Veja como é realizada a manutenção de rede aérea na Linha 5-Lilás

Acompanhamos o processo de manutenção corretiva que visa realizar da troca de fios desgastados por novos
Equipe que participou da manutenção de rede aérea na Linha 5-Lilás (Jean Carlos)
Equipe que participou da manutenção de rede aérea na Linha 5-Lilás (Jean Carlos)

Sistemas metroviários são modos de transporte de altíssima capacidade que precisam circular com baixos intervalos. Dentre os diversos componentes vitais para o funcionamento deste transporte está o sistema de rede aérea.

Na Linha 5-Lilás, operada pela ViaMobilidade, utiliza-se um sistema de alimentação com 1500 Volts em corrente contínua. Para manter os trens alimentados, uma série de cabos elétricos é energizada, fornecendo tensão aos trens.

Sistema de rede aérea em catenária rígida com tensão de 1500 Volts (Jean Carlos)
Sistema de rede aérea em catenária rígida com tensão de 1500 Volts (Jean Carlos)

Com o passar do tempo os fios acabam sofrendo desgaste, sendo necessário sua aferição e, inevitavelmente, sua troca. Veja nesta matéria como ocorre a manutenção corretiva no sistema de eletrificação da Linha 5-Lilás.

Preparação

Para que a atividade de manutenção ocorra é necessário cumprir-se diversos procedimentos. Um deles é a atividade de vistoria preventiva do trecho onde os técnicos de manutenção fazem o mapeamento de diversas regiões da via.

Em uma das inspeções foi detectado desgaste do fio de contato, que fornece energia ao trem por meio do pantógrafo. Nesta vistoria observou-se que um trecho entre as regiões Moema e AACD Servidor possuía desgaste em um dos cabos.

Padrão de catenária rígida utilizado na Linha 5-Lilás (ViaQuatro)
Padrão de catenária rígida utilizado na Linha 5-Lilás (ViaQuatro)

No local o sistema elétrico é sustentado através de catenária rígida, onde o fio é preso por um perfil metálico. Quando o desgaste da estrutura chega à 113 mm é necessário realizar a troca do cabo. A medição é realizada com paquímetro do topo da catenária rígida até a base do fio de contato.

A próxima etapa é a realização da notificação de atividade através do sistema de gestão integrado SAP. As equipes, então notificadas, realizam o planejamento das atividades.

Planejamento da atividade (Jean Carlos)
Planejamento da atividade (Jean Carlos)

O planejamento envolve as estratégias que serão utilizadas para a realização da atividade em campo. Ele engloba os pontos de corte do fio, equipamentos a serem utilizados e insumos a serem trocados. A ideia é ter em mente o que cada colaborador deve fazer para tornar o processo mais eficiente.

Após o planejamento da atividade é realizada ainda a etapa de programação. Uma equipe especial realiza a alocação da manutenção dentro de um dia com cronograma pré-determinado. A ideia é de que neste dia todas as atividades de manutenção não entrem em conflito com a atividade de manutenção de rede aérea.

Perfil do fio de contato utilizado. O cabo possui uma ranhura onde é feito o encaixe na catenária (Eland Cables)
Perfil do fio de contato utilizado. O cabo possui uma ranhura onde é feito o encaixe na catenária (Eland Cables)

O CCO se mantém ciente de todas as atividades, competindo a ele a supervisão em tempo real de todas as equipes que entram nas vias, bem como a retirada destas equipes para o início da operação comercial pela manhã.

Manutenção

Para a realização das atividades de manutenção, as equipes fazem preparativos de equipamentos. São separados ferramentas convencionais e especiais para o auxílio na atividade de manutenção como equipamento de medição, chaves diversas, alicates, etc.

Veiculo de manutenção de Rede Aérea (Jean Carlos)
Veiculo de manutenção de Rede Aérea (Jean Carlos)

Uma composição de manutenção especial é preparada. Ele é composto de um Veículo de Manutenção de Rede Aérea e de um Vagão Porta Bobina onde ficam armazenadas ferramentas e o cabo de rede aérea.

Vagão porta bobina (Jean Carlos)
Vagão porta bobina (Jean Carlos)

Outros itens importantes são os equipamentos de proteção individual, no caso, botas, capacetes, luvas, óculos, talabarte e cinto de segurança. Os funcionários precisam ter certificações especiais como a NR 10 e NR 35 que garantem segurança nos serviços de energia e altura respectivamente.

A composição que faria as atividades de manutenção estava localizada em um túnel entre as estações Eucaliptos e Campo Belo, onde há um estacionamento. A posição do trem economiza o tempo de viagem durante as intervenções.

O trem partiu apenas após a autorização do Centro de Controle Operacional. Na chegada de cada estação o trem aciona a buzina, alertando os funcionários de sua presença. A composição parou na estação AACD Servidor, local próximo a realização da atividade.

Composição de manutenção é deslocada após autorização do CCO (Jean Carlos)
Composição de manutenção é deslocada após autorização do CCO (Jean Carlos)

Antes da realização da atividade uma série de medidas de segurança é tomada. Em outras instalações são realizadas instalações de segurança em salas técnicas do sistema de energia localizadas em Capão Redondo, Brooklin e Santa Cruz.

