CPTM poderá recuperar trens de passageiros no estado mesmo após concessão de linhas

CPTM poderá planejar rede de trens regionais no futuro (Jean Carlos)
CPTM poderá planejar rede de trens regionais no futuro (Jean Carlos)

Perto de completar 32 anos de existência, a CPTM se depara com um dilema, sua possível extinção. No entanto, entre as hipóteses estudadas, estão uma nova missão.

Este artigo está baseado em uma das reuniões recentes que o presidente da CPTM, Pedro Moro, realizou com funcionários da empresa. Na conversa do programa “Fale com o P”, uma série de questões foram esclarecidas pelo executivo da estatal.

Um dos tópicos abordados foi o fim da CPTM. Com a concessão da Linha 7-Rubi a estatal terá a sua menor estrutura operacional ao longo de 32 anos.

A empresa foi fundada em 1992 e iniciou as operações em 1994 ,assumindo as linhas quatro da CBTU-SP. Com a futura concessão das linhas da Zona Leste, a abrangência da CPTM ficará cada vez menor.

Projeto engloba vários municípios cortados pela Linha 7-Rubi (Jean Carlos)
Linha 7-Rubi recentemente leiloada junto ao Trem Intercidades (Jean Carlos)

A esse respeito, os estudos para a concessão das linhas da Zona Leste estão em estágio avançado e, ainda em 2024, deverá ser apresentada a modelagem da concessão em consulta pública. A estimativa é de que o leilão seja realizado em 2025.

Dentro deste cronograma, estima-se que as linhas 11-Coral, 12-Safira e 13-Jade estejam sob nova gestão dentro de dois ou três anos, com operações privadas iniciando entre 2026 e 2027.

O que ainda pode dar fôlego para a existência da empresa é a Linha 10-Turquesa. Os estudos para a concessão deste trecho estão bastante defasados, apesar de o governo ter a intenção de efetivar o repasse para a iniciativa privada até 2025.

Concessão das Linhas 11, 12 e 13 da CPTM (Jean Carlos)
Concessão das Linhas 11, 12 e 13 da CPTM (Jean Carlos)

A extinção

Dentro deste contexto, a CPTM deixaria de ser uma empresa operadora. Teoricamente, sua estrutura técnica e operacional, sem razão de ser, seria dissolvida.

No entanto, há um cenário se desenhando em que o governo do estado possa reorganizar a CPTM e dar à empresa um novo papel, talvez tão nobre quanto o que atualmente exerce: reestruturar e recuperar a malha ferroviária de passageiros no estado de São Paulo.

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Segundo as discussões na reunião fechada aos funcionários da CPTM, o governo estuda em parceria com a consultoria do Banco Mundial uma reestruturação da CPTM e futuramente do Metrô, tendo em vista seu desmantelamento operacional, ou seja, no cenário onde todas as linhas são concedidas.

A proposta teria como foco não perder o valioso capital humano existente nas empresas. Tendo em vista as décadas de operação e atuação com uma rede sobre trilhos extremamente complexa é inegável dizer que os funcionários da CPTM possuem um nível de expertise único no Brasil. A perda desse potencial significaria uma queda técnica sem precedentes para a ferrovia em São Paulo.

Estações de integração da Linha 24-Arco Oeste (Jean Carlos)
Projeto da Linha 24-Quartzo em elaboração pela CPTM (Jean Carlos)

Um novo caminho

Diante disso, dois diferentes destinos são mostrados para o futuro da estatal. O primeiro deles seria atuar como agente regulador assim como ocorre com a EMTU, que atualmente faz a gestão do sistema dos ônibus metropolitanos.

Outro destino, como já mencionado, é a utilização da empresa como fomentadora da malha de trens regionais no estado. Conversas já estão sendo realizadas com a Secretaria de Logística, Secretaria dos Transportes Metropolitanos e com o Governo Federal.

Rede de trens regionais proposta em 2013 (CPTM)
Rede de trens regionais proposta em 2013 (CPTM)

As ideias iniciais partem do princípio de “estadualizar” a malha ociosa do governo federal, abandonada pelas concessionárias de carga, para permitir a implantação de novas rotas ferroviárias.

Neste cenário, talvez um dos mais otimistas que existem, o governo ainda preservaria a CPTM, dando-lhe um papel de importância elevada que é a recriação dos serviços ferroviários de passageiros pelo estado.

Apesar da proposta ainda estar no campos dos estudos e avaliações, o fato de estar sendo cogitada mostra que, até certo ponto, o governo reconhece a importância dos profissionais da CPTM para gestão da malha ferroviária.

Possivelmente, parte da empresa ainda poderia ter sobrevida, mas só o futuro poderá dizer o que serão dos profissionais que ficarem na estatal.

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