SuperVia deve devolver concessão de trens no Rio até setembro

Governo do Estado busca nova empresa ou gestor para manter a continuidade do serviço, que teria piorado em relação aos tempos de estatal, segundo jornal

Trens da Supervia
Trens da Supervia (Supervia)

O atendimento dos trens da SuperVia no Rio de Janeiro tem seu futuro ainda incerto. A expectativa é que até o mês de setembro a concessionária deixe de realizar o serviço, encerrando um período de 27 anos.

Para evitar transtornos a mais de 300 mil pessoas que dependem dos trens, o governo do Estado está buscando soluções para superar a crise no setor de trilhos.

Um novo gestor ou concessionário é sondado no mercado enquanto o fim da “era SuperVia” se aproxima, deixando um sistema deteriorado e necessitando de grandes investimentos na sua infraestrutura geral.

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A sensação do passageiro se comparado com alguns serviços dos anos 90 é de piora na qualidade dos trens, estações e afins, representando um tempo maior na viagem entre dois destinos, segundo apurou o jornal O Globo.

Reportagem publicada nesta segunda-feira mostra que antes da concessão, a despeito da apesar da inexistência de trens com ar-condicionado, o passageiro tinha a percepção de permanecer um menor período embarcado.

Descarrilamentos constantes na Supervia (Agetransp)

O jornal cita como exemplo o trajeto no Ramal Japeri até a Central do Brasil, antes realizado em 75 minutos e agora superando os cem, ou seja, mais 25 minutos de viagem, totalizando 1h40 dentro do trem.

Na via, a queda na qualidade e por consequência na segurança também é evidente, com periódicos casos de descarrilamento, falhas e interrupções, além de uma velocidade média de 40 km/h quando antes chegava aos 70 km/h.

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Em Japeri dezenas de trens antigos foram canibalizados, termo que se refere a retirada de peças úteis para uso em composições do mesmo modelo. A reportagem do jornal ouviu relatos de uso do espaço por dependentes químicos, aumentando a insegurança e risco aos passageiros e pessoas próximas da via férrea.

Já em outro ponto, na estação Deodoro, 113 carros de trens estão penhorados desde 1997 por meio de ação judicial, sem previsão de serem retirados do local, ainda que a concessionária já possua um cronograma para efetuar a remoção.

Supervia deve sair de cena até setembro (Clarice Castro)

O que diz a SuperVia?

Após o período da pandemia da Covid-19, a empresa já alegou publicamente ter sofrido sérios impactos financeiros, como a diminuição de receitas em razão de menos passageiros transportados, acompanhado em paralelo ao crescimento nos furtos de peças e evasão de renda – quando uma pessoa embarca nos trens sem o pagamento da tarifa.

Destacado como “desafio”, isto se refletiu no intervalo médio das composições e em um sistema mais precário, ainda que a SuperVia pontuou ao jornal realizar manutenções e vistorias periódicas com os trilhos e dormentes seguindo norma internacional.

A CPTM foi contratada para estudos

E de olho na recuperação ainda parcial dos trilhos, a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) foi contratada pelo Poder Público do Rio de Janeiro com o objetivo de executar estudos técnicos e financeiros sobre a recuperação da malha pertencente à Supervia.

Este estudo tocado pela estatal paulista compreende 270 km de trilhos em cinco ramais e 104 estações na Região Metropolitana e na capital.

Já a data exata do fim da concessão da SuperVia no Rio de Janeiro ainda não foi informada.

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Ivo
Ivo
1 dia atrás

É só a futura concessionaria ou empresa estatal pedir a benção do crime organizado (ou seja, pagar taxas) que poderá realizar a manutenção das vias. Hoje, qualquer tentativa de manutenção é recebida com tiros, roubos e agressões ao funcionários da concessionária.

Pergunto: qual rede de trens urbanos no mundo está inserida em uma área controlada pelo crime organizado?
É muito fácil escrever um artigo dizendo que a rede da Supervia piorou isoladamente quando, na verdade, foi o Rio de Janeiro que regrediu em sua gestão pública e isso se reflete em todos os aspectos da Região Metropolitana do Grande Rio.

Sem a reconstrução total do Rio, não adianta investir isoladamente no trem urbano.

Leonardo
Leonardo
1 dia atrás
Responder para  Ivo

O Rio é massa falida, vem perdendo população a cada dia com migração para outros estados. É capaz de desativaram linhas mais longas após a devolução da Supervia para uma operação mínima. Nem 300k ao dia pessoas carrega atualmente.
É mais fácil administrar trens urbanos em Bangladesh do que no Rio.

Marco
Marco
1 dia atrás

Já que a CPTM também está acabando, porém deixando um legado extremamente positivo, então que os técnicos e o Know How vão para o Rio.

Os Paulistanos salvando os Cariocas mais uma vez.

tiago
tiago
12 horas atrás
Responder para  Marco

kkkkk e quem é que vai?

diretor com salário de diretor tudo bem.

Marco
Marco
4 horas atrás
Responder para  tiago

Apesar do trânsito horrível e criminalidade urbana, o Rio continua atraindo muita gente.

Os desempregados da CPTM que não serão recontratados poderiam ir.

