Trens de carga devem deixar de compartilhar trilhos com linhas da CPTM entre Jundiaí e o ABC

Projeto de segregação das vias bancado pela operadora MRS pretende investir R$ 1,5 bilhão para melhorar escoamento de cargas e terá reflexos no transporte de passageiros
Projeto da MRS Logística prevê segregar trens de carga de composições de passageiros nas Linhas 10 e 7 da CPTM

Concessionária de carga que opera entre as cidades de Jundiaí e Santos, a MRS Logística apresentou um projeto de segregação de vias de R$ 1,5 bilhão em reunião com prefeitos do ABC Paulista nesta semana – a informação foi divulgada pelo jornal Diário do Grande ABC.

Pelos planos da MRS, os trens de carga passariam a utilizar trilhos exclusivos em quase todo o percurso que hoje encontra-se dividido com as linhas 7-Rubi e 10-Turquesa, da CPTM. Apenas o trecho central, de 8 km entre Barra Funda e Mooca, continuaria a ser compartilhado. Na região, a faixa de domínio é bastante restrita e em tese não permitiria a instalação de mais trilhos sem fossem necessárias desapropriações de vulto.

Segundo afirmou José Roberto Lourenço, gerente de relações institucionais da MRS ao jornal, “O trem de carga, para passar de Jundiaí até Santos, gasta quase um dia. A gente gastaria oito horas. O período de um dia é devido ao gargalo. Tem que ir dividindo o trem, parando o trem, lidar com questão de horários. Hoje a gente trabalha 12 horas por dia para não trabalhar no horário de pico da CPTM, que é das 4h às 9h e das 16h às 21h. É o horário que só o trem de passageiro anda na linha”.

A segregação abriria espaço para melhoria do serviço para passageiros, em linha com a intenção do governo de ampliar e modernizar os dois ramais da CPTM. Por trás da iniciativa está a renovação do contrato de concessão negociada com o governo federal. Prestes a vencer em 2026, a concessão deverá ser ampliada até 2056 desde que a MRS aceite investir uma soma significativa nas áreas sobre sua responsabilidade. Após decisão do TCU, o Ministério da Infraestrutura já pode autorizar a extensão desses contratos com as atuais operadoras de carga.

Ao segregar o trecho que hoje é usado também pela Linha 7-Rubi entre Jundiaí e Barra Funda, a MRS também permitirá a implementação do Trem Intercidades, projeto de concessão que o governo do estado está finalizando a modelagem da licitação e que deve ser leiloado em 2021. Assim como a Rumo, que controla o trecho entre Jundiaí e Americana, a MRS também precisa liberar as vias para que seja possível ter trilhos exclusivos para o trem expresso.

Locomotiva elétrica da MRS é usada para levar os trens pela cremalheira da Serra do Mar (MRS)

Trem regional para Santos

O investimento da MRS, no entanto, não envolve a segregação das vias de carga entre Rio Grande da Serra e Santos, futura parte do trajeto do Trem Intercidades que deverá ligar a capital paulista à Baixada Santista. Tido como um dos próximos projetos da gestão Doria, o serviço de trens expressos esbarra na dificuldade técnica da operação na Serra do Mar. Atualmente, os trens de carga utilizam o sistema de cremalheira, com cerca de 10 km e que exige que as composições sejam levadas por uma locomotiva especial para vencer os 760 metros de altitude.

Ou seja, não se trata apenas de segregar trens de cargas dos de passageiros, mas sim de viabilizar uma forma eficiente de descer e subir a serra.

 

 

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12 comments
  1. Essa é uma notícia nem boa, e nem ruim, mas muito pelo contrário. No pior trecho como o maior gargalo vai continuar a mesma coisa, vão mexer e gastar pra manter a mesma coisa.
    Não deu pra se animar com o trecho de 8 km sem solução.

    1. Hoje os trens de carga da MRS usam 100 km das linhas 7 e 10 da CPTM para o transporte de cargas; com o projeto da MRS, os trens de carga passarão a usar apenas 8 km.

      Como uma futura queda de 92% no compartilhamento de linhas é a mesma coisa? A não ser que para você 100 km e 8 km sejam a mesma coisa.

      1. Uai, os trens de carga continuarão tendo que esperar a passagem dos trens de passageiros e os horários continuarão limitados

        Tem que fazer que nem em Suzano: segregação total, para que os trens de carga possam utilizar o trecho durante as 24 horas do dia, sem gargalo algum.

  2. Soluçao meia boca, já que o gargalo existente no centro vai continuar e para o trem de passageiros nada vai mudar a superlotaçao, demora, atrasos e quebras.
    Poderiam arrumar outra soluçao como fazer trilhos na bandeirantes e seguindo pela marginal pinheiros e descendo a serra por este trecho, já existe trilhos.

    1. E como os trens iriam atender ao pólo industrial e petroquímico do ABC? A solução da MRS atende a isso e a sua não.

      1. mimimi A sua solução não resolve o problema tb, senhor especialista arrogante.

        Enquanto tiver qualquer compatilhamento, os trens de carga continuarão com os horários limitados a passagem dos trens de passageiros.

    1. O ex-prefeito Kassab tinha um projeto para enterrar a linha férrea na Mooca, entre os viadutos Sâo Carlos e Radial leste, queria criar um parque linear no lugar, antes disso o ex-prefeito Celso Pitta tb teve a mesma idéia (trabalhei nesse projeto), idéia estúpida e idiota, ao invés de se gastar dinheiro enterrando-se linhas férreas deveriam empenhar esse dinheiro no aumento e manutenção
      da malha ferroviária…

  3. Já tive a oportunidade de falar, em outra página, que seria necessário entender bem esse projeto, pois creio que a segregação não será total. Digo isso por de ambos os lados da via férrea existem empresas que se valem dos serviços da MRS. Assim, a segregação além de ter que ser bem pensada, em alguns momentos poderia não estimular a utilização por novas empresas que porventura queiram se instalar no eixo “Santos-Jundiaí”, mas que esteja “do lado errado da via”. Claro, não nego que hoje existe mais um potencial de instalação de indústrias ao redor disso do que de fato a possibilidade, visto que muitos dos locais que abrigaram grandes galpões hoje se transformam em enormes condomínios.

    Assim, o que precisa ser feito seria um detalhamento dessa proposta. Mesmo sendo leigo no assunto, creio que o melhor caminho seria a segregação das linhas e não a total proibição de acesso. O eixo tem um potencial que foi esquecido por muitos e que ainda não é visto como caminho para incentivar ou manter indústrias ou redes de entrepostos na região metropolitana.

    Além do mais, como bem destacado no comentário do André Tenor, a solução é meia boca, pois não resolve o principal gargalo que existe na linha. Nos demais pontos há trechos que os trens de carga possuem espaço para aguardar manobra dos trens de passageiro, mas nesta região não.

    A ideia que existe (ou existiu) de aterramento da linha no eixo Lapa-Brás poderia viabilizar uma melhora significativa dos serviços, uma redistribuição enorme dos usuários, além de permitir uma exploração efetiva das estações a serem construídas, implicando numa efetiva revalorização da região central de São Paulo.

    Se me permitem e a quem tenha interesse, há um trabalho muito bem feito no seguinte endereço eletrônico:

    https://medium.com/trens-metropolitanos/por-que-o-enterramento-da-cptm-no-eixo-lapa-br%C3%A1s-%C3%A9-t%C3%A3o-importante-930230f865b

    É um projeto audacioso? Sem sombra de dúvidas, mas que apresentaria um ganho expressivo para a cidade e, futuramente, ao Estado, com essas linhas permitindo a realização de serviços de trens intercidades.

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