Entenda os próximos passos do projeto da Linha 22-Marrom, do Metrô

Licitação de anteprojeto de engenharia foi publicada nesta segunda-feira e traz detalhes sobre os planos do ramal
O traçado da Linha 22-Marrom (CMSP)

Na sexta-feira passada (2), a divulgação sobre o lançamento da licitação de anteprojeto de engenharia e de estudos ambientais da Linha 22-Marrom causou bastante repercussão na mídia, incluinte este site. Mas pouco foi revelado pelo Metrô, exceto por alguns dados compartilhados pelo presidente da empresa, Silvani Pereira.

Situação diferente desta segunda-feira (5), quando o Metrô publicou em seu site parte dos documentos do edital, que trazem importantes detalhes do ramal de cerca de 29 km e 19 estações.

Analisamos o termo de referência da licitação e apresentamos a seguir os pontos mais relevantes. Confira:

Modal e método de implantação ainda em aberto

Ao contrário do que se imaginava, o Metrô não determinou o que o anteprojeto estude apenas a opção subterrânea, mais provável. Na verdade, a empresa a ser contratada terá liberdade de apresentar vários tipos de modais, com trechos subterrâneos, elevados ou na superfície. A escolha, é claro, será feita pelo Metrô, baseado nos dados a serem fornecidos.

Vale lembrar que a Linha 22 surgiu como um monotrilho e depois foi pensada como um metrô tradicional, subterrâneo. O edital permite inclusive que os trechos do ramal sejam implantados por sistemas diferentes, algo que já havia sido sugerido anteriormente.

Fase prioritária até Granja Viana

Como é comum em linhas metroviárias extensas como essa, a implantação será dividada em duas fases, com prioridade para o trecho entre a estação Sumaré e a estação Granja Viana, perfazendo 13 paradas. A segunda fase acrescentará seis estações até o terminal de ônibus de Cotia. Apesar disso, o Metrô estabeleceu que exista um plano de atendimento via ônibus para a segunda fase na estação Granja Julieta, a fim de oferecer o serviço a mais pessoas enquanto ela não está pronta.

O traçado novo e o que foi compartilhado pelo Metrô em 2021 (CMSP)

Mudanças desde o Projeto Funcional

A Linha 22 já foi objeto de um projeto funcional realizado anteriormente e que apontou um traçado que terminaria na estação Rebouças, da Linha 20-Rosa. No entanto, com a eliminação dessa parada por conta da proposta de retirar o ramal de parte do eixo da Faria Lima, a Linha 22 seguirá até a futura estação Teodoro Sampaio e depois até Sumaré, onde está a Linha 2-Verde.

Outra razão para repensá-la foi a “ocupação de parte dos terrenos destinados ao Pátio de Manutenção e Estacionamento por edifícios residenciais e um assentamento informal (favela), assim como a consolidação de novos empreendimentos imobiliários, com destaque para a Reserva Raposo, um bairro completo que está sendo implantado na Rodovia Raposo Tavares, próximo ao Rodoanel Mário Covas, entre as futuras estações Cohab Raposo Tavares e Jardim Boa Vista, com capacidade para 60 mil moradores, podendo ensejar o reposicionamento destas”, diz o documeno.

Nas bordas de Osasco

A mudança do trajeto para atender a Osasco foi mais discreto do que o imagino. O município já tinha uma estação prevista, Santa Maria, e agora contará com uma segunda, Victor Civita, mas que fica perto da divisa com a capital. Com isso, a estação Cohab Raposo Tavares acabou retirada dos planos.

Estação Monte Belo

Possível conexão com a Linha “Arco Oeste-Sul” da CPTM, a estação Monte Belo ficará localizada próxima à Rodovia Raposo Tavares, que antes teria um terminal de ônibus associado a ela.

Praça do Relógio: USP deverá ter estação dentro do campus (iTechdrones)

Estação Universidade de São Paulo

Uma das grandes mudanças no traçado da Linha 22-Marrom foi levá-la mais ao norte, para atender a região do Rio Pequeno e a Universidade de São Paulo. Com isso, as estações Educandário Estér, Jardim Buonfiglioli, Vila Indiana e Corifeu foram suprimidas.

Em seu lugar passamos a ter Jardim Esmeralda, Rio Pequeno, Universidade São Paulo e Vital Brasil, esta no lugar da conexão com a Linha 4-Amarela em Butantã. No caso da parada em USP, aparentemente localizada próxima à Praça do Relógio, será preciso realizar negociações com a reitoria da universidade para definir o posicionamento da estação. O Metrô admite inclusive que esse novo trecho possa ser implantado em via elevada.

Alívio para a Rodovia Raposo Tavares

Uma das premissas originais permanece, a de aliviar o tráfego da Rodovia Raposo Tavares, mas o Metrô considera que a Linha 22 tem potencial de melhorar a ligação da região Oeste com locais de grande oferta de emprego como a Avenida Faria Lima, Pinheiros ou o eixo da Linha 2-Verde. De quebra, as conexões em Hebraica-Rebouças e Faria Lima podem aliviar o fluxo nas linhas 9-Esmeralda e 4-Amarela, nesse caso na estação Pinheiros.

