Alstom vai levar quase 20 anos para concluir contrato do CBTC do Metrô

Sistema está pendente de implantação na Linha 3-Vermelha. Previsão atual é que contrato firmado em 2008 seja finalizado apenas no segundo semestre de 2027
CBTC será adiado novamente (Jean Carlos)
CBTC será adiado novamente (Jean Carlos)

Parece piada de mau gosto, mas a modernização do sistema de sinalização do Metrô de São Paulo já perdura por 16 anos e acaba de ser estendida mais uma vez com um novo aditivo que adia seu fim por quase três anos.

O contrato que foi firmado com a Alstom em 2008 (isso mesmo que você leu) deve chegar próximo aos 20 anos de vigência, algo completamente irracional do ponto de vista de gerenciamento de projetos.

A finalidade do contrato é, entre vários pontos, a troca do sistema de sinalização das linhas 1-Azul, 2-Verde e 3-Vermelha para o padrão CBTC. O modelo permite a redução dos intervalos através da tecnologia de “bloco móvel”.

CBTC vs ATC
Veja por que o CBTC é um sistema de controle de trens mais capaz que o ATC

O sistema entrou em operação inicialmente na Linha 2-Verde apenas em 2020, ou seja, 12 anos após início do contrato.

Em 2022, foi a vez da Linha 1-Azul ganhar o sistema de sinalização que está em operação.

A Linha 3-Vermelha ainda é o grande impasse do contrato. O Metrô chegou a mudar o cronograma de entrega do final de 2024 para o status “em reprogramação”.

Um novo documento sugere um atraso bastante evidente. Segundo o termo aditivo nº06, o contrato para a modernização do sistema de sinalização será encerrado apenas em agosto de 2027.

Contrato com a Alstom é prolongado até 2027 (CMSP)
Contrato com a Alstom é prolongado até 2027 (CMSP)

Cabe citar que este contrato também engloba as portas de plataforma das estações Itaquera e Barra Funda, esta última tendo que ser comissionada apenas recentemente. A estrutura estava implantada e parada há meses, assim como em Itaquera.

Portas de plataforma de Barra Funda iniciaram operação (Jean Carlos)
Portas de plataforma de Barra Funda iniciaram operação (Jean Carlos)

Questiona-se o que leva um contrato de modernização ter uma duração tão prolongada. O serviço, que foi contratado no dia 3 de julho de 2008, é de fato tão complexo? Ou existe, porventura, algum empecilho “não técnico” que impeça um avanço minimamente aceitável?

Atualmente a Linha 3-Vermelha opera com o sistema de sinalização ATC. Apesar de parecer obsoleto, tal sistema conseguiu a proeza de transportar mais de 1,4 milhão de passageiros por dia nos períodos de ouro do Metrô, um número bastante expressivo para um sistema antigo.

É certo que o CBTC deverá chegar à Linha 3 antes de 2027, mas espanta que um contrato possa ter tantos problemas para ser prolongado por tanto tempo, o equivalente a mais de um terço do tempo de operação do Metrô em toda a sua história.

 

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  1. Incrível que em todos os contratos dessa Alstom só dá problemas, já deveria ter sido banida em participar de licitações faz tempo

    1. Sua memoria ta fraca. A verdade é que poucas empresas realmente prestam um serviço decente. Os trens cobrasma davam mto problema la nos anos 80. Os monotrilhos da Bombardier ficaram a desejar. A frota H (Caf) veio com varios erros de projeto. A Scomi bateu as botas entres de entregar os trens da 17. A frota K veio zicada. Tem as varias tretas relacionadas a PSD.
      Se a gente for proibir participar de licitações toda empresa que ja deu problema, não sobrara nenhuma.
      Ja foi gasto mais de 1 bilhao nesse projeto: o foco agora é terminá-lo, nao ficar gerando polêmica inutil

  2. Em uma rapida pesquisa na internet, vejo que varias cidades no mundo passam pela mesma situacao: instalação de CBTC em linhas em operação super demorada e estourando (e muito) o cronograma.
    Nao querendo defender a Alstom, porém os prazos acertados eram surreais.

    1. Pois é, sem falar que o Brasil não possui mão-de-obra qualificada para projetar e implantar sistemas de sinalização ferroviários dessa complexidade. Tudo é projetado no exterior e a implantação acompanhada por técnicos estrangeiros.

      Mas o governo paulista, por exemplo, ao invés de investir numa Fapesp, USP, preferiu pagar o Senai (que é basicamente bancado pelo estado brasileiro) para ensinar jovens a apertar parafusos na Lapa numa escola “técnica”.

  3. Se este fosse um país sério, esse tipo de incompetência deveria contar como impedimento ou pontuação negativa para uma empresa que participe de qualquer concorrência pública futura até ela concluir o serviço.

    1. Sem surpresas!
      Esse tem sido o nosso tempo médio para qualquer grande obra ou reestruturação no Metrô. Não somos a China…
      Só o fato de sair do papel e virar realidade, já é lucro.

    2. Se fosse uma país sério, a Aeromóvel S/A seria desqualificada do processo de escolha do People Mover do Aeroporto de Guarulhos, dado o fracasso da empresa no Aeromóvel do Aeroporto de Porto Alegre.

  4. Tem que se levar em conta o “fator Tarcísio” nessa prorrogação. É possível que ele esteja postergando a implantação pra que isso se torne obrigação da concessionária que levar a linha 3. Se for isso, a implantação vai ser adiada indefinidamente. O sucateamento das linhas públicas está a todo vapor, com acidentes e problemas acontecendo quase diariamente.

  5. Não tem desculpa, o sistema já foi implantado nas outras duas linhas (inclusive na azul que é mais antiga). Começam a instalação de PSDs na L3 (onde não tem sistema), depois colocam a desculpa das mesmas não funcionarem justamente por isso, por que então não finalizam na L2 ou L1?
    Mais uma vez o dinheiro público sendo jogado fora…

  6. Sem surpresas!
    Esse tem sido o nosso tempo médio para qualquer grande obra ou reestruturação no Metrô. Não somos a China…
    Só o fato de sair do papel e virar realidade, já é lucro.

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