Gestão Doria assina ordem de serviço para fabricação dos trens da Linha 17-Ouro com a BYD

Prazo do contrato de quase R$ 1 bilhão e que também envolve outros sistemas passa a contar oficialmente. Primeiro monotrilho deverá ser entregue até maio de 2022
O secretário Alexandre Baldy, o presidente do Metrô, Silvani Pereira e os executivos da BYD: luz verde para fabricar os trens da Linha 17 (STM)

A Secretaria dos Transportes Metropolitanos confirmou nesta terça-feira, 26, a assinatura da ordem de serviço para execução do contrato de sistemas da Linha 17-Ouro, do Metrô. Trata-se de uma formalidade que dá início a contagem do prazo do contrato, ou seja, quando o cronograma previsto no edital passa a valer de fato. Há algumas semanas, a companhia havia assinado esse contrato com a BYD SkyRail, que foi apontada vencedora da licitação após longa disputa.

Com isso, já é possível estimar algumas datas-chave para o projeto, como a entrega do primeiro trem, que deve ocorrer em até 720 dias a contar de hoje – esse prazo é de 16 de maio de 2022. Isso significa que existiria tempo hábil para que a Linha 17 começasse a realizar seus testes ainda nesse mesmo ano, mas soa bastante improvável que o ramal de monotrilho começasse a funcionar meses depois disso.

“Com a assinatura desta ordem de serviço, queremos retomar o quanto antes as atividades para fabricar os trens que vão beneficiar a quase 200 mil pessoas todos os dias”, afirmou Silvani Pereira, presidente do Metrô – o contrato tem valor de R$ 989 milhões e prazo total de 38 meses.

Por sua complexidade, o projeto da linha deve exigir muitas horas de testes para verificar o funcionamento de diversos sistemas, seja a sinalização, portas de plataforma, comunicação, alimentação elétrica, os aparelhos de mudança de via e mesmo estratégias de emergência, seja para recolher composições ou mesmo evacuar passageiros, por exemplo.

Além disso, a BYD terá de fabricar versões do SkyRail seguindo especificações técnicas do monotrilho da Scomi, fabricante que deveria ter entregue os trens originalmente. Ao contrário, dessa primeira encomenda, que previa a finalização desses trens no Brasil, inicialmente em uma parceria com a MPE e mais tarde por meio de uma fábrica da própria Scomi, os novos monotrilhos deverão ser fabricados na China.

Baldy assina a ordem de serviço nesta terça-feira (STM)

“Água no chope”

Apesar da comemoração do governo Doria ao destravar um projeto que estava há bastante tempo atrasado, a assinatura da ordem de serviço não garante que a BYD terá caminho livre para trabalhar. A razão é que o consórcio Signalling, que fez a proposta mais barata, mas foi desclassifiado pelo Metrô, continua a tentar barrar o contrato na Justiça.

Como mostrou o site, o grupo formado pelas empresas brasileiras T´Trans e Bom Sinal e a suíça Molinari entrou com um agravo de instrumento na 2ª instância nesta semana e que será apreciado pela desembargadora Silvia Meirelles. Dependendo dos argumentos enviados por eles, a relatora pode suspender a execução do contrato se considerar que há algum possível prejuízo para o erário público.

No entanto, pesa contra o Signalling o fato de sua primeira ação ter sido completamente desqualificada pelo juiz Randolfo Ferraz de Campos em decisão tomada no final de abril.

Maquete do monotrilho SkyRail: 14 unidades para a Linha 17-Ouro (STM)

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7 comments
  1. Uma vergonha para o Governo do Estado de São Paulo tirar empregos locais e privilegiar um consórcio Chinês que não irá gerar nenhuma riqueza para nosso estado ou país.

    Infelizmente votei no Dória e suas posições junto com sua equipe CPTM e METRÔ SP só tem feito mal ao nosso estado prevalecendo interesses pessoais.

