Metrô de SP teria barrado solução para portas de plataforma na Linha 5-Lilás, diz reportagem
Segundo informações fornecidas à TV Globo, ViaMobilidade já alertava sobre riscos ao passageiros desde 2022, mas estatal não tomou providências

Reportagem da TV Globo nesta quinta-feira, 8, revelou que a ViaMobilidade já havia manifestado preocupações quanto aos riscos que passageiros corriam com a situação das portas de passageiros na Linha 5-Lilás.
Segundo documentos obtidos pelo jornal SP2, a concessionária pretendia instalar borrachões no vão entre o trem e as fachadas para impedir que usuários pudessem permanecer ali sem serem detectados. Na quarta-feira, um passageiro morreu após ficar prensado na estação Campo Limpo.
A ViaMobilidade teria solicitado ao Metrô autorização para levar à frente o projeto, mas a estatal, que projeto o ramal e também contratou os fornecedores das portas, teria preferido resolver o assunto internamente.
As portas de plataforma foram fabricadas e instaladas dentro de um contrato assinado com a empresa canadense Bombardier que também inclui o sistema de sinalização CBTC.

O projeto, no entanto, levou muitos anos para ser implementado, em meio a diversos problemas, incluindo o afastamento de empresas terceirizadas contratadas pela Bombardier – a divisão ferroviária foi vendida para a Alstom anos atrás.
Ainda de acordo com a reportagem, a ViaMobilidade chegou a realizar um teste com as barras de borracha na estação Capão Redondo e houve uma reunião em novembro de 2024 para decidir pelo avanço do projeto, mas o Metrô não compareceu.
A Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI), que assumiu as concessões do estado na época, teria demonstrado preocupação com ‘a morosidade do Metrô’ e com a ‘inércia em apresentar ações possíveis’.
A concessionária, por sua vez, tentou assumir a responsabilidade pelo trabalho considerando um abatimento nos valores da concessão, porém, o Metrô preferiu estudar uma solução junto à fornecedora.

No momento, o Metrô planeja receber as barras até outubro e então repassá-las à ViaMobilidade. A concessionária afirmou que pretende instalá-las até fevereiro de 2026.
Em nota ao SP2, o Metrô afirmou que a implentação do equipamento não é simples, mas que irá buscar acelerar uma solução e que cobrará a fornecedora para adiantar o cronograma.
Não há um padrão de portas de plataforma. Esse é o problema. A Companhia do Metropolitano que adora padronizar equipamentos, não se importou em fazer isso com as portas de plataforma, limitando-se a adquirir o que o mercado oferece.
De boas intenções o inferno está cheio. A ViaMorbidade lida com milhões de passageiros por dia há sete anos. O problema com as portas de plataforma já estava diagnosticado há muito tempo, inclusive com o indicativo de potencial fatalidade. Agora que a previsão anunciada se realiza, vem a público pôr culpa no Metrô? Que empresa é responsável pela administração da Linha 5-Lilás desde 2018? A segurança dos passageiros não é motivo para a nova Mo(r)tiva, após diagnosticar riscos, investir em sua mitigação urgente? A resposta é não. Sonoramente não. A ViaMorbidade é uma empresa privada, cujo sentido único é gerar lucros para seus acionistas. Investimentos fora do contrato, ainda que fundamentais para a segurança das pessoas que são transportadas, tiram percentuais desse lucro para os acionistas. Tudo sob a conivência do governo do Estado, grande amigo dos capitalistas.
É tão difícil você entender a diferença de uma “concessão” para uma “venda”? O dono da linha ainda é o Metrô, quem contratou a Bombardier e implantou as PSD foi o Metrô e quem ainda precisa autorizar os “inquilinos” que tipo de alterações podem fazer ou não na infraestrutura é o Metrô. Justamente para no fim da concessão você não aparecer reclamando que a empresa privada modificou toda a estrutura que o Metrô construiu e devolveu a linha 5 para o Estado diferente do que recebeu.