Após “revisão”, monotrilho da Linha 15-Prata terá nova chance de provar que é um transporte confiável

Trem do monotrilho na época da sua inaugração: nova chance de provar que é um transporte confiável (CMSP)

Passados apenas um dia e meio de operação total, a Linha 15-Prata do Metrô voltou a ser fechada durante este fim de semana. A paralisação, no entanto, tem como objetivo revisar as mudanças implementadas pela Bombardier e as construtoras OAS e Queiroz Galvão nos trens de monotrilho e vias a fim de evitar que o incidente que rompeu um pneu em fevereiro volte a ocorrer.

Por essa razão, o governo do estado reforça que a Linha 15 voltará a funcionar em horário normal nesta segunda-feira, 22, incluindo as dez estações já inauguradas. Ou seja, o ramal retomará sua operação nos moldes do início do ano, quando as estações Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus passaram a abrir das 4h40 à meia-noite.

Será mais uma chance para o criticado modal provar que pode ser um transporte confiável e seguro, algo que até hoje ainda faz gerar dúvidas. Lançado há pouco mais de uma década, o monotrilho substituiu o projeto de um corredor de ônibus da SPtrans que iria até Cidade Tiradentes. Na época, o governo Serra “atropelou” o planejamento do Metrô para que fosse adotada uma solução inédita e que não havia sido suficientemente estudada.

Não demorou para que sua implantação mal planejada apresentasse problemas. De uma previsão de construção rápida e barata, a Linha 15 só começou a sair do papel de fato no trecho entre Vila Prudente e Oratório, com vias avançando após ela, mas sem que a licitação de estações fosse resolvida. Por muito tempo, apenas Oratório pareceu avançar enquanto Vila Prudente só ganhou velocidade na reta final do trecho.

Linha 15-Prata: solução deveria ter implantação rápida e barata (CMSP)

Percorrendo o canteiro central de avenidas como Ignácio de Anhaia Mello e Sapopemba, o monotrilho se deparou com um imprevisto, a existência de um córrego onde deveriam ser fincadas as fundações de três estações. Com isso, o crongrama de expansão teve um grande atraso enquanto o córrego era desviado pelo consócio construtor.

O primeiro trecho, de apenas duas estações, começou a funcionar precariamente em agosto de 2014. Enquanto isso, a Bombardier testava seu pacote de sistemas que incluía o trem Innovia 300, portas de plataforma, aparelhos de mudança de via e sinalização. Mas o processo foi se arrastando por anos, mesmo com seguidos testes fechando o ramal em quase todos os finais de semana.

Logo nas primeiras viagens, uma desagradável surpresa: o monotrilho apresentou graves oscilações nas vias, em um nível muito superior ao que ocorre em outros sistemas do gênero. Na época, a justificativa foi de que os trens estavam viajando muito vazios e isso seria amenizado quando a linha estivesse operando de forma plena.

Apenas em março de 2018 e de forma apressada, a Linha 15 ganhou mais quatro estações, chegando à região de Vila União. Mas novamente a precariedade da implantação fez com que estações estivessem incompletas e o pior, com um serviço reduzido e irregular por muitos meses. Apenas no ano passado, o trecho de seis estações passou a abrir no horário normal e a demanda passou a subir bastante.

Estação Oratório: por muito tempo ela foi o único destino da Linha 15 (CMSP)

Em agosto de 2019, a estação Jardim Planalto, que estava quase pronta, foi aberta e a Linha 15 pela primeira vez se aproximou dos 100 mil usuários diários. Em dezembro, as três últimas estações do trecho abriram, fazendo com que o monotrilho atingisse São Mateus. Se o problema com o run-flat não tivesse ocorrido em fevereiro, o ramal certamente já estaria transportando muito mais passageiros – a previsão é que ele ultrapasse a marca de 300 mil usuários/dia.

No entanto, o monotrilho ainda precisará provar que pode oferecer um serviço regular e com baixos intervalos. Até pouco antes do incidente, isso ainda não havia ocorrido. Os intervalos haviam aumentado e as interrupções na linha ocorriam com irritante frequência, formando imensas filas no embarque. Apesar disso, nos momentos em que operou dentro do esperado, a Linha 15-Prata provou que pode ser veloz e eficiente. Até mesmo os solavancos das vias foram amenizados, segundo relatos de passageiros que utilizaram o serviço nos últimos dias.

Resta apenas que a Bombardier se redima dos inúmeros problemas que tem causado ao transporte sobre trilhos em São Paulo e resolva de uma vez por todas os problemas com seu sistema. A população agradece.

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