O governo do estado deu o primeiro passo para tentar tirar a Linha 19-Celeste do papel. Na próxima segunda-feira (05), o Metrô disponibilizará para as empresas interessadas dois editais relacionados à linha e que preveem estudos e levantamentos que darão subsídios para a produção do chamado projeto básico.
A primeira licitação envolve o levantamento topográfico do ramal e tem sessão pública de recebimento de propostas em 27 de agosto. Já a segunda licitação escolherá uma empresa que fará o mapeamento e cadastramento de redes de utilidades públicas no trajeto proposto – sua abertura ocorrerá no dia seguinte, 28 de agosto.
Os dois contratos servirão para que o Metrô obtenha dados mais precisos sobre o traçado desenhado pela companhia para a Linha 19. Com essas informações em mãos, será possível preparar o projeto básico, quando muitos aspectos do ramal serão definidos ou mesmo alterados em relação ao projeto funcional, atual fase em que está o empreendimento.
As sondagens ajudam a definir os métodos de escavação e a profundidade por onde os túneis passarão enquanto o mapeamento das redes como gás, água e esgoto ajudam a evitar problemas durante as obras. Apesar disso, não é incomum que imprevistos ocorram por conta da falta de documentos sobre intervenções no subsolo ao longo dos anos.
Linha com 17,6 km de extensão
Embora seja a primeira atitude de fato para começar a transformar a Linha 19 em algo palpável, ainda existem grandes desafios para viabilizá-la. Em 2019, o governo do estado disponibilizou apenas R$ 50 milhões para o ramal, que serão usadas nesses estudos e no projeto básico. No ano que vem estão previstos R$ 500 milhões ainda em preparação para o lançamento do projeto de parceria público-privada e que deverão ser usados nas primeiras desapropriações.
Apenas em 2021 o governo deverá de fato começar as obras caso consiga recursos para isso. Ela tem uma previsão de custo da ordem de R$ 15 bilhões, que seriam divididos com o parceiro privado.

Com 17,6 km de extensão e 15 estações, a Linha 19-Celeste será totalmente subterrânea e ligará a região central de Guarulhos ao centro de São Paulo. O ramal passará por regiões hoje bastante distantes da rede metroferroviária como Vila Medeiros e Vila Maria, no norte da capital. A previsão é que ela transporte mais de 500 mil pessoas quando estiver pronta.
Ela é uma das três linhas que chegará ao segundo município mais populoso do estado. Hoje apenas a Linha 13-Jade entra em Guarulhos, mas atende a uma região distante do centro além de ainda não oferecer um serviço mais consistente para valer a pena para muitos usuários. A segunda linha a chegar à cidade é a 2-Verde, cuja ampliação prevê estações próximas à Via Dutra. Ela está prometida por Doria em uma segunda fase – a primeira está prevista para levar o ramal até a Penha.
Ponta menos nobre
Ao decidir tirar a Linha 19 do papel, o governo do estado priorizou o lado “menos nobre” do ramal. E com isso deve criar problemas para outras linhas como a 1-Azul e 3-Vermelha. A razão é que nesse trecho prioritário há poucas conexões com a rede de metrô e trens metropolitanos. Os passageiros que saírem de Guarulhos poderão chegar à Linha 2-Verde que facilitará a chegada à Zona Sul da capital, porém, deve ter uma demanda enorme já que cruza com inúmeros outros ramais.
Após isso, será possível seguir viagem apenas no centro de São Paulo e em linhas bastante lotadas. Um usuário que queira chegar à Linha 4-Amarela, por exemplo, terá de usar mais uma linha por apenas uma estação para chegar ao ramal operado pela ViaQuatro.
Por outro lado, se tivesse optado por lançar o trajeto completo da Linha 19 o governo resolveria vários gargalos do sistema. Após a estação Anhangabaú, terminal dessa primeira fase, a linha Celeste percorrerá a avenida Brigadeiro Luiz Antonio, se conectando à futura Linha 6-Laranja, Linha 2 novamente e terminando seu caminho na estação Campo Belo, onde se ligará às linhas 5-Lilás e 17-Ouro. Isso sem falar em levar o metrô para a região do Itaim Bibi, onde há muitos empregos. No entanto, o trecho exigirá investimentos elevados por conta das desapropriações e escavações mais complexas.
