Metrô fará ‘cabine postiça’ para operadores nos trens da Linha 15-Prata, segundo sindicato

Composições Innovia 300 foram projetadas para operação totalmente automatizadas, dispensando a presença de condutores, mas companhia tem mantido funcionário na parte frontal do monotrilho
Funcionário do Metrô em área isolada em frente ao painel do trem Innovia 300 (Jean Carlos)

Os trens de monotrilho Innovia 300, fabricados pela Bombardier (hoje Alstom) para a Linha 15-Prata, guardam inúmeras semelhanças com a frota de composições da Linha 4-Amarela, produzidas pela sul-coreana Hyundai-Rotem.

São unidades com ar-condicionado, passagem livre entre os vagões, vários equipamentos modernos e que operam pelo sistema CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação), considerado o mais seguro e eficiente do mercado.

Além disso, são trens desenvolvidos para atender ao chamado padrão GoA4 de automação, que é o mais alto nível existente na indústria. Em outras palavras, tanto o Innovia 300 quanto o trem coreano podem operar de forma automática, sem a necessidade de um operador a bordo.

É por essa razão que eles não possuem cabine de comando, apenas um painel mais compacto, mantido inacessível por um anteparo e só usado em situações específicas.

Parte frontal do trem Hyundai Rotem da Linha 4: sem necessidade de operador (Jean Carlos)

A Linha 4 e a Linha 15, no entanto, têm uma grande diferença: enquanto a ViaQuatro coloca em prática o GoA4, o Metrô de São Paulo decidiu manter um funcionário à frente do painel, isolando o acesso dos passageiros à essa parte do vagão.

Para criar algum espaço de trabalho, a companhia do estado improvisou ‘cinturões’ que delimitam a área. A solução provisória, entretanto, não agrada o Sindicato dos Metroviários, que pleiteia a instalação de uma cabine nos trens. Em ambos os casos, trata-se de um contrassenso já que as características do projeto têm como objetivo dispensar a presença de funncionários nesse local.

Cabine postiça

Enquanto o impasse não é resolvido, o sindicato revelou recentemente que, após uma reunião com a direção do Metrô, foi estabelecido que os trens Innovia 300 ganharão divisórias móveis, uma espécie de “cabine postiça”.

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A situação é no mínimo surreal já que a companhia investiu em um sistema de controle de trens tão moderno que pode operar de forma segura a partir do Centro de Controle Operacional. Mas por razões nunca esclarecidas, o CBTC fornecido pela Alstom/Bombardier não está sendo usado como projetado.

É uma situação oposta ao que ocorre na recém inaugurada linha de monotrilho da cidade de Bangkok, na Tailândia. Lá, a mesma Alstom forneceu os trens Innovia 300 e o sistema de sinalização semelhante da Linha 15 e não há “operador” dentro do trem.

O trem Innovia 300 do metrô de Bangkok, que começou a operar em junho: sem operador a bordo (Alstom)

Por que funciona do outro lado do mundo e não em São Paulo é um mistério, mas para o sindicato da categoria o sistema CBTC é obviamente uma ameaça já que elimina cargos. Não é por menos que a entidade tem uma reinvidicação óbvia, a instalação de cabines nos trens de monotrilho e a contratação de mais funcionários, considerados por ela mais capazes do que algoritmos e hardware.

A crescente automação e o uso de inteligência artificial, entretanto, têm sido uma tendência em toda a indústria, e isso leva a crer que é apenas uma questão de tempo para que os sistemas sobre trilhos funcionem sem a intervenção humana, goste-se da ideia ou não.

Enquanto isso não ocorre, ao menos os trens da Linha 15 devem circular com seus novos ‘puxadinhos’.

Nota do editor: o site tentou ouvir o Metrô sobre a solução acertada com o sindicato e aguarda retorno da assessoria de imprensa.

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26 comments
  1. são por coisas assim que torço pela privatização de todas as linhas restantes, sindicato dos metroviarios e funças são um câncer.

  2. tudo pra atender essa corja de sindicalistas que defendem empregos ultrapassados, assimo como cobradores de onibus….lamentável

    PRIVATIZA JÁ !!!

