Prejuízo, caos e um patrimônio líquido inferior ao preço de um trem. Essa é a situação de “fim dos tempos” que a Supervia, operadora do transporte ferroviário do Rio de Janeiro, enfrenta atualmente.
A empresa privada divulgou recentemente seu balanço contábil com números e constatações alarmantes. A própria Supervia admite: há risco real de falência da empresa.
Resultados financeiros
Os resultados financeiros da Supervia mostram uma empresa imersa em uma crise fiscal. A companhia teve saldos negativos na maioria de seus balanços.
A receita líquida da empresa apresentou queda de 26,8%, saindo de R$ 816 milhões em 2022 para R$ 597 milhões em 2023. O custo do serviço aumentou em 4,1% no período.
O resultado foi uma queda do lucro bruto em 94,8% e o aumento do prejuízo líquido da empresa em 108,1%, chegando ao valor de R$ 372 milhões em perdas durante 2023.
No que se refere às receitas, foi considerado no cálculo as receitas de construção que se referem aos investimentos. Neste sentido, a Supervia reduziu as melhorias no sistema em 81,5% em 2023.
A venda de bilhetes foi fortemente impactada. Sendo a maior fonte de receitas da empresa, a queda de 18,6% representa R$ 556 milhões na venda de bilhetes em 2023.
No que se refere ao custo dos serviços prestados, a folha de pagamento foi melhor remunerada, com aumento de 10,4% nos salários e benefícios. Porém, houve queda generalizada em diversos indicadores.
Destacam-se os investimentos com materiais (queda de 21,3%), limpeza e higienização (queda de 16,5%) e manutenção/conservação (queda de 12%).
Patrimônio dilapidado
Um dos fatores mais preocupantes do relatório é o balanço patrimonial da empresa. A Supervia registrou queda no seu ativo da ordem de 6,1%, chegando ao valor de R$ 2,2 bilhões.
Os passivos da empresa, por sua vez, só registraram aumentos, tanto no circulante como no não circulante. O primeiro geralmente é mais preocupante, pois nele estão alocadas as dívidas com empréstimos, o maior custo da empresa. Os passivos aumentaram em 11,3% atingindo R$ 2,1 bilhões.
A situação da Supervia se tornou tão alarmante que o patrimônio líquido da empresa, ou seja, a diferença entre todas as receitas, valores, bens e as suas dívidas de médio e longo prazo, chegou a um valor de apenas alguns milhões de reais.
O patrimônio líquido da empresa hoje é de apenas R$ 49 milhões. Este valor é inferior ao de um trem novo da Série 8900 que custou em média R$ 60 milhões por unidade para a concessionária paulista ViaMobilidade. O indicador representa uma queda de 88,3% do registrado em 2022 que era de R$ 421 milhões.
Segundo dados da Agetransp, que gerencia o transporte público no Rio de Janeiro, a Supervia transportou menos de 20 milhões de passageiros no primeiro trimestre de 2024, uma queda de 12,% em relação ao mesmo período de 2023. A concessionária é responsável por uma malha de trilhos com mais de 250 km de trilhos e 100 estações.
Ultimato
A situação da Supervia pode ser atestada pelo próprio relatório da empresa em que é citada que as condições operacionais da operadora privada dependerão de eventos futuros como a assinatura de novo termo aditivo, negociação de dívidas e atendimento ao plano de recuperação judicial.
“Dessa forma, a continuidade operacional da Companhia e de suas controladas dependerá dos eventos futuros, das ações e conclusão das negociações descritas anteriormente, bem como da assinatura do 13º Termo Aditivo ao Contrato de Concessão”
A Supervia ainda lançou um ultimato para o governo do Rio de Janeiro: ou a gestão estadual se posiciona sobre os pleitos indenizatórios da empresa ou a situação de recuperação judicial irá evoluir para a falência da Supervia.
