Privatização do Metrô de São Paulo deve ocorrer em 2025, segundo documento

Cronograma do governo Tarcísio de Freitas mostra que plano é lançar edital em março de 2025 e assinar contrato com futuro concessionário até agosto daquele ano
Trem do Metrô (Jean Carlos)
Trem do Metrô (Jean Carlos)

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) está levando à frente o plano de desestatizar a Companhia do Metrô de São Paulo. A despeito de informações ainda pouco claras da atual administração, um documento a que este site teve acesso detalha o cronograma do projeto, que tem como objetivo assinar contrato com um futuro concessionário em agosto de 2025.

Embora a descrição cite em alguns trechos que a privatização da companhia é uma possibilidade, o governo estabeleceu o mês de setembro como uma espécie de “marco zero” do projeto de repasse do Metrô à iniciativa privada.

Inclusive, quando argumenta sobre a escolha da Linha 19-Celeste ou Linha 20-Rosa para uma Parceria Público-Privada, a gestão Tarcísio inclui o cenário da “privatização do Metrô”.

“Metro Linhas 19 ou 20 e/ou desestatização+extensão Linha 2+investimentos Linha 15 (a ser estudado, de acordo com evolução de investimentos em andamento)”, diz o escopo do chamado Lote 4 de projetos de mobilidade urbana sobre trilhos.

Segundo o cronograma, o processo de privatização do Metrô terá cinco etapas:

  • estudos preliminares de desestatização – a primeira fase terá início em setembro e deve ser concluída em dezembro.
  • estudos completos de desestatização – começa também em dezembro e deverão se estender até setembro de 2024.
  • revisão do governo – em setembro do ano que vem, o governo do estado iniciaria um período de três meses de análise do estudo, antes da sua divulgação
  • fase externa até publicação do edital – embora não explicada, esta fase pode envolver consultas públicas e rodadas de sondagens no mercado. Ela vai de dezembro de 2024 a março de 2025.
  • lançamento do edital de licitação e assinatura do contrato – a publicação do edital está prevista para março de 2025, com apenas seis meses até a assinatura do contrato.

“Privatista”

O documento não traz um detalhamento sobre o que o governo pretende oferecer a iniciativa privada. Além das quatro linhas hoje sob gestão do Metrô, a empresa possui propriedades, contratos com terceiros e serviços que não se sabe se entrariam no pacote.

Em declaração recente, Tarcísio de Freitas afirmou que a Companhia do Metropolitano teria uma mudança de papel, focada na gestão de projetos. Essa é uma parte importante, porém, pequena se comparada a todas as atividades que hoje ela exerce.

Trecho do documento que mostra o cronograma de privatização do Metrô de SP (Reprodução)

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O texto do documento, no entanto, cita claramente que a companhia seria “desestatizada”, ou seja, não se diz aqui que ela terá seus ativos concedidos e sim a empresa em si passaria a ter seu controle ou totalidade nas mãos da iniciativa privada.

O projeto segue a linha “privatista” do governador, que tem defendido essa estratégia como forma de melhorar a administração pública no estado. Assim como o Metrô, também a CPTM deve ter seus ramais repassados nos próximos anos.

Divisão do bolo

A despeito do cronograma ousado, de apenas dois anos, é bastante difícil acreditar que ele possa ser cumprido à risca. O atual mandato termina em dezembro de 2026 caso Tarcísio não decida partir para a reeleição, portanto, trata-se de um processo com grandes chances de interferências, ainda mais pelo potencial de criar polêmica na sociedade. Afinal, o Metrô é uma das empresas públicas mais bem avaliadas pelo público.

Por outro lado, o Metrô tem acumulado prejuízos volumosos por conta da queda na arrecadação tarifária, causada pela redução da demanda e também do congelamento do valor da passagem. A empresa tem tido dificuldade em cortar custos também mesmo tendo reduzido o quadro de funcionários nos últimos anos.

Estação da Linha 4: concessionários têm prioridade no repasse da arrecadação tarifária (ViaQuatro)

O esquema de arrecadação acertado pelo estado e a prefeitura de São Paulo também dificulta o faturamento já que é preciso passar por uma câmara de compensação em que as concessionárias como ViaQuatro e ViaMobilidade têm prioridade em receber suas parcelas. Esse “clube” vai crescer com a entrada da LinhaUni (Linha 6-Laranja) e futuramente da Linha 17-Ouro (também a ser operada pela ViaMobilidade).

Com todo o sistema metroferroviário concedido, será preciso destinar recursos bastante grandes para pagar as tarifas de remuneração de todas as concessionárias já que é pouco provável que a tarifa no transporte seja reajustada para compensar as perdas do passado.

