A passagem de bastão de um governo para outro é um momento em que muitos políticos costumam usar como pretexto para justificar as dificuldades de um novo mandato. A famosa “herança maldita” é geralmente amplificada mesmo que exista de fato. No caso do estado de São Paulo, o governador eleito Tarcísio Freitas (Republicanos) assumirá com vários projetos importantes em andamento como a Linha 6-Laranja e a expansão da Linha 2-Verde.
Com cerca de 24 km de extensão somados, os dois ramais de metrô devem ser inaugurados no final da próxima gestão, caso não surjam imprevistos. Além deles, há também a importante extensão da Linha 15-Prata, com mais três estações, o projeto de levar a Linha 13-Jade até a Barra Funda e a controvertida Linha 17-Ouro, que finalmente poderá entrar em serviço, embora uma data precisa ainda seja um mistério.
Nada disso está em teoria ao alcance do primeiro ano de gestão do novo governador. Em 2023, com sorte, Tarcísio Freitas poderá inaugurar a estação Varginha, da Linha 9-Esmeralda.
Parte da extensão sul do ramal hoje operado pela ViaMobilidade, ela deveria ter sido finalizada neste ano, mas mesmo com um ritmo mais acelerado, a obra não chegou perto de permitir uma cerimônia simbólica de abertura do atual governador Rodrigo Garcia (PSDB).
Imagens recentes compartilhadas pelo presidente da CPTM, Pedro Moro, mostram a chegada de trilhos e alimentação aérea à estação, além de trabalhos de acabamento. Se tudo correr bem, Varginha poderá ser inaugurada no ano que vem, mesmo que em operação assistida. Talvez fosse de bom grado do novo governante protelar a abertura por alguns meses para que sistemas necessários para a operação real fossem concluídos.
Seria uma sinalização de seriedade de Tarcísio, ao contrário do “teatro” promovido pelo ex-governador João Doria (sem partido), que fez festa para inaugurar a estação Mendes-Vila Natal em agosto de 2021, mas que só entrou em operação real quase um ano depois.
Monotrilho passeando pela Linha 17
Além de Varginha, o único projeto com exíguas chances de iniciar uma operação assistida é a Linha 17-Ouro. Se as obras civis teimam em andar a passos lentos, o contrato de sistemas parece estar sendo cumprido à risca, o que significa que o primeiro trem do monotrilho, produzido pela BYD SkyRail, chegará ao país em 2023 e poderá realizar testes em trechos de via.
Se haverá tempo para abrir um pequeno trecho experimental a fim de testar o novo ramal, é difícil dizer. Parece mais sensato que a linha que ligará o Aeroporto de Congonhas às linhas 5-Lilás e 9-Esmeralda fique pronta mesmo em 2024. E isso já seria uma vitória imensa nesse tão conturbado empreendimento.
Daqui a dois anos, a CPTM promete levar a Linha 13-Jade (Expresso Aeroporto) até Palmeiras-Barra Funda, levando com a ela a Linha 11-Coral. Nenhuma chance desse projeto ser antecipado.
Em 2025, há a previsão de abertura das estações Boa Esperança e Jacu Pêssego, mas não será surpresa se elas ficarem para 2026, junto com Ipiranga.
O último ano da nova gestão será bastante importante. A Linha 6-Laranja, implantada pela Acciona, deve ficar pronta no final de 2025, o que faz pensar que a operação real ocorrerá no ano seguinte. Serão 15,3 km e 15 estações subterrâneas, um acréscimo enorme à malha.
Já as oito estações da Linha 2-Verde entre Vila Prudente e Penha só serão abertas no próximo mandato em um cenário perfeito. A previsão atual já é para o final de 2026, ou seja, com os tradicionais imprevistos e atrasos, melhor não esperar por elas antes de 2027.
