“Felizes pelo resultado”, diz CEO da Motiva sobre derrota na concessão das linhas 11, 12 e 13
Miguel Setas explica que a concessão do Lote Alto Tietê teve nível de complexidade semelhante ao das linhas 8 e 9, necessitando de maior rentabilidade

A Motiva (ex-CCR) emitiu as primeiras declarações sobre a derrota na concessão das linhas 11, 12 e 13 da CPTM. Para a alta cúpula da empresa, o alto risco do projeto e a estratégia adotada foram satisfatórios.
As declarações foram realizadas por Miguel Setas, CEO da Motiva, durante uma apresentação aos investidores da companhia. Durante a sessão de perguntas, o tópico da concessão entrou em pauta.
“Feliz pela derrota”
Para Setas, a derrota na concessão do Lote Alto Tietê é vista como motivo de felicidade. Apesar da declaração ambígua, o dirigente explica que o rigor técnico na alocação de capital era reflexo de uma rentabilidade adequada ao risco do projeto.
Nesse sentido, Setas também afirmou que o ativo das Linhas 11, 12 e 13 era de natureza semelhante ao das linhas 8 e 9, que passou por uma forte crise de qualidade nos primeiros anos da concessão.
A complexidade técnica e operacional da ferrovia em relação a um ativo metroviário, cujas características são de maior segurança e controle, exigiram da Motiva uma aposta mais conservadora no projeto.

A experiência com a ViaMobilidade nas linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda pesou de forma decisiva na tomada de decisão final. Agora, com uma visão madura, a empresa tem sido seletiva em projetos futuros.
“Participamos, como vocês viram, no leilão das linhas 11, 12 e 13, aqui em São Paulo, e perdemos. Enfim, fomos de uma forma, mais uma vez, queria reforçar que fomos muito rigorosos nos nossos critérios de alocação de capital e, portanto, fomos com uma rentabilidade que nós entendemos que era adequada para o risco desse projeto e, portanto, estamos bem felizes com o resultado, pois ele preserva o nosso rigor na alocação de capital.”
“Em relação à mobilidade, nós entendemos que o ativo das Linhas 11, 12 e 13 era um ativo tal como o das Linhas 8 e 9, com um perfil de risco que exigia uma rentabilidade mais alta.”
“O nosso portfólio tem ativos metroviários, fundamentalmente transporte dentro das grandes cidades, como é o caso de São Paulo, e ativos ferroviários, transportes de mais longa distância, de superfície, com um grau de complexidade, com um tipo de risco maior. E, enfim, as linhas 8 e 9 mostraram isso.”
Novas concessões
Apesar da derrota na concessão do Lote Alto Tietê, a Motiva avaliou que o setor de infraestrutura de mobilidade está aquecido, com muitos projetos e competição moderada. A entrada de novos players especializados, grupos de investidores e de engenharia tornam os processos mais disputados.
Para Setas, essa competitividade é positiva, pois permite uma estratégia de alocação seletiva em novos ativos. Não basta ser apenas uma boa concessão, precisa ser uma ótima concessão.
Ao mesmo tempo, a Motiva está de olho no processo de concessão do Metrô de São Paulo. Setas classifica essas oportunidades como relevantes para os próximos anos. Tendo em vista que os ativos metroviários possuem variáveis de controle operacional mais estáveis, este será um terreno fértil para projetos de alta rentabilidade no futuro.

“A infraestrutura de mobilidade está num momento muito construtivo, com muitos projetos e competição moderada. No caso da Motiva, diríamos que temos condições para competir que são, do nosso ponto de vista, muito significativas. Portanto, para nós é um bom momento e vamos aproveitar de maneira seletiva para escolhermos aquilo que nos interessa e construir um portfólio de muita qualidade.”
“Portanto, continuamos focados em olhar para oportunidades de privatização ou de concessão privada de ativos neste espaço, neste segmento. Como vocês sabem, aqui em particular em São Paulo, há indicação de que o processo de privatização das empresas estatais continuará, portanto, com a concessão privada de ativos que hoje estão sob gestão pública, e isso trará, tanto no mercado primário como, eventualmente, no secundário, oportunidades que são relevantes.”
Foco nas rodovias
Por fim, a Motiva destacou que a derrota na concessão das linhas 11, 12 e 13 abre espaço para mais oportunidades de enriquecimento em seu portfólio. O grupo está comprometido com um crescimento sustentável no longo prazo e tem apostado suas fichas em projetos “AAA”.
O foco no segmento de rodovias será cada vez maior. O setor de mobilidade ainda é foco da empresa, mas o grupo apontou que as ambições serão menores nos próximos anos. Cerca de 20% do esforço financeiro do grupo estará voltado para mobilidade, e isso deverá se refletir no futuro.
“Obviamente, se tivéssemos vencido 11, 12 e 13, teríamos ampliado essa operação agora, mas, do ponto de vista do portfólio, nós entendemos que isso também nos dá espaço para continuar a crescer noutros segmentos, em particular em rodovias, onde as oportunidades são muito construtivas do ponto de vista de criação de valor nos próximos trimestres.”

Conclusão
Ao longo de 25 anos de atuação, a Motiva traz consigo, além das mudanças de identidade, uma nova visão para suas atuais e futuras concessões: foco em maximizar valor, reduzir custos e criar uma estrutura econômica e ambientalmente sustentável.
As próximas concessões de trilhos poderão contar com a participação do grupo, mas em vez de um expansionismo voraz, a Motiva sugere uma estratégia mais cautelosa. A maturidade adquirida permitirá uma expansão sólida, evitando riscos de projetos complexos, não em termos de engenharia, mas pelas variáveis incertas que a mobilidade urbana apresenta.
Rapááázz
Outro seja: ele praticamente admitindo o que nós já falamos há tempos, que eles não gostam de pegar linhas pra investirem, só gostam de pegar as novas e prontas pra lucrarem.
E ainda tem gente que briga pra defender isso.
Felizes ficamos nós, usuários, que teremos de conviver com o serviço de qualidade que eles entregam nas Linha 8 e 9.
A felicidade só seria melhor se a CPTM continuasse operando.
quando falei aqui que a CCR entrou só para fazer volume, que já era um jogo de cartas marcadas, que o vendedor já havia sido determinado nos bastidores…