É verdade que ele não se assemelha aos mapas da rede futura que administrações passadas divulgavam vez ou outra e que mostravam uma malha metroviária de encher os olhos, mas uma discreta ilustração utilizada pelo Metrô de São Paulo há alguns meses tem dado pistas sobre os planos de expansão da companhia.
Até onde sabemos, a primeira vez que se teve notícia desse mapa simples foi em uma postagem do presidente da companhia em redes sociais meses atrás. A baixa qualidade da imagem, no entanto, não permitia distinguir claramente o que seriam as linhas na cor cinza que povoam o desenho. Essas dúvidas desapareceram desde que a ilustração passou a integrar o relatório mensal de andamento das obras, publicado com certa regularidade pelo Metrô.
Nela, é possível constatar quais extensões e mesmo linhas estão sendo consideradas internamente pela empresa, embora, é claro, isso não signifique explicitamente que elas estão nos planos a curto prazo da atual gestão. Mas não deixa de ser um bom termômetro das mudanças de prioridade que surgem após novos estudos e gestões.
A inclusão mais relevante, sem dúvida, é a da Linha 16-Violeta, que deve substituir o trecho leste da Linha 6-Laranja. O ramal aparece com bom destaque no mapa, indo da região de Pinheiros, subindo até Paraíso (onde encontra as linhas 1 e 2), atravessando o Cambuci e o Ipiranga, cruzando com a Linha 2-Verde novamente na futura estação Anália Franco, e indo terminar próxima a Itaquera. No desenho, no entanto, não há qualquer menção ao seu nome.

Já a Linha 19-Celeste, que está nos planos da gestão Doria, aparece em sua totalidade, incluindo o trecho central entre o Anhangabaú e Campo Belo e que não faz parte da primeira fase. Já a Linha 20-Rosa, que foi relançada em julho pelo governador como uma espécie de compensação pelo fim da Linha 18-Bronze (e que já não consta do mapa, é claro), curiosamente tem apenas a primeira fase original visível. Ela sai da estação Lapa e segue até São Judas, passando por Pinheiros, o eixo da avenida Faria Lima, Moema e Indianópolis. Sobre o trecho que vai até Rudge Ramos, em São Bernardo do Campo, nem sinal, ao que deverá mudar se de fato os projetos do ramal comecem a ser realizados.
Extensões
Também estão traçadas algumas extensões das linhas existentes como a Linha 4 até Taboão da Serra e a Linha 5 até Jardim Ângela, e que podem ser feitas pelas próprias concessionárias caso o governo consiga mudar os contratos de concessão. Mas não é só: até mesmo fases congeladas dos monotrilhos das linhas 15 e 17 constam do mapa. O ramal Prata deverá ganhar mais duas estações, Jequiriçá e Jacu-Pêssego, que já aparecem em apresentações recentes, mas a linha Ouro até aqui seguia presa ao atual formato com oito estações e que está em obras.
Na ilustração, no entanto, o ramal de monotrilho atravessa o Rio Pinheiros em direção à Paraisópolis, onde parece ir até a estação Américo Maurano, ou seja, incluindo mais três paradas ao trajeto. Se realmente esse pequeno trecho voltar a ser considerado é uma justa correção que incluirá a imensa comunidade que hoje tem mobilidade deficiente e ganharia muito com o monotrilho.
Por outro lado, o mapa não mostra outra linha de metrô que frequentou esquemas anteriores, a Linha 22-Bordô, que promete ligar a região de Pinheiros ao eixo da rodovia Raposo Tavares. Originalmente pensada como um monotrilho, a linha teve o modal alterado para metrô subterrâneo e foi cogitada com certa frequência pelas gestões anteriores.
Como dito antes, o discreto mapa do Metrô pode ser apenas meramente ilustrativo, mas é coerente com várias declarações do governo e outras apresentações que circulam de tempos em tempos. Mesmo assim, é ingênuo pensar que apenas o fato de uma linha constar de algum documento oficial faça dele algo palpável. Como ficou muito claro no episódio da troca do monotrilho pelo BRT, não basta que um ramal esteja por vários anos entre as próximas obras previstas. Enquanto o primeiro trem de passageiros não alinhar na plataforma é sempre melhor permanecer “atrás da linha amarela”.