Certamente, esse quebra-cabeça vai exigir muitos estudos daqui em diante, caso a privatização do Metrô siga em frente.

 

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26 comments
  1. venda do metrô, cptm, sabesp, emae, pedagio na mogi-dutra e mogi-bertioga, vendas das escolas estaduais … o que esse cara deve ter amarrado de favor na sua eleição, para favorecer um monte de gente, não está no gibi. tem que meter uma CPI nesse militar do exército.

  2. Tomara que vire uma via mobilidade da vida. E que a tarifa vá pra uns R$10,00.

      1. cptm é um lixo até tem q privatizar ela sim eu moro em Jundiaí e uso cptm todos os dias é complicado fica esperando um trem mais de 40 min e gastar mais de 2 e meia horas até a luz, agora o metrô pra que funciona bem não vejo porque de privatizar algo que está funcionando

        1. Diga isso pras Linhas 8 e 9, se eram ruins com a CPTM, hoje estão muito piores – e isso tendo melhor estrutura que a 7…

  3. Obviamente as pessoas nos comentários não fazem idéia do que se trata a matéria, ler e compreender é ótimo para não sair falando bobeiras na internet. Já o suposto documento é bem incompleto e incoerente, o modo de trabalho do GESP é sempre conceder um ativo para que uma empresa privada mantenha aquele ativo funcionando, fazendo a operação, manutenção e entre outros para manter aquele serviço funcionando. Não faz sentido nenhum uma privatização. E mesmo que as linhas da CMSP sejam concedidas, é um caminho natural, todos nós já sabíamos que um dia ocorreria. Eu particularmente achei que não seria tão cedo. Se esse documento for de fato real, tomara que seja pra melhorias no serviço prestado ao pagador de imposto!

    1. Ah vai sim, confia! Concessão só serve pra colocar dinheiro no bolso do empresário amigo do governador.

  4. Adivinha se o cara de areia lavada não vai querer vender o estado inteiro. Que vire um Rio de Janeiro. Rumo ao limbo.

  5. Torço demais pra que o metrô e a CPTM virem exatamente a via mobilidade. Daí a campanha pra presidente do cara de areia lavada vai pro beleléu. Bem feito pra São Paulo.

  6. Esse governador é um crápula, quer transformar SP na merda que é o Rio de Janeiro, cidade dele. Mandem esse sujeito de volta pro RJ, IMPEACHMENT JÁ!

    A Companhia do Metropolitano é um orgulho para oa paulistas, sempre premiada pelos seus serviços prestados, e possui mais de 50 anos de expertise em operação o que a dá nohall para fazer do Metrô de São Paulo o melhor do Brasil e um dos melhores do mundo. JAMAIS uma concessionária será capaz de atingir a excelência do Metrô.

    Concessionária só opera e faz manutenção quando quer, e olhe lá.

    Hoje andando pelas estações da Linha 3-Vermelha, observei que até os relógios antigos estavam todos pontualmente ajustados, o que mostra a excelência do Metrô estatal. Nas linhas privadas não conseguem arrumar a hora de um sequer relógio digital. É essa experiência de excelência que o governador deseja?

    Fora daqui Tarcísio, não queremos você vendendo nosso estado.

    1. Outro detalhe, as estações da Viamobilidade não tem nem sinal de funcionários para dar informações, auxiliar pessoas com mobilidade reduzida, ou com alguma deficiência, enquanto no Metrô, sempre q possível eles estão lá, ja presenciei um funcionários embarcando no trem junto com um grupo de pessoas cegas, mesmo sendo poucos, fazem seu trabalho da melhor maneira possível

      1. Mickey, as linhas que a ViaMobilidade pegou eram da CPTM, não do Metrô. Você que viu esses funcionários, eram do Metrô ou da CPTM?

    2. Hablou muito, exatamente isso metrô sp premiado e reconhecidos no mundo todo operando há 40 anos linhas que transportam mais gente por dia doq diversas capitais brasileiras, ficar parado por 10min na estação da sé em pleno horário de pico é de brilhar os olhos de ver a eficiência absurda dessa empresa, nenhuma empresa privada sequer chega perto da frequência de trens, qualidade e confiabilidade q o metrô tem há 40 anos, e não venha citar a fácil L4 Amarela que é um caso de sorte pra viaquatro

  7. No Rio de Janeiro tanto o metrô quanto os trens metropolitanos estão sob o sistema de concessão. A qualidade do serviço melhorou?

  8. Rio de Janeiro estado falido, nem a concessionária aguenta operar um sistema na qual o estado de ausenta. É isso que o Tarcísio quer fazer em São Paulo, ausentar o governo do estado na sua responsabilidade.

