Curitiba vai desativar corredor de ônibus BRT para implantar um VLT

Linha inédita de Veículo Leve sobre Trilhos ligará o Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, ao Centro Cívico, na capital paranaense
VLT deverá ligar o centro de Curitiba ao Aeroporto Afonso Pena (SMCS)

A prefeitura de Curitiba, no Paraná, celebrou um contrato com  o BNDES (Banco de Desenvolvimento Econômico e Social) para a elaboração de um estudo para implantação e concessão de uma linha de Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) entre a capital e o Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais.

O projeto prevê uma linha com 22,8 km de extensão, 27 paradas e capacidade para atender 160 mil passageiros por dia. Ela será implantada no lugar um corredor de ônibus BRT, que será desativado.

“A constituição desse contrato para viabilidade técnica, econômica e ambiental do eixo VLT São José dos Pinhais ao Centro Cívico (Curitiba) é possível pela credibilidade, responsabilidade e confiança dessas administrações (Prefeitura de Curitiba, Prefeitura de São José dos Pinhais e Governo do Estado do Paraná) no transporte metropolitano”, disse Eduardo Pimentel, prefeito em exercício de Curitiba.

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O investimento na obra é estimado em R$ 2,5 bilhões e contará com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) do governo federal. A administração municipal afirma que a obra levará cerca de dois anos para ser feita após o início da concessão, prevista para julho de 2025.

Paradas do VLT (SMCS)

Segundo Pimentel, os estudos técnicos da viabilidade do projeto deverão começar em maio e serem concluídos até maio de 2025.

“A análise vai nos mostrar os custos, a ideia da tarifa e investimento necessário para uma obra que fortalece cada vez mais o eixo de integração na Região Metropolitana de Curitiba”, disse ele.

Aposta nos trilhos

O trajeto planejado prevê quatro paradas em terminais de integração: Hauer, Carmo, Boqueirão e Terminal Central (São José dos Pinhais), que deverão receber reformas. O trajeto será feito em sua maior parte em superfície, com um possível trecho em elevado entre o Terminal Central e o Aeroporto Afonso Pena (3,2 km).

Projeção de como poderá ser o VLT curitibano (SMCS)

Outra possibilidade que será estudada é a construção de um trecho subterrâneo no Centro Cívico “em virtude do nível de tráfego da região e também quanto ao impacto causado à paisagem urbana”.

A linha VLT deverá ser implantada em canaletas hoje usadas pelo BRT, com 10,6 km de extensão na Avenida Marechal Floriano Peixoto, entre a Praça Carlos Gomes no centro Curitiba e o Terminal Boqueirão.

Com maior capacidade de passageiros e operação mais limpa que os ônibus, o VLT tem atraído o interesse de mais cidades no Brasil após um período em que poucos projetos mais bem estruturados saíram do papel, como no Rio de Janeiro e na Baixada Santista.

Entre as cidades que avaliam projetos desse tipo está São Paulo, que até aqui não dispõe do modal na região metropolitana.

O pioneiro BRT brasileiro em Curitiba (Mario Roberto Duran Ortiz/Wikimedia)

BRT em crise

A opção pelo VLT por Curitiva ocorre em meio a problemas crônicos com o sistema BRT, criado na cidade décadas atrás como uma solução barata para oferecer transporte com mais qualidade que os ônibus comuns.

Embora tenha gozado de um período de aprovação, o BRT passou a perder passageiros nos últimos anos, além de ver sua infraestrutura degradada. Segundo o jornal Folha de São Paulo, há queixas a respeito dos pontos de ônibus, que mantém cobradores sem qualquer climatação ou segurança, além de oferta abaixo do ideal nos picos enquanto ônibus andam vazios em horários de menor demanda.

Outro “berço” do modal, Bogotá, já está construindo sua primeira linha de metrô e planejando um segundo ramal diante das limitações do Transmilênio, o gigantesco emaranhado de corredores de ônibus da capital da Colômbia.

Curitiba também já estudou implantar uma linha de metrô na década passada, mas o projeto não passou da fase preliminar.

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  1. Vamos ver o que se dará, nesse projeto de viabilidade. As pessoas da região metropolitana de Curitiba seriam as mais beneficiadas por esse projeto, pois não vejo um fluxo muito grande de usuário do aeroporto utilizando o transporte publico.

  2. Sempre imaginei que Curitiba iria reaproveitar os corredores de ônibus e somente trocar o modal, de BRT para VLT, acredito ser a opção mais viável. Talvez num futuro a longo prazo o metrô se mostre viável, mas ainda coexistindo com a futura rede de VLT. Fora isso o urbanismo de Curitiba é excelente.

