
Hoje é quase impossível circular por São Paulo – e mesmo em algumas cidades vizinhas – e não se deparar com alguma obra do Metrô ou da CPTM. A expansão da malha é hoje tão abrangente quanto a de algumas cidades chinesas, costuma lembrar o governador Alckmin, mas na prática, se é verdade que temos nada menos que sete linhas em obras, além de reforma de vias e estações e outras duas linhas próximas do início dos trabalhos, também existe um fato incômodo: na melhor das hipóteses, esses projetos só se tornarão realidade em 2017 ou 2018.
Dada a imprevisibilidade que norteia uma obra desse porte, pode-se dizer que a gestão Alckmin corre o sério risco de ‘entregar de bandeja’ suas maiores bandeiras em mobilidade para o próximo governador.
Por mais alta que seja a popularidade do governador do PSDB, o risco de um rival político assumir o estado depois de mais duas décadas de domínio dos tucanos é cada vez maior, à medida que se sucedem os imprevistos e problemas constantes em todas as frentes de trabalho.
As justificativas do governo para tantas dificuldades passam com frequência por problemas com licenciamentos ambientais, desapropriações, financiamentos e consórcios que não cumprem o prometido, como ocorreu na semana passada com a espanhola Isolux-Corsan Corviam, que acabou deixando a fase 2 da linha 4 –Amarela após sucessivos atrasos.
Com o fracasso do contrato, agora o horizonte de inaugurações se distanciou. Não há nada próximo de ser concluído até 2017, com exceção da reforma de algumas estações da CPTM e abertura comercial da Linha 15-Prata. Mesmo assim, serão apenas novidades paliativas com pouco impacto na mobilidade da Grande São Paulo.
Para piorar, o novo Secretário de Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, optou por uma gestão sem transparência, em que hoje não se divulgam o andamento do plano de expansão – apenas comunicados reativos quando algum problema acaba sendo divulgado pela imprensa.
Projetos importantes do mandato anterior como as Linhas 19 e 20 e o Trem Intercidades acabaram na geladeira, sem que haja alguma previsão de licitação. Fica cada vez mais notório que o estado passa por uma contenção de gastos causado pelo esfriamento da economia, mas isso parece ser um tabu para o governo, que nega qualquer tipo de dificuldade.
Uma pena, afinal o impacto que todos esses projetos terão na vida dos cidadãos será enorme, em que pese ainda serem insuficientes para mudarem a mobilidade de forma definitiva. Para azar da população, quase todos eles têm obstáculos complicados para transpor antes que fiquem prontos. Resta saber quais serão as próximas desculpas do governo.