    Um estado deve ser forte, e mostrar quem manda, que sabe projetar, operar, e manter a qualidade.

    As melhores empresas ferroviárias do mundo são estatais, DB (Alemanha), Renfe (Espanha), JR (Japão), AMTRAK (EUA), SNCF (França), ÖBB (Austria), SBB (Suíça)… não faltam exemplos.

    Ferrovia privatizada, vira sucata na mão dos que só querem lucrar. Olhem para a terra do governador a esplendida SuperVia, um verdadeiro lixo.

    São Paulo não quer a qualidade carioca de operação. Vamos pra cima e derrubar esse governador, SP não está a venda. O METRÔ (CMSP) é um ORGULHO para a maioria dos paulistas, é o serviço público mais vem avaliado da cidade, e deve ser defendido por todos! Não faltam pesquisas de satisfação que comprovem a excelente qualidade e comprometimento do Metrô para o desenvolvimento paulista.

  9. moro na zona leste a mais de 30 anos , a linha vermelha , continua a mesma porcaria quando da sua sua inauguração , o governo anterior contratou as portas automaticas , que nunca ficam prontas, ela continua no limbo com trens cheios , nasci na zona norte a linha azul era bem mais dinamica , quanto a questão de privatizar ou não é muito relativo. O metro nesses ultimos anos só se preocupou em fazer greves sem pensar na população quando nessas greves eramos seriamente prejudicados .

  10. Impossível privatizar o metrô de São Paulo, já que em outra matéria deste site que li consta que não tem como se privatizar. Mas as empresas privadas que operam em conjunto com as estatais como é o caso da Nuovo Transporto Viaggiatori, parceira da Trenitalia, Ouigo, da SNCF, etc. Mas nem estas se deve comparar, já que o metrô paulista é o mais admirado no mundo inteiro, em especial a linha 4-amarela, que é o sonho de qualquer visitante que vá a São Paulo conhecer de perto.

  11. galera vão dar uma estudada no fluxo de caixa do metrô. primeiro a venda de nome das estações foi um fisaco do c… ninguém quis colocar o nome na estação brigadeiro da L2 , e as que tem uma da linha 1 recebe 50mil reais a da L3 somente 80mil . Mercadologicamente o metrô de SP é engessado na sua estrutura , tem que pedir socorro financeiro todos os mês para pagar salários plr plano de saúde, aposentadoria do funcionário ao caixa do governo estadual .

    1. A maior parte da bilheteria do Metrô vai pra pagar os subsídios das linhas privatizadas, em alguns meses ele só tem 0,2% da bilheteria, e ainda por cima, bancou as expansões das Linhas 2-Verde (até Penha) e 15-Prata(até Jacu-Pêssego), e ainda esta colocando portas de plataforma nas estações da Linha 3-Vermelha, e encomendou 19 novos trens para o monotrilho

  12. Já existiam fortes indícios que foi prometido nas mirabolantes campanhas eleitorais não seriam concretizadas, esta mudanças do terminal da Linha 13-Jade para Barra Funda, com a Estação da Luz voltando a ser terminal da Linha 10, extinguindo o serviço-710 prejudicando TODAS as Linhas da CPTM, principalmente a superlotada Linha 11-Coral, com a falácia de melhorias, infelizmente elegeram esse servo bolsonarista para acabar com tudo, ele é entreguista. O atual governo estadual está deixando de investir em manutenção na CPTM para que a qualidade dos serviços caia drasticamente. Em assim sendo, a população reclamara e dá-se o processo de privatização para os amigos de plantão.
    O que é paradoxal é que no momento de expandir a malha a iniciativa privada nunca aparecem, preferindo gastar milhões em publicidades enganosas em Revistas especializadas, Rádios, TV’s, e até ajudando ONG’s no interior, iludindo a população, e pagando dividendos aos acionistas bancados pelo Estado. Eles só aparecem quando recebem toda a infraestrutura estiver pronta e ainda sim cortando custos para fornecer um serviço pior. Então todo o dinheiro gasto, oriundo do bolso da população, usado na implantação dessas linhas servirá, no final das contas, para atender a interesses privados.
    Tais fatos são confirmados pelas atitudes do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) confirmou em 8/6/23 que o “Metrô de São Paulo terá um novo papel nos próximos anos”. Segundo ele, será uma “revocação”!?, em suas palavras um redirecionamento das funções da companhia, e em 30/6/23 Metrô informou vai contratar empresa para cuidar dos trens da Linha 15-Prata por dois anos; 5/7/23 lança licitação para construir casas para moradores da Favela de Vila Prudente; e agora 7/7/23 a confirmação com a inclusão da CPTM “Privatização do Metrô de São Paulo deve ocorrer em 2025”!?

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