Bruto
Bruto
1 dia atrás

O estado da Guanabara, sobreviveu enquanto foi capital federal, e recebeu dessa instância muitas verbas que mantinham o funcionamento da Cidade-Estado. Quando perdeu tal posto, se tornou capital e locomotiva do empobrecido estado do Rio de Janeiro, se deu conta que não era capaz de caminhar com as próprias pernas e com o passar do tempo, a situação apenas chegou onde chegou.

A Supervia assumiu o sistema fluminense 23 anos após essa unificação, e em seus primeiros 20 anos de operação, remou contra a maré e tornou minimamente descente e utilizável um sistema que estava completamente decadente, tanto que a quantidade de passageiros transportados praticamente quintuplocou, mas sozinha não teve fôlego para atravessar a pandemia e principalmente enfrentar as mazelas que se agravaram no estado, como a violência, favelização, imoralidade e falta de educação, já que foram divulgadas em redes sociais imagens e vídeos de passageiros urinando no vão entre os trens e a plataforma, defecando em locais não apropriados, entre outras coisas e, em poucos anos tudo ruiu e voltou-se a estaca zero.

Enquanto prevalecer a cultura do “a favela venceu”, não adianta as abelhas dizerem as moscas que o mel é melhor que as fezes, investir nesse sistema, infelizmente vai ser jogar pérolas aos porcos.

Guile
Guile
13 horas atrás
Responder para  Bruto

A CBTU transportava cerca de 1 milhão de passageiros por dia. Para quintuplicar, seriam 5 milhões. Isso é aproximadamente 80% da população da cidade do RJ.

Se comparar o que foi investido pelo estado do RJ com o retorno do serviço, tivemos um regresso muito grande.

Ivo
Ivo
12 horas atrás
Responder para  Guile

A CBTU era a operadora dos trens do Rio em 1998, Guilherme?

Guile
Guile
6 horas atrás
Responder para  Ivo

Não, em 98 era a Supervia. Apesar da CBTU ainda ter feito investimento no sistema carioca mesmo depois de estadualizado.

O sistema foi estadualizado para em seguida ser privatizado. A frota aumentou se 70 trens unidade para 201, comprados pelo governo estadual. E mesmo assim o serviço é caro e ineficiente.

Ivo
Ivo
6 horas atrás
Responder para  Guile

Errado.

Entre janeiro e outubro de 1998 foi operado pela Flumitrens (Governo do Estado do Rio). A Supervia assumiu em novembro de 1998.

Em 1998 foram transportados 47 milhões de passageiros.
Em 2015 foram transportados 177 milhões
Em 2024 foram transportados 85 milhões

A Supervia, mesmo com problemas do Rio que impactam em sua operação, ainda consegue transportar quase o dobro da Flumitrens.

Guile
Guile
3 horas atrás
Responder para  Ivo

E a CBTU transportou 273 milhões em 1985. Xeque-mate! Com médias de passageiros por dia de mais de 1 milhão

A Supervia nunca nem chegou perto desse número, mesmo com todo investimento do governo carioca e com uma frota de trens muito maior.

A meta da Supervia quando foi privatizada a flumitrens era que a média de usuário por dia útil seria 2 milhões. Nunca chegou nem perto do 1 milhão do tempo da CBTU. Ainda hoje há ramais operados por locomotiva a diesel.

Como sempre vc tenta defender o indefensável.

Guile
Guile
13 horas atrás

Esse é o futuro dos transportes sobre trilhos de SP daqui alguns anos.

Ivo
Ivo
11 horas atrás
Responder para  Guile

Só se São Paulo se tornar uma cidade geograficamente igual ao Rio de Janeiro. É possivel?

Ligeiro
Ligeiro
10 horas atrás
Responder para  Ivo

Com certeza é. Já está sendo. Só ver a linha 8 e 9…

Guile
Guile
6 horas atrás
Responder para  Ivo

Agora a culpa é da geografia?

Ligeiro
Ligeiro
1 minuto atrás

Acho que se eu fosse diretor, em um primeiro momento criaria uma “terceirizada” ou autarquia para contratar funcionários temporários (mas com possibilidade de estabelecer definidamente) nesta primeira fase. Tipo, a terceirizada teria uma estrutura totalmente enxuta com transparência total e só serviria para gerir o recurso de pagamentos dos funcionários principais (operadores de trem, operadores de centro de controle, responsáveis de estações, etc…). Aí poderia chamar os funcionários que saírem da Supervia para esta empresa e fazer a operação de boa (e até se necessário fazer um projeto para alocar mais operadores, com parcerias para cursos e tal). Quando (e SE) bem estabelecido, aí fazer uma autarquia tipo CPTM para trazer os funcionários para tal.

A questão da manutenção de trens e vias deixaria para um esquema tal como a CPTM: licitação (a priori emergencial) e contratação para tal.

“Ah, mas o crime organizado”. Já sabemos que Rio (e ultimamente São Paulo) está nas mãos do crime emaranhado no Estado. Refundar um Estado é outra discussão, e só começa quando a galera parar de votar em criminosos e assassinos. Não adianta bradar sobre isso sendo que muitas vezes a pessoa votou no crime organizado e não admitiu…