Maior demanda entre Granja Viana e o distrito de Pinheiros

Segundo o Metrô, o carregamento máximo será de 36 mil passageiros por hora no sentido mais carregado e de cerca de 13 mil passageiros por hora, no menor. “A maior parte da demanda desta linha concentra-se no trecho entre região de Granja Viana e o distrito de Pinheiros, razão pela qual, nesta etapa de projeto, ter sido indicada como Fase I de implantação”, explicou a companhia.

A Linha 22 deve se conectar com a Linha 4 na estação Faria Lima (iTechdrones)

Fase II podem tornar-se novo modal

O Metrô incluiu as seis estações da Linha 22 como integradas ao projeto, mas é possível que o trecho acabe sendo feito por um outro projeto, talvez de menor capacidade, inclusive VLT. Segundo a companhia, “as estações da Fase II estarão ainda sujeitas consolidação modal e tecnológica para viabilizar seu posicionamento”.

Até o Terminal Metropolitano de Cotia

As estações terminais do novo ramal aparentemente estão definidas. Se de um lado teremos a Linha 22-Marrom começando em Sumaré, o final deverá ser uma estação ao lado do Terminal Metropolitano de Cotia.

Entrega dos projetos até 2026

A licitação do anteprojeto de engenharia e estudo de impacto ambiental da Linha 22-Marrom terá a sessão de recebimento de propostas a ser realizada em 17 de novembro, caso não haja algum adiamento, o que é comum em concorrências complexas como essa. O prazo de entrega dos estudos é de 35 meses, o que sugere que o Metrô terá acesso completo a toda documentação até 2026. Certamente os pontos mais importantes serão compartilhados com a empresa durante esse período, mas é sensato esperar que o empreendimento só comece a ser construído no final desta década.

Até lá saberemos afinal qual será sua extensão, se suas estações ficarão nos lugares sugeridos, qual tipo de modal teremos e se a Linha 22 fará parte das prioridades dos futuros governos do estado.

Total
1
Shares
Antes de comentar, leia os termos de uso dos comentários, por favor
9 comments
  1. A um mês das eleições..olha o golpe aí gente…30 anos de PSDB..e só olhar quantos anos estão enrolando Guarulhos e o ABC com projetos de metrô

  2. Bem inoportuna esta divulgação.
    Este Silvani ou é muito cara de pau ou é ingênuo.
    Nunca na história do Metrô uma diretoria continuou após a troca de governo, mesmo quando o novo governo é do mesmo partido do anterior.

  3. Pelo o que entendi essa linha parece estar passando na frente da linha 16 violeta em prioridade, é isso mesmo?
    Pois não me lembro de haver qualquer licitação envolvendo a linha 16.

  4. a mobilidade em SP colora seus mapas do transporte metropolitano a cada 4 anos com linhas em projeto.

    a promessa está aí, acredite quem quiser.

  5. Alguns pontos me chamaram atenção

    1) Me soa muito estranho ter modais diferentes numa mesma linha. Independente de qual escolha seja feira, tem de ser integral, ligando os dois terminais. Nada pior que uma baldeação, vide Linhas 7, 8 e 11.

    2) Já que ela foi espichada até uma área mais Central, seria oportuno já levá-la, no mínimo, até a Linha 6 – Laranja, mas não seria nenhuma loucura estender até a CPTM, talvez numa estação intermediária entre Barra Funda e Luz.

    3) Algo que já me incomodava desde o projeto antigo, é a falta de conexão com a Linha 17 – Ouro. Quando a linha previa as estações Vila Indiana e Corifeu, achava muito lógico que o monotrilho ganhasse 1 ou 2 novas estações a partir de São Paulo – Morumbi, chegando até a Linha 22. Agora, com a mudança de travado, isso ficou mais complicado, mas não acho nenhum absurdo levá-la ao Rio Pequeno (ou algum ponto intermediário entre lá e a USP), afinal, deve diminuir o fluxo de integrações para as Linhas 4 – Amarela e 9 – Esmeralda

  6. O único modal possível é o metrô e até Cotia, não parando na Granja Viana! A demanda da Gv não chega nem perto da de Cotia!

  7. Poucos meses antes da eleição, o GESP me solta uma licitação de um anteprojeto pra ser entregue em 2026 (daqui há distantes 4 anos)… A lei eleitoral deveria coibir esse tipo de prática… O projeto é importantíssimo, mas poderia ser anunciado tranquilamente depois do término das eleições… Do jeito que foi feito parece muito mais oportunismo do que qualquer outra coisa…

  8. Eu acho o projeto muito bom, independente de política. Eu acompanho de perto essa rota, sofro bastante todos dias com o trânsito na Raposo Tavares.
    Se realmente acontecer, será maravilhoso, pois têm muitas cidades do interior, próximas a Cotia, que terão um acesso mais fácil e rápido a região central. Temos que pensar, que muitas pessoas não conseguem emprego devido a distância que moram, pois no interior não há muita oferta de trabalho, eles serão beneficiados com essas estações.

Comments are closed.

Previous Post

Troca de plataforma do Serviço 710 em Barra Funda é suspensa

Next Post

Greve é adiada e Metrô funciona normalmente nesta terça-feira, 6 de setembro

Related Posts