Considerada a maior obra de infraestrutura do Brasil atualmente em andamento, a Linha 6-Laranja do Metrô teve os trabalhos retomados há cerca de 10 meses pela Acciona, grupo espanhol que assumiu o lugar da Move São Paulo no ano passado.
Com o desafio de iniciar a operação em 2025 pela LinhaUni, empresa constituída por ela para esse fim, a construtora tem criado várias frentes de trabalho para cumprir o cronograma. Diante disso, o site levantou algumas perguntas curiosas a respeito da movimentação nos canteiros e as perspectivas para os próximos meses.
As 10 perguntas foram respondidas pelo diretor adjunto de projeto da empresa, Lucio Matteucci. Confira:
1- Por que as estações da Linha 6 utilizam métodos de escavação diferentes (VCA, VCA invertido, NATM)?
A utilização de métodos diferentes ocorre por conta de uma série de fatores, como espaço disponível, prazo, custo e até fatores geológicos – que também são determinantes.
Estações em VCA: Brasilândia, Vila Cardoso, Santa Marina, Sesc-Pompeia e Perdizes.
Estações em Poço (NATM): Itaberaba, João Paulo I, Freguesia do Ó, Água Branca, PUC-Cardoso de Almeida, Angélica-Pacaembu, Faap-Mackenzie, Bela Vista e São Joaquim.

2 – A futura estação Santa Marina parece utilizar o VCA invertido. Qual é a vantagem desse método em relação ao tradicional VCA?
O método de VCA Invertido em uma estação com o espaço físico de Santa Marina permite a instalação de uma rampa de acesso para os equipamentos. E isso proporciona que a escavação dos níveis inferiores seja feita com equipamentos apropriados, o que dá uma maior agilidade ao processo, apesar de mais custosa.
O método evita estruturas de cimbramento robustas, uma vez que as estruturas e lajes são feitas de cima para baixo.
Vale dizer que a proposição desta metodologia foi feita para permitir o cumprimento dos prazos, uma vez que a Estação Santa Marina será a primeira que receberá a passagem da tuneladora Sul. Esta medida visa garantir que o corpo da estação esteja escavado para que a tuneladora, ao chegar na futura estação, não pare e possa sofrer o arrastre e seguir sua escavação.
3 – Alguns metros ao norte do VSE Tietê é possível ver dois novos poços sendo escavados. Eles estavam no projeto ou foram uma adaptação proposta pela Acciona por conta das falhas geológicas da área?
As características geológicas no local levaram à proposta de execução de dois poços e a sua interligação com túneis NATM (da sigla em inglês que significa Novo Método Austríaco de Tunelamento), uma vez que eles possuem uma execução bastante controlada, o que permite o emboque já em um terreno rochoso – que é o esperado para este trecho norte.

4 – O shield que escavará em direção ao norte seguirá até o Pátio Morro Grande ou será retirado antes disso?
Não, o TBM escavará até a estação Brasilândia, onde será retirado. Da Brasilândia até o Pátio Morro Grande a escavação será em NATM.
5 – A Acciona fará apenas a estação Água Branca da Linha 6 ou haverá alguma obra relacionada à construção das estações da CPTM (linhas 7 e 8)?
A única interligação da linha 6 com a CPTM se dá na Água Branca, com a linha 7 da CPTM.
6 – A futura estação Higienópolis-Mackenzie será a mais profunda da rede metroviária de SP. Por conta disso, ela precisará ser iniciada com alguma antecedência? Existem fatores que tornam a obra mais complexa?
Esta será a estação mais profunda, com 69 metros, e seu início está previsto para os próximos meses. Estamos na fase final de desenvolvimento dos projetos executivos.
A profundidade realmente aumenta a complexidade, uma vez que há um maior volume a ser escavado, e a Linha 6 como um todo, possui maior profundidade do que as demais linhas de metrô de São Paulo.

7 – Qual será a solução adotada para a construção da estação 14 Bis já que o projeto original, ao que parece, foi abandonado (envolvia a escola de samba Vai-Vai)?
Esta solução ainda está sendo avaliada.
8 – Qual será o papel da Acciona na interligação entre as linhas 1-Azul e 6-Laranja na estação São Joaquim? Melhor dizendo, até onde vai a responsabilidade da construtora nessa conexão?
A Acciona será responsável pelos serviços de sistemas e acabamentos da ligação entre as linhas, já a obra civil deverá ser contratada pelo Metrô.

9 – Existe um cronograma de chegada dos shields em cada estação que possa ser compartilhado pela empresa?
O cronograma está em fase de certificação junto ao poder concedente, ainda assim, a previsão é que as tuneladoras iniciem o processo de escavação no primeiro trimestre de 2022 – sendo a tuneladora sul a primeira a partir. Santa Marina será a primeira estação a receber a tuneladora.
10 – Existe um novo guindaste presente no VSE Tietê. Ele está sendo utilizado em qual função?
O guindaste em esteira possui capacidade de 1.000 toneladas e foi mobilizado para auxiliar na montagem de alguns equipamentos da tuneladora Sul. Ele será responsável por baixar a roda de corte que deverá ser instalada provavelmente em agosto, sendo este o primeiro grande marco das TBMs.