  3. Não sei não, mas se com operadores esse modal já enfrenta diversos problemas. Não duvidaria que alguma coisa grave aconteceria lá em cima com operação automática. O modal já tem quase dez anos de funcionamento e aparece um problema atrás do outro. Não acho que as deficiências são somente por parte dos funcionários. O jornal do ônibus diário dos transporte faz uma folha imensa de todos os problemas.

    1. Não dá para confiar numa fonte que diz que o BRT-ABC é a melhor solução em relação à Linha 18 Bronze e/ou sistema metroviário. O problema não está no modal, e sim nas gestões desastrosas do PSDB que priorizaram a roubalheira juntamente com a Bombardier/Alstom, que seria uma empresa expulsa do país se aqui fosse um país sério.

  4. continuem mantendo operadores mesmo… já que as 2 batidas ocorridas no monotrilho não foram por culpa dos operadores (ironia).. sendo que um deles estava até no celular no momento da colisão… e sim do sistema CBTC né… é um bando de parasitas mesmo viu… que retrocesso!

  5. O CBTC da linha 15 é tão bom, que os trens colidem também de forma autônoma. Viva ao progresso dos algoritmos e “inteligência” artificial!

    Enquanto o sistema não for seguro, deve haver operadores SIM! Eu me sinto muito mais seguro com funcionários embarcados, do que trens sem tripulação.

    1. Exatamente Felipe, eu havia falado isso num comentário acima, podemos ver no video do momento da batida, q o trem estava andando sozinho

  6. Os trens da Linha 4-Amarela possuem CBTC mas não ficam desassistidos. Existe um funcionário que é segurança/atendente/operador dentro da composição, isso é futuro pra vocês?

    Isso é escravidão moderna, onde o funcionário é um FAZ TUDO, fica horas dentro do trem, em pé, sem poder sentar um único minuto.

    Até os trens da linha amarela deveriam ter cabine! Porque já dizia o ditado popular “pimenta no popô dos outros é refresco”.

  7. Concordo que é um retrocesso pagar por um sistema autônomo e não usufruir desse benefício, algo de errado não está certo nesse contrato ou a confiança da Companhia no sistema não é total, continua errado.

    Por outro lado, as colisões são um ponto de alerta significativo, o que reforça que a Cia está correta em manter alguém lá dentro, mas se vai ter operador ele tem que operar e supervisionar o sistema, se é pra deixar um palhaço decorativo pra colocar a culpa quando o automatismo falha, melhor não colocar.

    Tem mais uma coisa que ninguém percebe, na L15 não tem pedinte nem ambulante, coisa extraordinária pra zona leste, será que isso não tem a ver com a presença constante de um funcionário?

    Sindicatos e funcionários vão fazer o que eles devem fazer, manter empregos e pedir mais benefícios, é o trabalho deles. Nem questiono, cada um com seu qual. Duvido que qualquer um que pudesse manter seu bom emprego não lutaria por isso.

  8. Felipe A., falou tudo! Concordo plenamente contigo!

    E digo mais: geralmente, quem é tão contra funcionário público é quem queria ser um deles, mas nunca conseguiu passar em um concurso público.
    (Obs.: eu NÃO sou funcionário público).

    Enfim, seja lá por quais motivos, se for para continuar com funcionário do Metrô dentro do trem do monotrilho, melhor que seja dentro de uma cabine, e não no mesmo espaço dos passageiros.

  9. Caramba, o Bostil é um país que nunca falha em te impressionar negativamente. Os caras ao invés de resolver de vez as pendências de sinalização, anunciam que vão criar cabines para operadores que nem deveriam estar lá. Minha nossa, mas será que não tem uma semana se quer sem algum absurdo acontecendo nesse lugar?!

  10. Bom dia, tudo bem? Sempre acompanho o blog e os comentários,mas hoje será a primeira vez que vou me manifestar pois não aguento mais tamanha desinformação de todo mundo.

