A empresa A Lasca, responsável pelas escavações arqueológicas na futura estação 14 Bis-Saracura, da Linha 6-Laranja, encontrou novos itens que podem ter feito parte do “Quilombo Saracura”, um refúgio de escravos negros que existiu na região do Bixiga.
A descoberta foi feita em 25 de setembro e encontrou itens de cunho religioso como imagens, conchas e fio de contas, segundo o portal G1.
Até o momento foram descobertos mais de 40 mil objetos nas escavações que tiveram início há cerca de dois anos. O trabalho, no entanto, afeta a evolução das obras da estação, que é de longe a mais atrasada do ramal, com pouco mais de 10% de evolução.
Tatuzão perto de 14 Bis
Em virtude disso, a Linha Uni, concessionária responsável pela obra e pela futura operação da linha, decidiu acelerar as escavações do Tatuzão Sul.
A tuneladora estaria próxima do subsolo onde ficará a estação 14 Bis e seguirá direto pelo local, devido à ausência da vala concretada que deveria estar pronta.

A estratégia é concluir a montagem dos túneis de concreto até a estação São Joaquim para desmontar o tatuzão e liberar as vias e estações para serem finalizadas.
Já a estação 14 Bis-Saracura seria escavada após o fim das atividades da tuneladora, com os anéis de concreto sendo retirados para construção das plataformas e mezaninos.
Para que isso ocorra, no entanto, será preciso encerrar os trabalhos arqueológicos nos próximos meses. Contudo, a situação é complexa.
Gentrificação
O governo chegou a dizer que poderia cancelar a estação enquanto a Linha Uni tem cobrado celeridade do Iphan, o órgão federal de proteção ao patrimônio histórico e artístico.
A entidade nega e diz que “não tem medido esforços para compatibilizar a implantação das obras do metrô Saracura e as normas de preservação do patrimônio cultural brasileiro”.

Já o movimento Mobiliza Estação Saracura-Vai Vai culpou a antiga concessionária Move SP e a gestão anterior do Iphan, que teriam dispensado os estudos na área da estação.
Em petição lançadas nas redes sociais, o movimento quer a estação se chame “Saracura/Vai Vai”, que seja construído um memorial e um museu no metrô a respeito do Quilombo do Saracura, além da volta da escola de samba Vai-Vai, que teve o imóvel desapropriado.
Além disso, a organização teme a “gentrificação” trazida pela Linha 6-Laranja e para isso pede pela “manutenção do perfil racial do bairro nos novos empreendimentos”, com a população negra ocupando novos empreendimentos na região.