Nas vias próximas é feita a medição de tensão da rede aérea com um equipamento especial. Após a constatação da ausência de tensão ocorre o aterramento da rede aérea. A partir deste momento, de fato, ocorre a atividade de troca de fios

Aterramento da Rede Aérea (Jean Carlos)
Aterramento da Rede Aérea (Jean Carlos)

A atividade se inicia com os funcionários se posicionando dentro do veiculo de manutenção. O equipamento possui uma plataforma elevada que permite acessa a rede aérea de forma facilitada.

O primeiro passo é a instalação de um sargento na extremidade da área de manutenção. Esse equipamento deverá manter a extremidade do fio presa a rede aérea para que apenas a área necessária seja trocada.

Para a retirada do fio da catenária rígida é necessário utilizar uma ferramenta especial. Um carrinho projetado especialmente para este tipo de alimentação elétrica é encaixado e faz a abertura da barra metálica, sendo assim possível retirar o fio de sua base.

Carrinho utilizado para a retirada de instalação do fio de contato (Jean Carlos)
Carrinho utilizado para a retirada de instalação do fio de contato (Jean Carlos)

Conforme o carrinho é puxado pelos colaboradores a barra se abre e o fio antigo vai sendo gradativamente removido. Os colaboradores cuidam para que o cabo seja posicionado em local que não prejudique a movimentação e a segurança dos colegas.

Após o processo de extração do fio é realizado o corte. Nesse processo é importante se atentar a um possível ricochete do cabo, de forma que se evite acidentes. Após a remoção parte da equipe faz o processo de separação do material que deverá passar pelo processo de logística reversa.

O lançamento do novo fio é realizado de forma semelhante à extração. Neste caso os novos cabos, na bobina, são posicionados no carrinho que é tracionado na direção oposta.

Fio novo sendo fixado (Jean Carlos)
Fio novo sendo fixado (Jean Carlos)

Neste momento o novo fio vai sendo automaticamente fixado pelos sulcos existentes. A barra metálica faz o papel de pinça, o que garante que o sistema de energia se mantenha rígido.

O fio passa por processo de lubrificação, de forma que o seu encaixe seja facilitado. O trabalho conta com apoio de várias pessoas para que tudo seja executado com precisão e sem falhas.

Processo de instalação do novo fio (Jean Carlos)
Processo de instalação do novo fio (Jean Carlos)

Finalização

Após a instalação do fio é realizada uma inspeção visual para assegurar a qualidade do trabalho. O trecho onde está localizado a divisa entre o fio novo e o velho é esmerilhado para que se crie uma transição suave entre as duas áreas.

O veículo de manutenção, que é munido de um pantógrafo, faz uma passagem pela área, assegurando a segurança e a boa execução dos serviços. O sargento é removido assim como o aterramento de rede aérea.

A rede aérea é inspecionada após os serviços (Jean Carlos)
A rede aérea é inspecionada após os serviços (Jean Carlos)

Com o encerramento das atividades em campo os funcionários seguem rumo a um estacionamento de trens ou para o pátio de manutenção mais próximo. A partir daí são realizadas as tratativas administrativas para a finalização do serviço.

Conclusão

A manutenção do sistema de rede área é fundamental para o bom funcionamento dos trens, já que é este conjunto de equipamentos que garantem a alimentação elétrica para as composições.

As manutenções só podem ser realizadas durante a madrugada, período em que é possível desligar a energia do trecho para permitir o acesso seguro dos funcionários.

As composições conseguem circular com maior segurança após as manutenções (Jean Carlos)
As composições conseguem circular com maior segurança após as manutenções (Jean Carlos)

Observa-se da mesma forma que é realizado um planejamento muito acurado antes das atividades. Primeiro detecta-se os pontos de atenção que são monitorados. Ao atingir o ponto de alerta é realizada a programação da troca.

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As atividades são realizadas de forma que tanto os funcionários quanto o CCO saibam das atividades. As regras de segurança, individual, coletiva e do sistema permitem a realização de uma atividade complexa com qualidade e celeridade.

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2 comments
  1. Eu acho meio errado essa catenária rígida seguir em linha reta em vez de seguir em zig zag como no sistema comum, porque acaba causando um desgaste localizado no contato do pantógrafo enquanto no zig zag o desgaste ocorre em toda a área de contato.
    Não seria possível fazer zig zag com a catenária rígida?

    1. Prezado,
      Sobre seu comentário, existe sim zigue-zague na catenária rígida, sugiro consultar o ótimo documento explicativo através do seguinte link:
      https://anptrilhos.org.br/wp-content/uploads/2020/11/melhores-praticas-anptrilhos-2020-viaquatro-marco-oliveira.pdf
      A forma de aplicação de zigue zague em catenária rígida apresentada no documento é típica.
      Este documento é referente à Linha 4, mas acredito que a concessionária esteja aplicando a mesma solução na Linha 5.

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