Por que o Grupo CCR não participou do leilão do Trem Intercidades?

Maior operador privado de trens do país decidiu não disputar concorrência de trem regional após estudá-lo por muito tempo. CCR deverá, no entanto, estudar outros projetos de infraestrutura e mobilidade urbana
Grupo CCR decidiu não participar do TIC (Jean Carlos)
Grupo CCR decidiu não participar do TIC (Jean Carlos)

O leilão do Trem Intercidades que ocorreu nesta quinta-feira, 29, surpreendeu a muitos. Apesar da vitória do Grupo Comporte e da CRRC, a ausência do Grupo CCR também chamou a atenção.

A empresa é atualmente a maior operadora privada de trens do Brasil com um portfólio vasto. São quatro linhas em operação em São Paulo, além do VLT do Rio de Janeiro e o Metrô de Salvador.

A experiência do grupo é fator indiscutível, porém, a decisão da CCR em não participar do leilão pode ter sido estratégica.

Empresa estudava o TIC com afinco (CCR)

A CCR estava realmente estudando o projeto com afinco, algo que é constatado em diversas declarações, inclusive àquelas dadas a grupos de investidores e ao próprio governo.

Apostava-se que a empresa se associaria à fabricante Alstom para participar do leilão, mas em algum momento o grupo decidiu não entrar na disputa.

O site questionou a assessoria de imprensa da CCR sobre o assunto, que respondeu sem, no entanto, esclarecer o que levou a não oferecer uma proposta pelo TIC Eixo Norte.

“Após estudar detalhadamente o projeto do TIC, em conjunto com os parceiros do consórcio formado para o efeito, decidiu não participar da licitação que se realizou nesta data”, disse a empresa.

Vários aspectos podem ter afastado outros potenciais concorrentes

Embora não esteja claro o que levou a CCR a abandonar a disputa, pode-se colocar em pauta algumas questões para reflexão. Uma delas poderia ser o alto custo atrelado aos contratos do tipo EPC, que delegaram a outras empresas a construção do TIC em áreas específicas como energia e sinalização. Os riscos atrelados a questões como desapropriações e emissão de licenças também poderia entrar nesta equação.

Outro ponto importante poderia ser o eventual desgaste com a concessão das Linhas 8 e 9, que recebeu diversas multas e tem sido foco de esforços concentrados em sua recuperação.

O contrato chegou a prever uma transição mais suavizada, com 12 meses de treinamento com a CPTM. A expansão das linhas 4-Amarela e 5-Lilás também poderia impactar o grupo em termos de foco e finanças, já que são projetos complexos.

Vale lembrar que até o momento a CCR só participou e venceu concessões em que a infraestrutura estava praticamente pronta ou era de responsabilidade do estado, como a Linha 4, onde cuidou dos sistemas além da operação em si.

A PPP da Linha 6-Laranja e o TIC SP-Campinas, que exigem grandes investimentos em obras, acabaram sendo descartados pelo grupo.

Entretanto, a CCR não desistiu de projetos futuros. O grupo pretende focar em seus diversos projetos em São Paulo e estudar, seletivamente, novas oportunidades de investimento.

O Grupo CCR continua focado na implantação dos seus múltiplos investimentos já contratados, que ascendem a 33 bilhões de reais (cerca de 50% em São Paulo) e na identificação seletiva de novas oportunidades de investimento, que contribuam para o desenvolvimento econômico e social do País e dos estados onde atua, e apresentem uma adequada relação risco-retorno, permitindo uma criteriosa alocação de capital”, acrescentou a nota da companhia.

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Concessão das Linha 11, 12 e 13 (CCR)

Conclusão

A não participação da CCR não deveria ser vista necessariamente como um ponto de fraqueza da companhia, mas de alerta ao governo. Os projetos de TIC estão realmente bem estruturados? A iniciativa privada, nisso incluindo os fornecedores, estão alinhados economicamente com este tipo de projeto? Cabe ao governo e aos entes privados refletirem.

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18 comments
  1. resumindo, A CCR não quer investir muito: quer pegar a infraestrutura pronta e feita pelo Estado…

    1. falou e disse, eles não querem arcar com os custos de infraestrutura. Querem pegar pronto do Estado com nosso dinheiro e depois dar um serviço porco e barato para aumentarem seu lucro às nossas custas.

  2. Amei a matéria. Eu estava ansioso aguardando algo que ajudasse a dar um pouco de luz a situação de ontem.
    Eu não ligo para quem vai vencer o leilao, mas o modo que se deu, com o grupo comporte oferecendo 0,01% do valor me deixou muito insatisfeito.
    Afinal, se fosse para o estado fazer a linha que fizesse (o que n fez em 20 anos), agora, vai ser obrigado a fazer para repassar a empresa privada.
    Infelizmente tive a percepção de que o grupo comporte não tem o mesmo afinco com mobilidade urbana do que o grupo ccr (nao importa o quanto as pessoas que nao gostam do grupo falem das falhas, nao é desculpa).
    Logo, espero estar errado que o grupo novo faça melhor o que a grupo ccr fez com as linhas de trem, mas estou descrente pelo leilão.

    Pensando pelo lado da ccr nao participar e pela materia, faz muito sentido não ter participado, vou aguardar mais novas noticias!

