Linha 16-Violeta será ao menos R$ 4,7 bilhões mais barata nas mãos privadas, diz Acciona

Cálculo foi apresentado pela construtora para justificar a manifestação de interesse pelo ramal metroviário com 17 km e que terá chamamento público em novembro

Linha 16-Violeta
Linha 16-Violeta

A Linha 16-Violeta de metrô poderá custar aos cofres públicos em valores atuais cerca de R$ 16 bilhões contra mais de R$ 20,6 bilhões se fosse contratada pelo método tradicional, em que o Metrô licita os lotes das obras civis e sistemas e a própria empresa pública a opera.

Trata-se, portanto, de uma economia de R$ 4,7 bilhões, ou até mais, se for considerado um outro cálculo também recebido pelo governo (veja no final do texto)

A informação, obtida pelo site, consta de uma planilha produzida pela construtora Acciona e que serviu como um dos argumentos para que a Linha 16 fosse habilitada no rol de investimentos previstos pelo governo Tarcísio de Freitas (Republicanos).

O dado é baseado no chamado “Valor Presente Líquido” (VPL), um cálculo que traz para o cenário atual o saldo de investimentos, receitas e despesas durante o período previsto de concessão, nesse caso, de 30 anos.

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Para chegar aos valores, a Acciona estimou tanto o cenário tradicional quanto o de concessão do tipo PPP mista, em que a gestão pública arca com parte do investimento.

A rigor, o custo total mostrado na planilha mostra a opção estatal com um valor de R$ 28,4 bilhões enquanto a opção privada chega a R$ 43,7 bilhões. Porém, ao aplicar a taxa de desconto de 9,6% em ambos os casos, o VPL chega a R$ 20,6 bilhões e R$ 15,95 bilhões, respectivamente (veja quadro com os detalhes).

As duas tabelas comparativas apresentadas pela Acciona ao governo e que mostram a vantajosidade do modelo de concessõa perante o público
As duas tabelas comparativas com dados apresentados pela Acciona ao governo e que mostram a vantajosidade do modelo de concessõa perante o público

Nesse sentido, enquanto no modelo público há a entrada de R$ 3,1 bilhões em receitas tarifárias, também existe o pesado custo de construção, de mais de R$ 18,4 bilhões, e o custo de operação, que praticamente zera os ganhos. Por outro lado, o governo não paga impostos, o que é previsto na concessão.

O modelo privado, por sua vez, exige um aporte público de R$ 9,3 bilhões (45% do valor da obra) além de contraprestações a partir do início da operação, no 9º ano de concessão, que somadas chegam a R$ 10 bilhões – sempre observando se tratar do VPL e não dos valores nominais por ano.

O cálculo da Acciona abate também um valor de R$ 3,45 bilhões de impostos recolhidos para o estado e R$ 31,3 milhões de outorga, além de cobrar do governo um reembolso de R$ 41,2 milhões pelos estudos do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI), que será lançado em breve.

Traçado da Linha 16-Violeta sugerido pela Acciona (Jean Carlos)
Traçado da Linha 16-Violeta sugerido pela Acciona (Jean Carlos)

Dados diferentes

Segundo documento enviado pela Acciona ao governo, “a explicação para esse resultado se deve ao fato de que a obra contratada via Lei 8.666/93 (contratação por licitação) é mais onerosa e menos eficiente.

A nota técnica da Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), que analisou os dados e recomendou a aprovação da Manifestação de Interesse Privado (MIP), acrescentou que “diante das premissas acima elencadas, pode-se considerar que ao longos dos estudos haverá espaço para conferir maior vantajosidade à parceria“.

Curiosamente, as informações enviadas pela Acciona e que justificaram a aprovação do pedido trazem dados diferentes sobre o Valor Presente Líquido.

Enquanto a empresa cita no texto a economia de R$ 4,7 bilhões, uma tabela mostra um cenário ainda mais positivo, com um custo R$ 6 bilhões mais baixo para os cofres do estado.

Trajeto da Linha 16-Violeta proposto pela Acciona
Trajeto da Linha 16-Violeta proposto pela Acciona

Chamamento público em novembro

A Linha 16-Violeta deverá ligar em seu projeto final a estação Oscar Freire, no Jardim Paulistano, até Cidade Tiradentes, na Zona Leste, perfazendo uma extensão de cerca de 32 km e 25 estações.

No entanto, a Acciona propõe um trecho prioritário com 17 km e 16 estações entre Oscar Freire e a estação Abel Ferreira, a primeira após a conexão com a Linha 2-Verde em Anália Franco.

O trajeto também segue mais ao sul na região central da capital, atendendo a quatro parques públicos. É esperado uma demanda diária de 600 mil passageiros quando o ramal estivesse em operação.

Numa projeção otimista, isso poderia ocorrer em 2035 caso o contrato de concessão seja assinado em 2026, como planeja o governo.

O próximo passo do projeto é a publicação do Chamamento Público em novembro, quando outros possíveis interessados também poderão apresentar-se e realizados os estudos preliminares.

