Indenização pelo fim da Linha 18-Bronze saiu barato para o governo
Segundo secretaria, valor apontado pela perícia do processo de arbitragem passava de R$ 630 milhões, mas sócias da VEM ABC receberão apenas R$ 347 milhões

A novela sobre a indenização pelo fim da Linha 18-Bronze chegou ao fim neste mês com um cheque de pelo menos R$ 347 milhões a serem pagos pelo governo aos sócios da finada VEM ABC, concessionária que pretendia construir e operar o ramal de monotrilho por 25 anos.
Como é notório, o prejuízo não cairá no bolso dos responsáveis pelo cancelamento da primeira linha metroviária de São Paulo, mas no dos contribuintes. Uma soma que evidencia como a má gestão causa prejuízos irreparáveis ao país.
Em vez de uma linha metroviária capaz de levar seus passageiros até o restante da malha sobre trilhos em apenas 25 minutos com conforto e segurança, o ABC Paulista não tem qualquer opção nova há seis anos. E a proposta da gestão Doria ainda está longe de virar realidade.

O BRT está em “eterna” construção com um pouco confiável prazo de entrega no segundo semestre de 2026. E ele de nada adiantará já que os ônibus não farão a viagem na mesma velocidade e, duvida-se, será integrado gratuitamente com os trens, como seria a Linha 18.
Se você achou ruim até aqui, meu caro leitor, saiba que poderia ter sido bem pior.
Perícia calculou valor bem mais alto
A Procuradoria Geral do Estado (PGE), já na gestão do governo Tarcísio de Freitas, que herdou o problema, decidiu buscar um acordo amigável com a concessionária em vez de seguir com o processo de arbitragem, já em seu estágio final.
Isso ocorreu há cerca de um ano quando já se sabia que a perícia apontada para o caso havia se pronunciado a favor de uma indenização à VEM ABC.
E o valor seria muito maior, acima de R$ 630 milhões, como revelou a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) ao jornal O Estado de São Paulo.
Portanto, a negociação direta reduziu o dano ao erário em quase metade do valor. Para a VEM ABC, que pleiteava até R$ 2,4 bilhões, o montante possivelmente compensaria um provável prolongamento da disputa na Justiça, a despeito do ganho de causa na arbitragem.

Nada disso, no entanto, resolve a situação criada em 2019. A despeito de a Linha 18 ter sido postergada por vários anos sob o argumento pouco aderente de que não havia financiamento para desapropriações, naquele ano o governo Doria tinha todas as condições de corrigir esse aspecto, como fez com outros projetos como a extensão da Linha 2 e a nova Linha 6-Laranja.
Mas o ex-governador preferiu o blefe, apostando num projeto que até aqui só trouxe benefício para um grupo empresarial do ABC, hoje à frente de um império de ônibus garantido por mais duas décadas pelo menos.
A conta, como se vê, é muito mais alta.