  3. ”Hater”
    A empresa porca e preguiçosa e seus fãs que não aceitam críticas.
    Vou comprar um litro de produto de limpeza e doar pra ViaCalamidade, porque ela é muito pobre e não pode limpar os trens ensebados dela

  4. Já não estão dando conta de cuidar das linhas 8 e 9 foi a melhor coisa que fizeram sair de mansinho, e esse 8900 pintado de roxo tá feio que dói melhor os 9500 que vão ficar em definitivo na linha 7 Rubi.

  5. vamos falar a real, ninguém queria esse projeto.

    a reunião do Tarcísio na véspera do leilão foi para entregar para a comporte, que foi a única que sobrou. tanto que fizeram a proposta com lance mínimo porque sabiam que não tinham mais ninguém no páreo.

    vamos lembrar que a comporte também vence o leilão da CBTU-MG nos mesmos moldes: proposta única, lance mínimo, aporte de investimento quase todo do estado.

    é um projeto fadado ao fracasso, como já cansamos de dizer.

    se tudo isso não levantar suspeitas e for investigado, nada mais será nesse país.

  6. Resumindo, eles não entram quando precisam construir alguma coisa, só pegam projetos prontos e operando. Pior foi ler que o leilão foi um sucesso, isso foi uma vergonha, um concorrente e com custo altíssimo pro estado. Mesmo com todos os benesses feitos no edital só teve uma empresa. Mais uma concessão lesiva à população de SP.

  7. Eu concordo com o Leonardo e o Guile não apareceu interessados no projeto. A ccr falou de brownfiel que são projetos prontos. Inclusive a acciona nem entrou nesse leilão. Isso é uma fria. Agora quero ver quem vai interessar pela linha 19 e 20, pois são projetos bem mais caros do que esse tic. Essa linhas devem custar mais de 20 bilhões cada uma.

  8. Percebo que muitos comentários aqui são feitos com o coração. Analisando tecnicamente esquecem que no consórcio está a atual maior empresa de infraestrutura e equipamentos ferroviários do mundo.
    Claro que não há certeza pra nada nesta vida, mas se a CRRC não conseguir fazer acontecer, definitivamente o Brasil é inviável para se modernizar.

    1. Não são comentários com o coração só, a CRRC não vai investir em construir, ela tá no consórcio pra fornecer sistemas e trens, a única garantia é que a manutenção e sistemas vão ser bons, fora isso nenhuma garantia, q L7 pode melhorar com isso se decidirem colocar ATO ou CBTC nela, aí sim seria o grande ponto positivo dessa concessão mas ao custo do tic e tim batendo lata e tirando dinheiro do governo a vontade

    2. A CCR é formada pelas maiores construtoras brasileiras, com atuação no mercado há mais de meio século. Entre os seus acionistas atuais estão Itausa, Votorantim e a americana Black Rock (que é a maior gestora de ativos do mundo, com mais de 10 trilhões de dólares em ativos geridos).

      A Comporte é o que? Um punhado de empresas de ônibus ligadas a um empresário controverso.
      A CRRC, apesar de ser uma das 500 maiores empresas do mundo e com faturamento anual de 37 bilhões de dólares, não vai investir aqui. Os chineses tem sido muito pragmáticos no Brasil, procurando investir pouco em projetos selecionados. Ainda assim, existem fracassos famosos como JAC Motors, Chery, BYD que prometeram investimentos e acabaram abandonando projetos no Brasil. JAC e Chery abandonaram projetos automotivos enquanto a BYD desistiu do monotrilho de Salvador.

      Para tirar a obra do papel, a Comporte terá que levantar dinheiro no mercado e procurar construtoras nacionais com capacidade para construir o projeto (que pode ser uma das quatro que formaram a CCR). Como a Comporte não tem ativos nem muita credibilidade no mercado até o momento, vão se escorar entre os chineses e pedir apoio político (para dinheiro do BNDES).

      Vamos ver até onde vai essa aventura de Tarcísio.

  9. Não sei pq acabaram com os trens de viagem que tinha nos anos 80,90. Saia da Barra Funda até o interior, muitas cidades ia até Presidente Prudente. Deveriam reativar

    1. O sistema de trem de passageiros de viagem já estava sucateado no final dos anos 90 Eu pegava o trem sentido Bauru
      a passagem era mais cara que o onibus e não tinha o mesmo conforto eu pegava pela etusiamos que eu tenho pela ferrovia como outros passageiros que conversa nas viagens.
      Infelizmente no Brasil não vamos ver trem de passageiros de viagem tão cedo as concessão não contempla essa modalidade talvez leve mais de 100 anos nesse ritmo.

  10. Arrisco dizer que foi por pura estratégia e obter o que é “mais fácil”. Explico: como dito na matéria, há uma grande complexidade no projeto do TIC e do TIM, o qual ainda dependerá de um terceiro para ter sucesso (no caso a MRS).
    Em paralelo a isso, temos uma promessa de concessão das linhas 11, 12 e 13 para Maio. Creio que uma linha que terá menos exigências e menor complexidade na atuação, além de um retorno mais preciso, aliado a uma fase de contenção de despesas ante as trapalhadas recentes nas Linhas 08 e 09 fizeram abandonar essa participação.

  11. CCR só pega molezinha, com lucro garantido. Empresa sangue suga do estado. E ainda oferece serviço ruim e porco.

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