Após protestos de moradores, Metrô decide suspender derrubada de 355 árvores em obra da Linha 2-Verde

Praça Mauro Broco, no Jardim Têxtil (Google)

Após uma reação veloz de moradores do Jardim Têxtil nesta segunda-feira, 17, o Metrô de São Paulo decidiu suspender a derrubada de 355 árvores que existem hoje na praça Mauro Broco e que seriam suprimidas pelo consórcio Linha 2, responsável pela construção do trecho entre o poço de ventilação Falchi Gianini e a estação Penha da Linha 2-Verde. No local, a empresa fará o estacionamento de trens Rapadura, que servirá no futuro para injeção de composições estratégia no ramal. Além disso, é nesse espaço que será montado o “tatuzão” que escavará os túneis da extensão de 8 km de metrô.

Nesta manhã, o site recebeu uma mensagem de uma moradora que descrevia os espécimes que seriam atingidos pela derrubada, chamada por ela de “devastação”. Segundo ela, o espaço possui exemplares de “aroeira-salsa (Schinus molle), eucalipto (Eucalyptus sp.), figueira-benjamim (Ficus benjamina), ipê-de-el-salvador (Tabebuia rosea), jacarandá-mimoso (Jacaranda mimosifolia), jerivá (Syagrus romanzoffiana), pau-ferro (Libidibia ferrea var. leiostachya), romãzeira (Punica granatum) e sibipiruna (Poincianella pluviosa var. peltophoroides). Já foram registradas 108 espécies vasculares, das quais estão ameaçadas de extinção: cedro (Cedrela fissilis), pau-brasil (Paubrasilia echinata) e pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia). Sua fauna é composta majoritariamente de aves, como o periquito-rico, maracanã-pequena, periquitão-maracanã, anu-branco, anu-preto, joão-de-barro, ferreirinho-relógio, guaracava-de-barriga-amarela, sabiá-laranjeira, sanhaço-do-coqueiro e cambacica. Além das aves, nas noites quentes e úmidas, o sapo-cururu pode ser avistado“.

A carta enviada pelo consórcio informa que a supressão das árvores (118 espécies nativas, 232 espécies exóticas e cinco em estado ‘fitossanitário morto’) foi autorizada pela Cetesb, a companhia ambiental do estado e que deveria zelar pela preservação das poucas áreas verdes da cidade. A moradora afirma que a atividade foi anunciada “sem comunicação antecipada à comunidade e sem busca por soluções inteligentes de preservação desse espaço fundamental para a comunidade e para o meio ambiente“. Na mesma mensagem, ela convocava para um ato às 7 horas do dia 19, quando estava marcado o início do corte e remoção das árvores.

A área com listras vermelhas, desapropriada, e em amarelo, que compreende a mata nativa (Google/CMSP)

Nesta tarde, no entanto, o Metrô divulgou por meio das redes sociais que está revendo a decisão. “A ação de supressão arbórea está temporariamente suspensa e já se encontra em reavaliação pelos técnicos do Metrô. A comunidade local será chamada em momento oportuno, para os devidos esclarecimentos sobre as obras que serão realizadas e os estudo relativos à compensação ambiental que será feita pela Companhia“, diz nota enviada pela empresa.

Note-se que em nenhum momento o Metrô afirma que não fará a retirada das árvores, apenas que ela será reavaliada e cita que haverá compensação ambiental pela supressão, de cerca de 9 mil mudas. No entanto, talvez seja oportuno saber se parte dessas árvores não pode ser transplantada para outros locais em vez de derrubadas.

O caráter ambiental da implantação de uma linha de metrô é inegável pela enorme lista de benefícios que gera como redução de congestionamentos, consumo de combustível fóssil, entre outros, mas talvez falte um pouco de sensibilidade ao decidir por eliminar uma área verde dentro do tecido urbano no lugar de um terreno baldio ou mesmo ocupado por galpões ou outros estabelecimentos.

Carta enviada pelo consórcio que fará a escavação dos túneis da Linha 2: autorização da Cetesb (Reprodução)
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