Linha 15-Prata chega aos 10 anos: veja 10 fatos sobre o monotrilho

Monotrilho completou 10 anos de operação (Jean Carlos)
Monotrilho completou 10 anos de operação (Jean Carlos)

A Linha 15-Prata do Metrô de São Paulo completou nesta sexta-feira, 30, seu 10º ano de operação. O primeiro monotrilho de São Paulo é um sistema de transporte de alta capacidade que traz consigo uma nova visão sobre a mobilidade sobre trilhos.

Apesar dos desafios, da torcida contra e do famoso lobby rodoviarista, o modal conseguiu se mostrar bem sucedido em diversos aspectos.

Para marcar a data, separamos 10 destaques sobre este modo diferenciado de se locomover por São Paulo:

1 – Monotrilho x Expresso Tiradentes

A Linha 15-Prata originalmente deveria ser construída como um BRT, sistema de ônibus rápidos de média capacidade. O Expresso Tiradentes, que hoje atende a região da estação Vila Prudente, deveria ter sido levado até a região de Cidade Tiradentes.

Expresso Tiradentes, pouco aproveitamento do espaço (Street View)
Expresso Tiradentes, pouco aproveitamento do espaço (Street View)

O governo do estado mudou os planos e implantou um modo de transporte inédito em São Paulo. Apesar de uma parcela significativa dos monotrilhos no mundo serem de média capacidade, a Linha 15-Prata foi concebida como sistema de alta demanda.

Esta decisão gerou uma série de efeitos positivos na mobilidade da Zona Leste da capital que não depende exclusivamente de meios de transporte poluentes e de baixa capacidade.

2 – Sistema mais rápido e de maior capacidade

Para se fazer um comparativo, o Expresso Tiradentes tem carregamento de 4,2 mil passageiros/km de linha implantada e velocidade máxima de 50 km/h.

O monotrilho da Linha 15-Prata tem mais do que o dobro da capacidade: são 9,5 mil passageiros/km de linha e velocidade máxima de 83 km/h.

O tempo de viagem também é menor. O passageiro que opta por utilizar o ônibus entre São Mateus e Vila Prudente gasta 45 minutos na viagem. Com o monotrilho a economia é maior, com uma viagem duas vezes mais rápida, de apenas 22 minutos de duração.

Enquanto um ônibus tem capacidade para no máximo 197 lugares (biarticulado) o monotrilho tem pelo menos cinco vezes mais capacidade. Se considerar os veículos utilizados em São Paulo, a diferença é ainda maior.

Monotrilho carrega 5 vezes mais do que ônibus tradicional (Jean Carlos)
Monotrilho carrega 5 vezes mais do que ônibus tradicional (Jean Carlos)

O Guia TPC elaborado pelo BNDES aponta ainda outros pontos relevantes como capacidade de transporte que pode chegar a 48 mil passageiros/h/sentido. O BRT-ABC, modo de transporte de média capacidade, deverá ter pouco menos da metade disso, cerca de 15 mil pass/h/s.

Observa-se que, no quesito capacidade, o monotrilho vale pelo menos por três sistemas de BRT convencionais como o que substituiu a Linha 18-Bronze.

Diferença entre sistemas de média capacidade e alta capacidade (BNDES)
Diferença entre sistemas de média capacidade e alta capacidade (BNDES)

3 – Aceitação do público

A aceitação do monotrilho perante a sociedade, ao contrário do alardeado, é bastante elevada, sendo maior do que a média do sistema metroviário.

Enquanto a rede operada pelo Metrô obteve avaliação de 65% de bom e ótimo em pesquisa de opinião, a Linha 15-Prata obteve 70% de aprovação, perdendo apenas para a Linha 2-Verde.

Em anos anteriores o ramal chegou a registrar avaliação recorde de 78%, a maior da série histórica de 10 anos.

Avaliação da Linha 15-Prata acima da média (CMSP)
Avaliação da Linha 15-Prata acima da média (CMSP)

4- Demanda crescente

O fato da Linha 15-Prata ser bem avaliada influencia também no contínuo aumento de demanda do modal. Em levantamento realizado pelo site, o monotrilho chegou a transportar cerca de 100 mil passageiros em janeiro de 2020.

Hoje o serviço transporta de forma segura mais de 140 mil passageiros, um aumento de 40%. A tendência é de ampliação da demanda com as futuras expansões, redução de intervalo e desenvolvimento local.

5 – Maior segurança, menor poluição

Um dos trunfos do transporte sobre trilhos, que inclui o monotrilho, é a quantidade de benefícios ambientais que o modal apresenta. Nada de fumaça, diesel e barulho. O monotrilho é movido a energia limpa e produz pouco ruído.

Em termos de segurança o monotrilho mostra suas vantagens. Não é raro ouvir sobre acidentes na Avenida Luiz Ignácio de Anhaia Mello. Ou mesmo os alagamentos que atingem a região.

O monotrilho, por ser um sistema segregado e em via elevada, diminui consideravelmente o risco de ocorrências. Até hoje nenhum passageiro se acidentou no modal que opera a 15 metros de altura.

Linha 15-Prata: Sem interferência e menor risco de acidente (Jean Carlos)
Linha 15-Prata: Sem interferência e menor risco de acidente (Jean Carlos)

6 – Corredor verde e ciclovia

Corredor Verde. O nome até pode remeter a um programa ambiental de um corredor de trólebus que, ironicamente, utiliza ônibus diesel. Mas não, essa é uma iniciativa do monotrilho da Linha 15-Prata.

