Concessão da Estrada de Ferro Campos do Jordão vai recuperar menos de 40% da ferrovia
Dos 46,3 km totais, apenas 18,4 km passarão por melhorias. Concessão, que envolve investimentos de R$ 400 milhões, deve ser leiloada com lances a partir de R$ 1,5 milhão para a iniciativa privada

A concessão da Estrada de Ferro Campos do Jordão deverá promover a revitalização parcial do sistema ferroviário. Composta por material rodante histórico e de grande apelo turístico, são previstos investimentos de R$ 402 milhões no sistema.
O site teve acesso às informações do edital de concessão e traz os principais destaques e melhorias previstas para a concessão do sistema.

Melhorias trecho AB (Capivari – Portal)
O trecho AB possui 6,7 km de extensão, sendo composto pelas estações Emílio Ribas, Damas, Grande Hotel, Jaguaribe, Abernéssia, Viola, Fracalanza, Sanatórios e Vila Albertina (Nova Portal). Todas as estações se localizam dentro de Campos do Jordão.
Para este trecho é prevista a reforma de 11 estações, sendo que sete delas serão operacionais. Um novo pátio deverá ser implantado em Portal.
Serão realizadas reformas da via permanente e implantados sete novos pontos de ultrapassagem. Sistemas de alimentação, rede aérea e sinalização deverão ser implantados.
Em termos de material rodante, serão realizadas reformas de dois bondes para a operação deste trecho.
Melhorias trecho CD (Portal – Eugenio Lefévre)
O trecho CD tem extensão total de 12,4 km, sendo composto pelas estações Portal, São Cristóvão, Toriba, Cacique, Gavião Gonzaga, Tanaka, Renópolis, Pagé e Eugênio Lefévre. Atende aos municípios de Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal e Pindamonhangaba.
Estão previstas a reforma das paradas deste trecho, sendo que quatro delas serão operacionais. Para a reforma da via permanente está prevista a implantação de cinco pontos de ultrapassagem em estações estratégicas.
O trecho deverá contar com duas locomotivas a cremalheira e quatro novos carros de passageiros para o novo trecho turístico. Também deverão ocorrer melhorias em eletrificação, sinalização e controle.

Demais melhorias
A concessionária também deverá realizar a reforma de um terceiro bonde e de uma locomotiva a vapor. A proposta é de que estes itens sejam os primeiros a serem entregues como forma de gerar receitas nos primeiros anos de operação.
Será de responsabilidade da nova empresa a gestão do PRAC (Parque Reino das Águas Claras) e do patrimônio histórico existente na área da concessão da EFCJ.
Os trechos D, E, F e G, que contemplam o fim da descida da serra e o trecho de planície em Pindamonhangaba, não estão contemplados no CAPEX. O trecho é considerado investimento contingente e não tem previsão de ser reestruturado.

Serviços previstos
São previstos três serviços iniciais: Maria Fumaça (Campos do Jordão-Abernéssia), Turístico Curto (Campos do Jordão-Nova Portal) e Turístico Médio (Nova Portal-Eugênio Lefévre).
O primeiro terá extensão de 4 km e 42 minutos de duração (ida e volta expresso). Serão realizadas seis partidas por dia, sendo operado com uma locomotiva a vapor e dois carros de passageiros. A tarifa será de R$ 70,00.

O segundo terá extensão de 5,8 km com 60 minutos de duração e 18 partidas por dia. Será um serviço parador que utilizará os bondes elétricos A5, A6 e A7. A capacidade dos dois primeiros é de 32 passageiros e o último de 28 passageiros. A tarifa será de R$ 50,00.

O terceiro serviço é o mais longo, tendo 12,4 km de extensão e duração de 1h40min dentro do trem. Serão realizadas quatro partidas. Este serviço utilizará as locomotivas a cremalheira devido ao desnível da serra. Cada composição terá capacidade para 128 passageiros. A tarifa será de R$ 180,00.

Serviço Contingente
Estavam previstos outros três serviços ferroviários na EFCJ, sendo eles o Passeio Pinda (Vila Nair-Nova PRAC), Curto Parador Pinda (Vila Nair-Piracuama) e o Longo Expresso (Vila Nair-Nova Portal).
Os dois primeiros serviços utilizam litorinas, enquanto o último utilizaria cremalheira. Devido à maior exposição ao risco econômico-financeiro do projeto, optou-se por não incluir os serviços na concessão.

CAPEX e OPEX
O valor total de investimentos previstos é de R$ 402 milhões, sendo a maioria deles focalizados no trecho da serra, com mais de 50% dos custos. Os itens mais representativos são a reforma na via e a compra/restauração de material rodante.

O custo operacional da concessão ao longo dos anos é estimado em R$ 273,7 milhões em 24 anos. Somado aos valores de gestão do PRAC, pagamento de auditores, verificadores, seguros e contingências, o valor operacional sobe para R$ 369 milhões.

Critério de julgamento
O leilão da Estrada de Ferro Campos do Jordão vai considerar como critério de seleção a proponente que oferecer maior valor de outorga fixa, sendo o valor mínimo estabelecido em R$ 1,5 milhão.