Após testar limite dos metroviários com cortes de salários e benefícios, Doria enfrenta sua primeira paralisação do Metrô

Trem do Metrô (CMSP)

Foram várias ameaças de greve até que finalmente o Metrô de São Paulo parou por conta de uma paralisação nesta terça-feira, 28. Embora o governo Doria e o Sindicato dos Metroviários tenham chegado a um acordo já na madrugada de hoje após o secretário Alexandre Baldy ceder à proposta da categoria, as linhas 1-Azul, 2-Verde, 3-Vermelha e 15-Prata amanheceram fechadas. Todas as linhas haviam retomado a operação normas às 7h25, segundo a companhia.

Baldy lamentou a decisão do Sindicato dos Metroviários, que considerou absurda. “Um sentimento que percebo no Sindicato de falta de humanidade e responsabilidade com a população”, afirmou em suas redes sociais. No entanto, a categoria já sinalizava que poderia entrar em greve após o governo Doria não aceitar a proposta que, segundo o próprio sindicato, havia sido encampada pelo Tribunal Regional do Trabalho.

A proposta prevê a manutenção de benefícios como o adicional noturno de 50%, a gratificação por tempo de serviço, adicional de férias e de horas extras e extensão do acordo coletivo até 30 de abril de 2021. Desde março, o sindicato diz tentar estender o acordo, mas o Metrô teria proposto uma redução nos benefícios. A gota d´água foi a decisão da companhia de reduzir os salários dos funcionários em 10% em julho, que serão pagos quando houver receita.

Em nota ao jornal Folha de São Paulo, o Metrô afirmou que a baixa arredacação por conta da pandemia do coronavírus afetou o caixa da companhia, que está buscando formas de reduzir seus custos, como oferecer o trabalho remoto à parte dos empregados – a empresa tem hoje pouco mais de 8,6 mil pessoas no seu quadro.

Longo embate

O relacionamento entre o Metrô e o Sindicato dos Metroviários é há muito tempo conturbado. A agremiação sofre influência de partidos de esquerda e muitas vezes acaba conclamando greves por motivos políticos e que muitas vezes nem se referem ao governo do estado. Para reduzir sua força, as gestões tucanas têm buscado conceder para a iniciativa privada mais linhas metroviárias e agora devem atingir também a CPTM. Nessas concessionárias como a ViaQuatro e a ViaMobilidade, as paralisações não encontram eco, como ocorre nesta terça-feira, com as linhas 4-Amarela e 5-Lilás funcionando normalmente.

Entretanto, vale ressaltar que o atual episódio envolve de fato uma negociação salarial, que é a função de um sindicato. Se a proposta é ou não realista ou justa, não cabe a nós apontar, mas não se pode esperar outra reação dos funcionários quando uma administração se nega a chegar a um acordo e ainda anuncia um corte de salários. Cada lado certamente vai acusar o outro de insensibilidade, mas no fim, como sempre, a conta sairá do bolso do contribuinte.

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