A ViaMobilidade, concessionária que assumiu as linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM em janeiro, está tentando obter autorização de órgãos de preservação histórica para desmontar a passarela que liga as plataformas da estação Júlio Prestes.
Após obter aval do IPHAN (governo federal) e Condephaat (estado), a empresa acabou tendo seu pedido reprovado por unanimidade pelo Conpresp, ligado à Prefeitura de São Paulo.
A passarela em questão fica localizada ao fundo das plataformas da tradicional estação, erguida há quase 100 anos. A estrutura, no entanto, foi construída nos anos 70, quando Júlio Prestes recebia muitos passageiros e ela servia como uma ligação rápida entre as plataformas.
Desde que passou a receber apenas a Linha 8-Diamante, a estação movimenta poucos usuários. Em novembro, dado mais recente disponível, passaram diariamente por ela menos de 5 mil pessoas.

A ViaMobilidade alega ainda que a passarela não tem valor histórico já que “não faz parte do projeto original da gare e, em verdade, compromete a visão da face envidraçada que arremata o fim da construção“. A empresa aponta também que a “a passarela apresenta graves problemas de corrosão que comprometem sua estabilidade” e que não atende os requisitos de acessibilidade das normas vigentes.
O Iphan não viu qualquer impeditivo à desmontagem visto que em sua visão a estação Júlio Prestes encontra-se em processo de tombamento, como parte do complexo da Luz, e que ainda não foi finalizado. Já o Condephaat concordou com a retirada desde que a ViaMobilidade obtenha as demais autorizações.

Valor histórico
Entretanto, durante a 767ª reunião do Conpresp, realizada em 29 de novembro de 2022, o colegiado manifestou-se contrário a proposta de desmontagem de conjunto de passarelas e escadas. A justificativa é que a estrutura possui “valores estéticos – pela sua linguagem construtiva, e históricos – como testemunho de uma importante fase da estação, devendo a Concessionária Via Mobilidade incorporar a conservação desse elemento ao projeto de restauro do conjunto arquitetônico“.
Segundo parecer emitido pela arquiteta Lícia Ferreira, do Núcleo de Projeto, Restauro e Conservação da prefeitura, a passarela tem valor histórico por ter sido incorporada à imagem do edifício.
“Nesse sentido, considerando que a passarela possui valor histórico e estético e que, embora com sérios problemas de estrutura, é passível de recuperação; que a demanda de usuários é dinâmica e pode ser alterada conforme o planejamento das linhas de trem; e que ela não promove prejuízo à fruição do espaço da gare, encaminhamos o presente com manifestação contrária à retirada da passarela, com a diretriz de incorporar a conservação de seus elementos construtivos, ao projeto de restauro do conjunto arquitetônico“, afirmou.
A ViaMobilidade entrou com recurso em dezembro para tentar reverter a decisão, que será analisado futuramente.