“Para evitar a conversão da RJ em falência, a SuperVia pede que o Governo do Estado se manifeste, de forma definitiva, sobre as seguintes providências: (1) o pagamento, pelo Governo do Estado, dos valores devidos à SuperVia pelo congelamento das tarifas entre 2021 e 2023 e dos valores totais referentes à perda financeira decorrente da Covid-19, quando a concessionária precisou manter a operação, mesmo com a queda brutal do número de passageiros; e (2) a necessidade de reestruturar o modelo de concessão para garantir a sustentabilidade do serviço para a população.”
Em suma, ou o governo do Rio de Janeiro resgata a empresa, ou a concessionária deverá quebrar. A atual gestão diz estudar um plano de contingência indicando que pretende repassar a terceiros a operação e a manutenção do sistema, separando as duas atividades até encontrar uma solução definitiva.
Diferente do Grupo CCR, Supervia não “mama nas tetas do estado”
sempre mamou. a supervia já foi socorrida várias vezes pelo estado do RJ.
só que os termos do contrato lá são diferentes, fazendo com que a concessão fique dependente da tarifa paga pelo usuário. aqui em SP o estado é responsável pela arrecadação, mas paga um valor contratual por passageiro e tem um numero mínimo garantido. então pra eles quanto menos usuário melhor. só olhar os pedidos de reequilíbrio por conta da pandemia.
má gestão, somados aos problemas de segurança pública e sucateamento do serviço, fizeram chegar o que a supervia chegou hoje. o usuário abandonou o sistema, e com menos usuário a arrecadação cai. o governo do estado do RJ está quebrado. a corrupção lá é exageradamente alta. o dinheiro da privatização da CEDAE, o ultimo respiro do RJ, virou poeira quando Cláudio Castro comprou apoio dos prefeitos e distribuiu o valor. agora o RJ está sem dinheiro e sem nada para vender. quem vai socorrer a ferrovia carioca vai ser o governo federal
Sem contar que não querem integração gratuita, o que faria explodir o numero de usuários nos trens (igual ocorreu na CPTM), o que geraria mais receita
Estações controladas pelo tráfico, pessoas que simplesmente pulam catracas e muros, constantes furtos de cabos, insegurança da população, realmente um serviço que era pra ser livre da corrupção e das milícias diferente dos ônibus, realmente, o governo do Rio de Janeiro se esforça para ser o pior, e isso não vai mudar, pq sabemos que desde vereador ao governador, ambos estão ligados em esquemas e grupos.
esse é o futuro da ferrovia em SP
Não creio nisso, até pq apesar de SP também ser bagunçado e corrupto, acredito que está mto longe da situação caótica que vive o RJ. Aqui não há estações mantidas pelo tráfico e o número de usuários tende a crescer com a expansão das linhas, entretanto, assim como lá o governo sempre pagará pelos “ajustes” nos contratos.
Pode ter certeza que o atual governador, que vem justamente do Rio de Janeiro, está lutando bravamente para que a CPTM fique na mesma situação da Supervia.
o sistema do RJ é caótico desde sempre.
na época da CBTU (que já era horrível) eram transportados cerca de 1 milhão por dia. hoje é em volta de 300 mil.
SP caminha para uma miscelânia de contratos caros e com grande subsidio do estado. se a rede estiver toda nas mãos da iniciativa privada, uma hora vai faltar dinheiro. e aí vai ser o efeito cascata igual vemos no RJ: falta de verba do estado, aumento de tarifa, fuga de usuários, empresas indo a falência e largando os contratos e sucateamento do serviço. aí o estado se pegar de volta, vai gastar muito mais que a “economia” trazida pelo contrato.
o serviço metroferroviario é complexo, e quanto maior a expansão da rede, maior seu custo para manter e retorno financeiro é proporcionalmente menor, pois muitos usuários “novos” serão os mesmos de antes, a diferença que o deslocamento até o metrô/trem será menor, ou se dará por outra linha. e considerando o modelo que temos atual, cada contrato vai receber individualmente pelo passageiro, independente do número de integrações.
E qual seria a sua sugestão para melhorar essa situação da Supervia?
O estado do Rio dar uma ajudinha com um reequilíbrio econômico ou aumentar a tarifa para mais de 10 reais?
Em ambos os casos quem sairá prejudicado será a população do Rio.
