Estações da Linha 9-Esmeralda passam por ‘fuga’ de passageiros em virtude do ‘home office’

Estação Berrini: movimento 54% menor que há dois anos (Jean Carlos)

A cena comum há exatos dois anos era de filas enormes para passar pelas catracas em horários de pico, plataformas cheias e um certo caos quando os trens atrasavam alguns minutos. Opção mais atraente para milhares de funcionários de grandes empresas instaladas no eixo Vila Olímpia-Berrini-Chucri Zaidan, as estações da Linha 9-Esmeralda eram concorridas, mas esse cenário mudou com a pandemia do Covid-19.

O que se vê hoje é uma lenta e difícil recuperação da demanda de outros tempos. A causa é mais do que conhecida: a opção (até certo ponto forçada) do trabalho remoto, ou no termo em inglês tornado famoso, o ‘home office’.

O fenômeno afeta todo o transporte coletivo por conta do isolamento social e a crise econômica persistente, mas tem ficado claro como a mudança cultural em centenas de empresas tem afetado a retomada da demanda de passageiros na malha sobre trilhos.

As linhas de metrô de São Paulo sofrem para acompanhar a recuperação vista na CPTM, com exceção da Linha 9, desde janeiro operada pela ViaMobilidade.

Dados levantados pelo site até dezembro mostram que a estação Berrini é a mais afetada da região. Localizada numa posiçao estratégica para muitos prédios corporativos, a parada teve uma queda de 54% no número de passageiros embarcados na comparação entre dezembro de 2019 e dezembro de 2021.

Demanda de passageiros caiu logo no início da pandemia, mas recuperação foi mais lenta nas estações da Linha 9 (clique para ampliar)

As estações Vila Olímpia, Morumbi e Granja Julieta também apresentam uma queda elevada, mas um pouco menor, de 46% nas duas primeiras e de 47% na última.

Para se ter uma ideia do contraste, a estação Guaianases, da Linha 11-Coral, apresentou uma redução de apenas 13% em dezembro passado, na mesma comparação. Como se sabe, o ramal da Zona Leste atende a um público de menor poder aquisitivo e que não dispõe da mesma facilidade para aderir ao trabalho remoto.

Estação Morumbi: entorno mais diversificado pode ter amenizado queda de passageiros (Jean Carlos)

A variação de embarques nas quatro estações da Linha 9 durante esses dois anos também revela como o perfil do entorno delas influenciou na baixa recuperação até aqui. Morumbi, por exemplo, é cercada de shoppings, um pequeno comércio de rua e prédios residencias e casas, o que a torna menos dependente da demanda corporativa.

Vila Olímpia e Granja Julieta seguem num perfil parecido, enquanto a região da Berrini deixa clara sua vocação “comercial”, com movimento de pessoas apenas durante o horário útil e um vazio fora dele.

Apesar disso, vale observar que a Avenida Paulista, com toda sua diversidade de segmentos (corporativo, educacional, comércio, serviços e residencial) também apresenta uma persistente redução de demanda nas três estações da Linha 2-Verde.

Enquanto Consolação teve uma demanda em dias úteis 50% menor em janeiro deste ano comparado ao mesmo mês de 2020, Brigadeiro estava com 48% desse total e Trianon-MASP, menos ainda, apenas 46% do movimento.

Certamente, será um imenso e talvez impossível desafio conseguir voltar ao nosso antigo normal.

Plataforma da estação Vila Olímpia: efeito ‘home office’ (Jean Carlos)
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