O projeto “Corredor Verde da Linha 15-Prata” foi premiado no Parque da Mobilidade Urbana como menção honrosa dentro das iniciativas públicas em favor de uma mobilidade sustentável.

Sistema verde, sustentável e que incentiva a mobilidade de baixo carbono (Street View)
Sistema verde, sustentável e que incentiva a mobilidade de baixo carbono (Street View)

Ao contrário de sistemas de ônibus como o Corredor ABD, o monotrilho permite que os cidadãos desfrutem de um caminho cicloviário integrado às estações que também contam com bicicletários.

Os canteiros centrais também são ajardinados contribuindo para o meio ambiente e propiciando espaços de drenagem natural.

7 – Sistema inteligente

O sistema de monotrilho pode ser considerado inteligente. Os trens são equipados com o sistema de sinalização CBTC que permite a redução dos intervalos e da distância entre os trens de forma segura.

As composições hoje tem a capacidade de operarem de forma autônoma, sem a presença de condutores. Tudo é supervisionado diretamente do Centro de Controle Operacional.

O monotrilho é um sistema tão moderno quanto o metrô tradicional, capaz de imprimir intervalos de até 75 segundos nos horários de maior movimento.

Consoles de sinalização e monitoramento dos trens e sistemas no CCO da Linha 15-Prata (Jean Carlos)
Linha 15-Prata é monitorada constantemente (Jean Carlos)

8 – Integração gratuita ao sistema metroferrovário

A integração é um fator importante. Quem precisa usar o sistema rodoviário de transporte precisa pagar uma tarifa com desconto para acessar o sistema sobre trilhos.

Eis uma vantagem importante do monotrilho: a integração com a rede metroferroviária é totalmente gratuita. Atualmente os passageiros podem seguir para a Linha 2-Verde, mas no futuro novas integrações poderão surgir na Linha 10-Turquesa, 14-Onix e 16-Violeta.

Integração gratuita na Linha 15-Prata (Jean Carlos)
Integração gratuita na Linha 15-Prata (Jean Carlos)

9 – Benefícios externos

Os benefícios externos são aqueles que ocorrem fora do sistema de transporte propriamente dito. Um dos mais evidentes é a revitalização do eixo das avenidas em que foi implantado.

E isso não se refere apenas ao pavimento, mas a iluminação pública e calçadas. O entorno das estações são ambientes valorizados comparados a situação antiga onde havia apenas ônibus.

A construção de novos edifícios também é outro fator evidente. Diversos conjuntos habitacionais estão em construção no eixo do monotrilho, atraindo ainda mais pessoas para a região.

Redes de comércio, serviços e outros também foram inauguradas na região, gerando empregos. O monotrilho trouxe benefícios que corredores de ônibus não conseguiram ou em alguns casos tornaram seu entorno mais degradado.

Novos edifícios ao redor da Linha 15-Prata (Jean Carlos)
Novos edifícios ao redor da Linha 15-Prata (Jean Carlos)

10 – Expansão futura e potencial

O monotrilho da Linha 15-Prata tem seguido em sua expansão a despeito de algumas gestões não o levarem tão a sério. Atualmente está em curso a expansão do ramal para a zona leste, chegando à Estação Jacú Pêssego.

Na parte oeste o monotrilho está sendo prolongado para a Estação Ipiranga, onde fará integração com a Linha 15-Prata. A nova estação inclusive terá características sustentáveis, algo ainda não visto em sistemas do tipo BRT.

Os números mostram isso de forma clara. Segundo o relatório integrado do Metrô 2023 estão previstas a redução de 182 toneladas de poluentes por ano. 20,8 mil toneladas de gases do efeito estufa e uma economia de quase 10 milhões de litros de combustível por ano.

Nova estação também dará acesso à Linha 10-Turquesa
Nova estação também dará acesso à Linha 10-Turquesa

A expansão futura para a Estação Hospital Cidade Tiradentes é aguardada com muita expectativa, o que mostra a confiança da população com este meio de transporte, que mesmo parcialmente implantado já mostra grandes benefícios.

Os estudos do Metrô mostram que quando a linha for concluída ela beneficiará 550 mil passageiros por dia.

Expansão da Linha 15 (CMSP)
Expansão da Linha 15 (CMSP)

Conclusão

Apesar de críticas por parte da grande mídia e “especialistas” muitas vezes ligados a lobbies rodoviários que insistem numa campanha de desinformação constante para validar a implantação de modos de menor capacidade, o monotrilho, por si só, mostra sua eficiência como meio de mobilidade urbana.

O sistema, pelo seu ineditismo, passou por diversas turbulências motivadas mais por falta de planejamento e desconhecimento da tecnologia do que pelo modal em si, mas que colocaram sua credibilidade em xeque.

Tal situação, porém, está sendo contornada pelos profissionais do Metrô de São Paulo, da fabricante e das empresas responsáveis pela implantação.

Não existe sistema isento de falha, mas a superação dessas falhas gera confiabilidade, tanto em termos técnicos como em termos de avaliação da população.

Apostar no monotrilho é apostar no novo. É sair da caixa dos modos tradicionais e, contra toda a resistência e lobby de setores míopes, construir por excelência sua reputação perante a sociedade.

Caberá aos futuros gestores públicos enxergar o enorme aprendizado em curso e diversos sistemas em implantação no mundo para reavaliar o modal e aproveitar o potencial em novos projetos.

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