A CPTM concluiu nos últimos dias o restauro da fachada histórica da estação Brás. Bancado pela iniciativa privada, os trabalhos começaram no ano passado e recuperaram a fachada de 110 metros de extensão e 8,5 metros de altura e que estava depredada e pichada. Além disso, a companhia recuperou duas marquises, uma metálica e outra de madeira. A recuperação do local, no entanto, não teve a empresa revelada, embora na mesma rua, a Domingos Paiva, exista hoje um grande condomínio residencial.
A importância histórica da fachada, aliás, é enorme. Inaugurada em 1867 como estação ‘Braz’, a parada fazia parte da ferrovia construída pela São Paulo Railway Company. Oito anos mais tarde, outra empresa, a Estrada de Ferro do Norte, decidiu construir outra estação ao lado, a Estação do Norte, que na década de 40 foi rebatizada como Roosevelt, em homenagem ao presidente dos EUA.
Ao contrário de Brás, que era uma estação de passagem, Roosevelt era o terminal dos trens que seguiam em direção ao Vale do Paraíba e ao Rio de Janeiro e por isso ganhou um edifício maior em art decó. Já a estação Brás da SPR possuía duas plataformas, conectadas por uma passarela. A plataforma principal, com destino a Santos, possuía um edifício térreo, onde funcionavam os escritórios e serviços da Estação, apresentava arquitetura similar às demais estações construídas pela SPR e se prolongava por toda a extensão da plataforma. A SPR dividia suas estações em classes (primeira, segunda e terceira classe) e a Estação Brás era um exemplar de segunda classe, assim como a Estação Jundiaí. A Estação do Norte foi construída em frente ao prédio da Estação inglesa. Em 1978, a RFFSA demoliu o edifício da Estação Brás e a plataforma sentido Santos para conectar as duas estações (Brás e Roosevelt). A fachada agora restaurada era o acesso secundário da Estação Brás inglesa.
Em 1979, com a inauguração da estação Brás do Metrô, a cerca de 400 metros da original, as três passaram a ser integradas, com entradas independentes servindo para acessar qualquer ponto delas. Em 1994, a então novata CPTM reformou o local e instalou uma ampla cobertura metálica sobre a maior parte das plataformas, permanecendo a antiga estação apenas como uma entrada ao nível da rua com uma plataforma que hoje é usada pela Linha 10-Turquesa da CPTM.
Espera-se que o local permaneça conservado nos próximos anos, algo que é bastante possível diante do crescimento da região. Vários empreendimentos imobiliários têm mudado o perfil do bairro, antes voltado para o comércio popular. A estação Brás também é alvo de ações para ampliar seu potencial comercial e não será surpresa se novos projetos do governo explorem esse aspecto no futuro.
Com cinco das sete linhas da CPTM passando por Brás, o fato de um pedaço da história do transporte ferroviário ainda sobreviver e ser útil é uma imensa vitória, sem dúvida.
