Acordo do Brasil com a China para produção de trens é criticado por associação do setor
Governo Lula anunciou negociações para atrair produção de material ferroviário de chineses. Abifer pede valorização da indústria nacional

A visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à China para estreitar relações comerciais com o país asiático foi palco do anúncio de vários acordos para investimentos no Brasil.
Entre eles está a produção de trens, segundo disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa. O objetivo será a instalação de fábricas chinesas para produção de trens, metrô, VLT e outros equipamentos, afirmou o ministro à imprensa.
Entre as metas estabelecidas está a implantação da Ferrovia Bioceânica, entre o Peru e o porto de Ilhéus, na Bahia, ligando portanto os oceanos Atlântico e Pacífico.
A iniciativa visa também outras rotas como a ferrovia entre Porto do Açu, no Rio de Janeiro, a Porto Velho, em Rondônia, e a estrada de ferro entre o porto de Santos e Antofagasta, no Chile.

Esses estudos têm atraído o interesse de duas gigantes ferroviárias chinesas, a CRRC e a CREC, mas a abertura do mercado brasileiro para elas causou reclamações da Abifer, a entidade que representa a indústria ferroviária nacional.
A associação manifestou “profunda indignação em relação à recente matéria que anuncia uma parceria entre os governos brasileiro e chinês para a produção de trens na China”.
A Abifer defende a cooperação internacional, porém, afirmou que o país precisa valorizar sua própria indústria ferroviária.

Trens chineses no Brasil
As manifestações ocorrem em meio a uma série de encomendas de trens de passageiros que estão sendo fabricados na China.
Após algumas encomendas terem ocorrido no passado recente no Metrô do Rio e na Supervia, além da fabricação de oito composições da Série 2500 para a CPTM, o setor ainda respirou com pedidos seguidos para a Alstom no Brasil.
Mas outros três contratos mostraram que as fábricas chinesas estão em alta. A BYD assumiu a encomenda de 14 trens de monotrilho para a Linha 17-Ouro enquanto a própria Alstom optou por montar 19 unidades do trem Innovia 300 com sua parceira CRRC em vez de reativar a fábrica de Hortolândia, em São Paulo

.
De quebra, a mesma CRRC fornecerá os trens do Metrô de Belo Horizonte e, por ser sócia da concessionária TIC Trens, fabricar as composições do Trem Intercidades Eixo Norte.
A gigante chinesa foi ainda a vencedora da esperada concorrência por 44 trens para as linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha do Metrô.
Com tantos pedidos, a CRRC tem sondado áreas para montar parte desses encomendas no país.
Esses projetos são para daqui 20/40 anos. Seria lindo, mas está muito longe!
Temos demandas regionais/metropolitanas mais rápidas de serem implementadas, incluindo a Ferrogrão….
E esqueçam o trem bala Rio/SP.