    Não procede a informação de que a Linha 4- Amarela trabalha no padrão GoA4 sem a presença de um funcionário dentro da composição,acredito que o autor da reportagem não utilize a linha diariamente.

    Sempre tem funcionários embarcados na L4. Tratam-se de seguranças uniformizados habilitados para condução e resolução de falhas de trem em caso de necessidade e ficam a postos em qualquer ponto da composição,não apenas na região do console de operação e também desempenham a função de segurança operacional para atender ocorrências com passageiros. (trabalham com acúmulo de função). Por maior e eficiente que seja o automatismo ,os equipamentos falham e podem parar a qualquer momento em qualquer trecho da linha.

    Imagina a situação de um trem travar no meio do túnel e não ter um funcionário embarcado na composição para auxiliar na resolução da falha do trem e em eventual evacuação entre estações? A situação no mínimo demandará maior tempo pra ser resolvida.

    E se acontecer algo no monotrilho da Linha 15 (como já aconteceu de tudo), a evacuação (situação extrema) é realizada com ajuda do corpo de bombeiros,não existe segurança para se trafegar na passarela de emergência. Por esses e outros um milhão de motivos (que nem o blog e um usuário comum sabem) a presença de um funcionário,de um operador de trem é essencial. Trata se de uma questão muito mais técnica e não apenas política. Não é preciso ser um gênio e nem bem informado pra saber que precisa e sempre precisará de alguém no interior da composição, até por questão de legislação (avcb)

    Por fim, lamento muito preconceito e ódio com quem é concursado , isso deveria ser combatido por todos. O transporte por ônibus que é privado adere a greve e paralisações e não se vê a mesma quantidade de comentários pejorativos. As condições de trabalho estão cada vez piores para todo mundo e o que se vê é trabalhador defendendo a precarização e aceitando isso. É muito triste.

    1. Oi João, tudo, e com você? Sim, já andamos bastante na Linha 4 assim como outros sistemas com nível de automação GoA4. Desculpe por discordar, mas não considero desinformação. Ter um funcionário a bordo do trem é uma coisa, colocar uma cabine ou um operador em uma composição que funciona por UTO (Unattended Train Operation/Operação de Trem não assistida) é outra completamente diferente. Sua justificativa, inclusive, faz sentido: funcionários devem circular por trens e estações, a despeito de ser possível monitorar muitas áreas com softwares e equipamentos. Mas daí a termos uma “gambiarra” nos trens da Linha 15 não faz qualquer sentido. Abraços.

  11. E tudo isso é culpa da ViaQuatro que explora seus funcionários e faz com que outras empresas se espelhem e tentem fazer o mesmo.

    O empresário brilha os olhos ao precarizar o trabalho dos metroviários, que deveria ser uma das áreas mais bonitas e remuneradas da nossa sociedade. Privatização é uma desgraça sem fim…

    Lutem sim pelos seus direitos!

    Pro passageiro não importa se o trem é tripulado ou não, mas é certo que os trens tripulados oferecem maior segurança, menos ambulantes, menos vandalismo e mostram uma ação presente da empresa operadora dentro das composições.

    1. Tô tentando entender a relação de um trem tripulado implicar em ter menos ambulantes e menos vandalismo. Se fosse assim, o Metrô seria muito superior à ViaQuatro, o que não é.

  12. Bom dia!
    Para quem utiliza diariamente sabe que do lado do esquerdo do Console a um espaço exclusivo para cadeirantes, colocando em prática os “Puxadinhos” em qual local do trem o CADEIRANTE vai colocar sua cadeira para realizar seu deslocamento de forma segura????( Atualmente vários passageiros cadeirantes utilizam a linha 15).