Repito, o sistema de transporte metro-ferroviário não deveria ser privatizado, pois é um modelo de negócio que nunca será lucrativo com base na tarifa pública praticada.
Imagina se a população teria dinheiro pra pagar mais de 20 reais por dia pra ir e voltar do trabalho.
Não se pode ter uma tarifa de mais de 10 reais só para garantir o lucro das concessionárias.
O transporte público é um direito social garantido para todas as pessoas, independente da renda e sempre norteada pela modicidade da tarifa.
esse é um dos motivos da baixa adesão a supervia: tarifa cara e sem integração.
somados aos problemas que já conhecemos, como segurança e falhas na operação.
isso tudo afugenta o usuário.
aumentar a tarifa, pode gerar o efeito contrário e afastar mais gente e aumentar mais ainda o rombo.
só dar reequilíbrio econômico financeiro vai salvar financeiramente a empresa, mas não vai resolver os problemas da prestação serviço.
Para ficar igual aos onibus municipais de SP, que sugam todo ano, mais de R$ 5 bilhões de subsídios para manter um péssimo serviço?
Não, obrigado!
O mundo mostra que transporte publico não é mercadoria e acaba custando bem mais caro para o usuário e para o proprio governo!!
E DISCORDO de manter privatizado.
Vários metrôs e trens no mundo foram REESTATIZADOS.
Alguém, em sã consciência, acredita que o SR governador Cláudio Castro vai fazer algo pela Supervia? Eu tenho pena dos usuários cariocas. Dou graças a Deus que não moro no RJ e nem tenho o prazer de conhecer a Supervia.
Tenho uma amiga que já morou por duas vezes no Rio e não quer nem saber de voltar pra lá.
Morei no Rio até o ano passado e São Paulo pode ter vários defeitos, mas não o de uma infraestrutura tão porca quanto a do Rio. No entanto, com o atual governador carioca, SP está a passos largos de se tornar um Rio de Janeiro sem uma capital com praias tipo lá.
Em Paris o metrô é estatal, em Los Angeles o metrô é estatal, em Amsterdam o metro é estatal, em Roma o metrô é estatal, em Nova York o metrô é estatal, em Atlanta o metrô é estatal, em Shanghai o metrô é estatal, em Beijing o metro é estatal, em Madrid o metrô é estatal, em Salt Lake City o sistema de trens é estatal, em Houston o sistema de trens é estatal, em Lisboa o sistema de trens é estatal. A pergunta: Por que privatizaram o metrô do Rio de Janeiro? Imaginemos quanto dinheiro foi para os acionistas dessa empresa japonesa e como seria se esse dinheiro tivesse sido reinvestido nas linhas do metrô. São Paulo está correndo grande perigo se privatizaram o Metrô, que é reconhecidamente uns dos melhores sistemas do mundo, e bem visto pela população. A
Infelizmente contrariando o prof. Marcus Quintella não houve o tal legado para a mobilidade urbana do Rio de Janeiro não se efetivando positivamente transformado em termos de transporte público, em comparação a 2009, ano da indicação da cidade como anfitriã dos Jogos Olímpicos 2016, em que foram realizados grandes investimentos para a melhoria da mobilidade urbana, inclusive obras não constantes do caderno de encargos do COI, e os resultados práticos esperados e quais os benefícios que serão usufruídos pelos habitantes de toda a região metropolitana, após o término do evento, como o tão alardeado legado olímpico não acontecerem, e ainda mandaram para São Paulo um despreparado soberbo que está sendo um desastre administrativo deixando um estado falido para seu sucessor!
Esse é o futuro da ViaMobilidade. Hoje o Tarcísio passa pano, usa São Paulo de palanque eleitoral, amanhã consegue o que quer (ou não), vira as costas e larga o problema pros paulistas resolverem
Acho que essa conta deve acabar sobrando para o governo federal
Tá feio mesmo, a Hitachi que até então administrava a SuperVia vazou fora, mas também quem manda eles cobrarem um preço absurdo na passagem num trem suburbano que não tem segurança nenhuma com milicianos e traficantes dominando as estações?