Com Linha 19-Celeste, Metrô de São Paulo deve voltar a ganhar relevância no governo

Trem da Linha 15-Prata do Metrô (Jean Carlos)
Trem da Linha 15-Prata do Metrô (Jean Carlos)

O anúncio de que o Metrô de São Paulo lançará a licitação para projeto, obras civis e sistemas da Linha 19-Celeste no primeiro trimestre de 2025 surpreendeu quem acompanha de perto o setor metroferroviário.

Até então, o ramal de 17,6 km que ligará Guarulhos ao centro da capital era considerado um projeto de concessão, em meio a vários ramais em estudo.

Mas mudanças importantes na gestão e no próprio movimento do mercado teriam feito o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) rever o plano de desidratar a companhia.

Governador Tarcísio de Freitas (centro) - GESP
Governador Tarcísio de Freitas (centro) – GESP

O primeiro aspecto pode ter sido o interesse da Acciona pela Linha 16-Violeta. A construtora espanhola está na dianteira para assumir o ramal de 16 km, que estava em segundo plano no cronograma do governo.

Com a empresa focada nessa linha, outros projetos de concessão podem ficar esvaziados, com menos grupos dispostos a assumi-los, como é o caso do lote Alto Tietê e da Linha 20-Rosa.

Diante de um eventual fracasso na concessão da Linha 19, manter o projeto com o Metrô passou a fazer sentido.

Dividida em três grandes lotes, a licitação deve ser concluída ainda em 2025 para que as obras comecem em 2026 e sejam finalizadas por volta do início dos anos 2030.

É um prazo longo e que não impede que a Linha 19 seja operada por um parceiro privado, como ocorre com a Linha 4-Amarela, mas declarações recentes de Tarcísio deixam no ar um cenário mais esperançoso para o Metrô.

Mapa de estações da Linha 19-Celeste
Mapa de estações da Linha 19-Celeste

Reequilíbrio financeiro

Durante o balanço das ações em 2024, o governador afirmou que a companhia tem passado por importantes melhorias em sua gestão.

O Metrô, que passava por dificuldade financeira, se recuperou. O Metrô, que se transformou numa estatal dependente, no ano que vem voltará a ser uma estatal independente“, disse.

Segundo Tarcísio, uma série de ações tomadas para melhorar a situação da empresa, que inclui a geração de receita acessória e a gestão do patrimônio, tem ajudado na sustentabilidade financeira.

Até setembro, no entanto, os dados divulgados pela companhia mostravam um prejuízo líquido de quase R$ 736 milhões, situação similar a 2023, quando houve um prejuízo de R$ 900 milhões no ano inteiro.

Presidente do Metrô, Júlio Castiglioni (Jean Carlos)
Presidente do Metrô, Júlio Castiglioni (Jean Carlos)

Parte do mau desempenho financeiro, no entanto, envolve a tarifa defasada e não é por menos que o atual presidente do Metrô, Júlio Castiglioni, tem buscado mudar a forma como a empresa é paga pelo serviço prestado.

A proposta do executivo seria o pagamento de uma “tarifa técnica”, semelhante ao que é feito com as concessionárias, que recebem um valor independente da tarifa.

Ele seria mais alto que o atual repasse feito por uma câmara de compensação em que Metrô e CPTM estão no fim da fila.

Expertise

Mais enxuta e eficiente e com receitas garantidas, a Companhia do Metropolitano de São Paulo (como é chamada oficialmente) ressurgiria como alternativa eficaz para gerir projetos importantes e também operar algumas linhas.

A despeito do apoio de concessionárias privadas, a malha metroferroviária paulista é enorme e deve ficar muito maior nas próximas décadas e perder o expertise do Metrô nesse meio tempo seria algo preocupante.

 

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