    1. E o pior, dinheiro do estado pra uma concessão privada. Por 583 milhoes ganharam uma linha pronta e vão ganhar outra

    2. Só um detalhe que não foi observado ao serem feitos esses apontamentos:

      1) A T’Trans (principal empresa que encabeça o consórcio) está em recuperação judicial, ou seja, quase a beira da falência. Isso já é um risco enorme para um descumprimento do contrato, apesar de não ser um empecilho;

      2) O Consórcio derrotado não é composto apenas por empresas brasileiras. Tem até Suíço no meio. Então, naturalmente nem todos os empregos seriam aqui;

      3) A BYD tem fábrica em Campinas, sendo que negocia a expansão das suas atividades no Brasil sendo que há a especulação que poderá ser montada um plana no local da antiga fábrica da Ford, em São Bernardo do Campo. É uma possibilidade não confirmada mas que pode fazer com que aqui sejam gerados os empregos. Pode ser que a assinatura deste contrato, junto com o contrato que possuem para o VLT de Salvador, estimule a instalação de uma fábrica no Brasil.

  2. Gostei dessa maquete!
    Apesar do monotrilho ser chinês, isso me faz lembrar como os japoneses são felizes!
    Enquanto aqui sentimos saudades do antigo Ferrorama, lá, eles têm várias opções de brinquedos ferroviários, brinquedos em geral, não apenas ferromodelismo.

  3. Achei que o monotrilho seria padronizado como ocorre com o metrô (6 carros) e a CPTM (8 carros), embora esta última ainda esteja finalizando sua modernização e consequentemente sua padronização.
    Mas este modelo da BYD terá 5 carros quando monotrilho da linha 15 tem 7.
    Deveria seguir uma padronização também, assim ficaria algo mais uniforme.

  4. Concordo com o comentário do Lucas. Isso além da TTRANS aproveitar o material da empresa malaia falida, isso fatalmente irá trazer um monte de problemas para o Metrô. E assinar contrato com esse grupo é adquirir uma chave de cadeia.

  5. Fabricar um veículo desses agregaria o que para o Brasil?

    Empregos? Temporários apenas (e de baixa qualificação). Daí quando a encomenda é concluída, todo mundo é demitido. Sendo assim, fabricar aqui apenas para “gerar empregos” não agrega nada ao país (nem ao menos em riqueza). Desde os anos 1990 que a indústria ferroviária tende a se concentrar em dois ou três grandes eixos produtores (Europa, Ásia e China) que dividem o mercado. Não será uma fábrica no Brasil que irá mudar isso. Trem, diferente de outros veículos, é uma encomenda pontual, feita a cada 20 ou 30 anos. Daí a indústria se mobiliza, contrata, fabrica, entrega, demite a maior parte da mão-de-obra e presta serviços de manutenção para os clientes enquanto tenta se engajar em outra encomenda.

    Mas não há garantia de clientes nesse setor. Ainda mais quando as obras ferroviárias são financiadas por bancos de fomentos nacionais, que exigem ou dão preferência para empresas do país de origem. Se uma obra é financiada por um banco japonês, por exemplo, vai exigir equipamentos padrão japonês (de preferência fabricados lá). Mesmo o Banco Mundial (entidade transnacional) costuma se pautar por aliar o menor preço a melhor qualidade e os chineses levam larga vantagem nisso.

    Então, se a BYD fabricasse (ou melhor montasse) todos os trens de São Paulo e Salvador aqui, teria uma fabrica ativa por dois anos (e olhe lá). Depois ela ficaria ociosa (ou alguém acredita mesmo naqueles ônibus de bateria que não vendem apesar das promessas de eficiência, economia e qualidade feitas pelo fabricante) como estão hoje a CAF (Hortolândia), Rotem (Araraquara), Alstom (São Paulo e Taubaté), entre outras. O mercado ferroviário é conhecido por essa baixa concorrência e alto grau de complexidade e isso não mudaria com uma nova fábrica aqui.

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