  3. Do jeito que o pessoal de Curitiba é contra metrô/VLT/transporte sobre trilhos, me surpreende essa decisão. Sempre que se toca na possibilidade de metrô ou qualquer transporte do tipo por lá logo vem os defensores do BRT curitibano falando que a cidade não precisa de nada, que tá tudo perfeito e até um prefeito de lá já chegou a falar que metrô é coisa de tatu. Enfim, espero que esse VLT saia mesmo, muito provincianismo uma cidade tão grande e que carrega o título de “cidade-modelo” como Curitiba ser tão negligente com o transporte sobre trilhos.

  4. Enquanto Curitiba adota o caminho lógico, trocar corredor de ônibus de nome gourmet pelo transporte sobre trilhos, aqui em SP estamos indo no caminho inverso por canalhice política, trocamos um projeto pronto para sem implantado por outro pra lá de duvidoso e que já nasce fadado ao fracasso. Ainda há tempo para reverter isso,mas o cara de sapo e tão fechado com a Metra quanto o seu antecessor.

    1. Infelizmente, a verdade é que não há possibilidade concreta de reverter, haja vista que a obra, ainda que em ritmo de tartaruga, já se iniciou. Fora o lobby por parte do grupo do atual prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, em prol da empresa. Se as licenças ambientais da CETESB para o BRT ABC da Metra/NEXT estão andando devagar mesmo com o grupo do prefeito e sua esposa deputada estadual sendo aliados do governador, imagina o quanto de dificuldades que colocariam para aprovar as licenças da linha 18?! O negócio é cobrar que essa obra termine logo, e que o governador acelere o quanto possível a linha 20-Rosa.

      Aliás, repetindo o meu pedido de sempre: Alô pessoal do site, sei que não falta trabalho para vocês, que fazem um excelente trabalho, mas… Quando puderem, façam novamente uma visita às obras, até para manter o assunto sempre na ativa.

  5. Não há BRT em crise, mas sim políticos desinvestindo em transporte público para investir em obras eleitoreiras. Basta ver o fracasso da obra do metrô em Bogotá, de custo bilionário, atrasos e com problemas de financiamento, dado que é uma obra eleitoreira.

    Curitiba não investe em transporte público desde o início da década de 2010 e agora seus políticos tentam vender o VLT como tábua de salvação.

    1. Mano tu não cansa em ser equivocado não? Como pode estar sempre defendendo o indefensável, Curitiba já tinha que ter substituído esses brts por VLTs ou trens faz é tempo, tem espaço de sobra, tem demanda só falta tirar a bunda da cadeira e investir, BRT não leva a lugar nenhum

      1. Renato, Curitiba parou de investir em transporte público há uns 12 anos. A cidade não tem dinheiro para construir, operar e manter um metrô e esse VLT é pura cortina de fumaça para os problemas de mobilidade da cidade.

        Bogotá só implantou o BRT após um estudo da JICA ter determinado que a cidade poderia adiar a construção do metrô em até 30 anos caso implantasse o BRT. Bogotá só implantou parte da rede planejada do BRT e hoje sofre com a falta de investimento no sistema. Lá o metrô está sendo implantado da pior forma possível (em elevado no meio da cidade) em um trecho controverso enquanto a prefeitura de Bogotá não investe mais na manutenção do BRT.

    2. Nossa, Ivo, e qual seria sua brilhante sugestão pra economizar dinheiro? Substituir o corredor de ônibus por charretes?

  6. o que muita gente ainda não entendeu, é que em grandes cidades e regiões metropolitanas, todos os sistemas devem ser integrados. não existe o pior e o melhor.

    No caso de Curitiba, o grande erro foi apostar somente nos corredores de ônibus. Como foi falado na reportagem, foi uma solução rápida e barata. Mas isso tem prazo de validade. Durante esse tempo que o sistema de ônibus ficaria saturado, Curitiba deveria ter investido na construção de uma rede sobre trilhos.

    O grande problema é que ao invés de termos gestores públicos, temos negociantes públicos. Serviço público não tem que ser balcão de negócios, mas infelizmente é. Por isso temos todos esses gargalos, com serviços precários e custando uma fortuna para a sociedade, como os ônibus de SP, que prestam a cada ano um serviço pior e mais caro.

  7. pessoal o que é mais estranho em Curitiba que o vice-governador quer vlt , mas o governador tá querendo empréstimo nos Estados Unidos para eletrificar o BRT de Curitiba. o mais absurdo do VLT de São Paulo que liga as estações de menor movimento exclui as de maior movimento .

    um exemplo : liga a Júlio Prestes que tem o número mensal de 3 mil passageiros catracados , enquanto a barra funda que vai tornar um Hub com final da L13 ,L7 ,L11 e tic campinas esquecida

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