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Bruno Ventura
Bruno Ventura
8 meses atrás

Nossa, quem diria que encurtar uma linha e impedir que ela chegue à periferia vai deixar a construção mais barata. kkkkkkkkkkk
É inacreditável o estado se curvar a uma empresa privada dessa forma e alterar o planejamento de uma linha por questões puramente financeiras. E o pobre que mora em Cidade Tiradentes que se lasque sem metrô.

Ivo
Ivo
8 meses atrás
Responder para  Bruno Ventura

Nenhum estudo do metrô indicou demanda de metrô na Cidade Tiradentes. Essa proposta de linha 16 lá foi puramente eleitoreira.

Guile
Guile
8 meses atrás
Responder para  Ivo

o especialista Ivo, como sempre , soltando suas pérolas.

a linha 16 tem um estudo de mais de 1000 páginas feito por 95 profissionais do metrô.

simplesmente foi jogado no lixo esse trabalho.

vc poderia argumentar com dados técnicos para discordar, mas sempre vem com o discurso de que é eleitoreiro

Ivo
Ivo
8 meses atrás
Responder para  Guile

Um estudo que contraria 50 anos de estudos anteriores do mesmo Metrô.

É curioso como alguns defendem cegamente a Cia. do Metropolitano.

Mickey
Mickey
8 meses atrás
Responder para  Ivo

Qual contrariação é essa Ivo? Explique

Ivo
Ivo
8 meses atrás
Responder para  Ivo

O Plano Integrado “PITU 2040” disponível no site da Secretaria dos Transportes Metropolitanos não apresenta nenhuma linha de metrô na Cidade Tiradentes além da Linha 15 (Produto 34 – Consolidação da Alternativa Selecionada) .

Segundo a análise da demanda da Linha 15 (considerando a Linha 15 Ipiranga- Cid. Tiradentes), seu carregamento não alcança 40 mil passageiros nem em 2040 (ano limite do estudo). Essa informação está no Produto 34 – Consolidação da Alternativa Selecionada.

No Produto 31 – Simulação e Avaliação das Estratégias Alternativas, a Linha 16 foi descartada para implantação antes da década de 2040.

Será que os técnicos do Metrô, CPTM, EMTU, SPTrans e da Secretaria de Transportes Metropolitanos estão errados em um plano que projeta a rede de transporte público da Grande São Paulo até o horizonte 2040?

Mickey
Mickey
8 meses atrás
Responder para  Ivo

Só complementando vc Victor, Cidade Tiradentes é um dos distritos mais populosos da zona leste, e segundo os estudos do Metrô a estação da Linha 16 – Violeta teria uma demanda de cerca de 70 mim pessoas

Cleber Matheus
Cleber Matheus
8 meses atrás
Responder para  Bruno Ventura

É só o governo colocar com uma segunda fase ou forçar a empresa vencedora levar o metrô até a Cidade Tiradentes.

João Carlos
João Carlos
8 meses atrás
Responder para  Cleber Matheus

Boa! aí lá se vai toda a suposta economia kkkk

Marco
Marco
8 meses atrás

Precisam esticar uma estação após Oscar Freire e chegar em Teodoro Sampaio, onde as linhas 20 – Rosa e 22 -Marrom estarão também.

João Carlos
João Carlos
8 meses atrás

vai ser mais barato sim, pode acreditar kkkkkk

Fabio
Fabio
8 meses atrás

Nessa primeira fase o governo devia exigir que a linha fosse ao menos até a estação Rio das Pedras, ao lado da Avenida Aricanduva, para se interligar com o “provavel” BRT que vai passar ali.

Ed
Ed
8 meses atrás

4 bi mais barato, mas com custo de passageiro/km 4 vezes mais caro, como as outras linhas privads. É, parece um bom negócio mesmo, só que não.

JTN
JTN
8 meses atrás

por isso que tá mais barato , sumiu várias estações até Cid Tiradentes…

Mickey
Mickey
8 meses atrás
Responder para  JTN

Sumiram 9 estações ao todos, e também algumas tecnologias q seriam usadas. A linha 16 seria um projeto inovador utilizando um mega-tatuzão a deixando com 4 vias, agora vai ser só uma linha como qlqr outra

Alvin Rodrigues
Alvin Rodrigues
8 meses atrás

e no final o governo vai pagar a mesma coisa ou mais pra iniciativa privada. sem falar que o lucro é a retirada das estações da periferia que são as que mais precisam.

Sylvio
Sylvio
8 meses atrás

Essa linha podia ir além da Oscar Freire, passando quem sabe pelo Sumaré (de onde partira um dia quem sabe uma linha para Cotia) e/ou até a Barra Funda. Aí sim teríamos uma rede mais eficiente.

James
James
8 meses atrás

É verdade esse bilhete…rsrs

Não existe isso de uma linha ficar R$ 5 bilhões mais barata. O papel aceita tudo. Na prática, haja reequilíbrio financeiro… Para uma linha ser mais barata, a empresa construtora deverá economizar em tudo o possível, porém o resultado lá na frente, todos saberemos…

O problema é que essa proposta da Acciona enterrar todo o planejamento que o Metrô para a linha, ou seja, o governo está deixando um ente privado planejar para ele.