    Do lado direito do console a um banco destinado a preferenciais, Faz quinze dias que visualizei uma operadora pedir para o pai com uma criança de colo levantasse do banco, e ela após alguns segundos sentou no banco (IMAGEM VERGOSONHA DE SE VER) Ser funcionário público é servir a população, não proibir o direito garantido por lei;

    Quando os trens chegam em São Mateus, na maioria das vezes não é informado que é necessário trocar de trem e qual lado os passageiros devem desembarcar para seguir viagem sentido Jardim Colonial. ( Acontece com frequência a troca de plataforma sentido Jardim Colonial);

    Os passageiros que utilizam a estação Jardim Colonial e, seguem com o destino sentido Vila Prudente, há 18 meses fazem isso! lembrando que Jardim Colonial foi entregue a população em 29 de dezembro de 2021;

    Chegando em jardim Colonial e não conseguindo embarcar de imediato no monotrilho para São Mateus, o tempo de espera é de aproximadamente 5 minutos; é gasto a metade disso para chegar em São Mateus; desembarcando 90% das vezes não é possível embarcar de imediato para Vila Prudente( O monotrilho Sentido Vila Prudente fecha suas portas quando o que vem de Jardim Colonial abre suas portas) É necessário aguardar aproximadamente 3 minutos para consegui embarcar para Vila Prudente, OU SEJA NESSE CENÁRIO QUE ACONTECE TODOS OS DIAS PARA QUEM UTILIZA A LINHA 15) 40% do trajeto entre Vila Prudente e São Mateus é gasto entre Colonial e São Mateus) QUEM UTILIZA DIARIAMENTE SABE DISSO!!!!!!

    O que realmente está acontecendo?

    1. A Alstom, concessionária fabricante do monotrilho, ainda não concluiu a versão definitiva do CBTC da linha, incluindo a nova área de manobra após Jd. Colonial, o monotrilho precisa dela para manobrar e seguir na via sentido Vila Prudente, eu também sou usuário da linha, então havia perguntado para o metrô em suas redes sociais, e me falaram isso

  13. Lembrando aqui que a batida do inicio desse ano foi culpa humana, quando um operador desligou o sistema CBTC de um dos trens tornando o trem invisível ao outro, sendo que o outro se movimentando tinha um operador cuja única função era apertar UM botão (o de emergência) se algo não estivesse nos conformes e invés disso estava brincando no celular e de costas para a via, e no meio um operador de CCO que Deus sabe se lá o que estava fazendo no momento.

    Sim! É incrível como gente esquece desse detalhe. Os trens em operação automática não implica que não tem ninguém vendo a linha o tempo todo: tem os operadores no CCO.

    Os três foram demitidos.

    Essa decisão é 100% um retrocesso empurrado por sindicato.

    1. Não senhor! Independente do CBTC estar desligado, o sistema deveria proteger! Não existe a possibilidade de um sistema tão moderno, ser desligado de forma tão fácil, ainda mais com o comando de um OT.

      Seu comentário é pejorativo, raso, xoxo, capenga, frágil e inconsistente.

    2. Embora eu ache q o Felipe A. e o Felipe sejão a mesma pessoa tenho q comentar, isso de deixar o tren invisível ao sistema foi na batida de 2019, a baitida deste ano 2023, não tivemos informações reveladas, embora possa ter sido como vc falou, também pode ter sido falha no própio sistema, ou o o funcionário no CCO, possa não ter visto o trem no momento

  14. Aqui tudo acontece ao contrário. Eita país que involui. Se o sistema foi projetado pra não haver um operador, não há necessidade do mesmo.

  15. Como bem disse o Felipe A acima, o funcionário da Via quatro e o faz tudo , ele é atendente / segurança e também operador do trem, caso o mesmo seja avariado no trecho, ou seja devido ao desempregado em alta no Brasil, os funcionários desta empresa tem que se virar nos trinta, será que esta empresa remunera este funcionário da mesma proporção que os mesmo tem que se equilibrar com tantas atribuições, ou sera que está empresa paga somente um salário mínimo e uma cesta básica?, para que ela lucro acima de tudo e de todos…, afinal de contas isto não pode faltar… e de preferência cada vê mais…o LUCRO!!!

  16. Bom dia!
    Para quem utiliza diariamente a LINHA 15, sabe que do lado do esquerdo do Console a um espaço exclusivo para cadeirantes, colocando em prática os “Puxadinhos” em qual local do monotrilho o CADEIRANTE vai colocar sua cadeira para realizar seu deslocamento de forma segura????

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