O presidente do Metrô, Silvani Pereira, em encontro com sites especializados de mobilidade urbana no final de junho, afirmou que a Linha 17-Ouro deverá começar a operar, em fase de testes, no fim de 2022, com apenas duas estações.
O executivo, no entanto, não soube informar quais das oito estações em construção serão usadas para essa operação inicial.
O prazo de entrega até dezembro de 2022 é uma promessa do governador de São Paulo, João Doria. No entanto, como o site tem mostrado com frequência, a previsão é praticamente impossível de ser cumprida por conta do volume de trabalhos ainda pendentes e a necessidade de serem realizados diversos testes sem passageiros antes de abrir o ramal ao público.
A hipótese de uma “inauguração” parcial, entretanto, poderia ocorrer desde que algumas metas sejam atingidas, entre elas o fornecimento de energia e a conclusão de sistemas mínimos em parte dos 7,8 km de vias em implantação. Além, é claro, da chegada de ao menos um dos 14 trens de monotrilho que estão sendo fabricados pela BYD SkyRail.
É certo que essa “operação” poderá ocorrer até mesmo sem o sistema de sinalização pronto. Não seria a primeira vez que o governo do estado inaugura um trecho de vias de forma “manual”.
Pelo que o site apurou, a estação Eucaliptos (Linha 5) operou sem controle CBTC durante sua inauguração em 2018 enquanto a CPTM colocou a Linha 13-Jade em funcionamento com apenas dois trens, um em cada via, numa configuração independente que dispensaria um serviço automatizado.
Ou seja, uma composição indo e voltando por apenas uma via não é algo tão complicado assim. Um impeditivo numa linha elevada de monotrilho é a ausência de portas de plataforma, portanto esse equipamento teria de ser instalado mesmo que sua operação seja feita manualmente.
Mas, afinal, quais poderiam ser as duas estações que estreariam a operação parcial? O site analisou algumas informações sobre o projeto e que podem influenciar uma possível decisão do Metrô.

Campo Belo-Vereador José Diniz
O curto trecho entre essas duas estações seria vantajoso por permitir alguma conexão com o sistema metroferroviário, facilitando o acesso de curiosos. Além disso, a alimentação de energia da Linha 17 virá de um ponto entre as duas paradas já que a subestação primária será construída no VSE Bandeirantes, que hoje já possui uma instalação semelhante para a Linha 5-Lilás.

Morumbi-Chucri Zaidan
Mais longo, esse trecho contemplaria todo o trajeto ao lado do Rio Pinheiros, onde a paisagem de edifícios espelhados seria um chamariz e tanto para fins publicitários. A estação Morumbi faria o papel de entrada de usuários oriundos de outros ramais da mesma forma que Campo Belo. Entretanto, essa parte da Linha 17 depende ainda do lançamento de inúmeras vigas-trilho e toda a instalação de equipamentos e sistemas mínimos.

Brooklin Paulista-Jardim Aeroporto
Em tese, essa ligação seria a mais recomendada pelo fato de estar mais próxima do pátio de manutenção Água Espraiada. Se até meados do segundo semestre for possível receber os trens no local, o trecho poderia servir para os primeiros testes com o monotrilho da BYD. Por outro lado, essa região está desconectada da rede de trens e metrô, o que poderia reeditar a famosa frase de “linha que liga nada a coisa nenhuma”.

Congonhas-Brooklin Paulista
Embora a conexão com o Aeroporto de Congonhas seja um dos grandes chamarizes do projeto, iniciar uma operação nesse trecho, por mais simples e limitada que seja, soa bastante complicado.
A estação Congonhas fica numa elevação, exigindo um desempenho maior do monotrilho, ao mesmo tempo que chegar até Brooklin Paulista envolve deslocar-se por dois ‘track-switches’, os aparelhos de mudança de via, e que ainda precisarão ser montados e testados mesmo que fiquem numa posição ‘travada’ o tempo todo.
Operação para valer em 2023 ou 2024
A hipótese levantada por Silvani, caso ocorra de fato, servirá apenas para efeito eleitoral do governador João Doria já que a Linha 17-Ouro, por mais que o governo negue, só deve atingir um status operacional pleno em 2023 ou 2024, dependendo da evolução dos trabalhos.
Nesse caso pesa o fato de ser um sistema novo e que sempre necessita de um longo período de testes até atingir um nível de desempenho adequado – a Linha 15 é um exemplo claro dessa situação.
Com a colaboração de Caio Lobo