa para tratar da retomada da obra metroviária nesta sexta-feira, 6, o governador João Doria revelou que a vigência da caducidade do contrato com a Move São Paulo será novamente postergada em 45 dias, um sinal de que a negociação com a construtora espanhola Acciona foi mais longo do que se previa.
A boa nova é que o governo do estado afirmou que o acerto de venda da concessão da Linha 6 para a Acciona é “irrevogáel e irretratável”, afirmou o secretário Alexandre Baldy. Ou seja, os dois grupos privados chegaram a um acordo final entre eles, que foi submetido à STM no dia 5 de fevereiro e agora será apreciado por vários órgãos e também à Procuradoria Geral do Estado.
A expectativa da gestão Doria é que nos próximos 45 dias esses documentos sejam analisados e que o governo possa dar a anuência a um novo contrato para o ramal. Também fará parte desse processo a definição do estágio atual da obra e os prazos atualizados para sua conclusão além do tempo de operação da linha.
Retomada em 2020
Os representantes do governo, no entanto, informaram dados conflitantes em relação a alguns fatos. Baldy, por exemplo, chegou a dizer algumas vezes que a Acciona terá quatro anos para concluir as obras enquanto o vice-governador Rodrigo Garcia citou um período de cinco anos para que a Linha 6 entre em funcionamento. Originalmente, a concessão possuía um prazo de 25 anos, seis dos quais para construção e o restante para operação.
Também ficou confusa a definição inicial sobre a retomada dos trabalhos, interrompidos em setembro de 2016. Como tem feito com frequência nas últimas semanas, Doria voltou a prometer que nenhuma obra estará parada até 30 de junho, porém, ao ser indagado se isso significava que a Linha 6 voltaria a ser construída no primeiro, o governador reformulou sua afirmação. A ideia é que as obras tenham sua situação resolvida nesse período, mas reinício de obras deverá ocorrer até o final do ano.
O governo também insinuou que a Acciona formará um novo consórcio sem esclarecer sem existem outros sócios envolvidos. Também não foi comentado sobre a possível participação dos controladores da Move São Paulo, as construtoras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC, na construção da linha, mesmo que com participação menor.
Maior PPP (Parceria Pública-Privada) na área de trilhos do país, a Linha 6-Laranja exigirá investimentos da ordem de R$ 12 bilhões. O governo do estado, que apenas paga as desapropriações e paga metade do investimento, possui uma linha de crédito aprovada com o BNDES no valor de R$ 1,7 bilhão. A Move São Paulo deveria ter obtido um financiamento semelhante, porém, com seus sócios em dificuldades financeiras, não teve autorização para contrair empréstimos, precipitando a interrupção da obra.
