A concessão da Linha 7-Rubi e do Trem Intercidades Eixo Norte, entre São Paulo e Campinas, está movimentando os principais predenentes a participar do leilão. O Grupo CCR, um dos principais players do mercado, encontra-se bastante reticente com o projeto.
Na teleconferência de divulgação de resultados para o segundo trimestre de 2023 o CFO (chefe financeiro) da CCR, Waldo Perez, revelou que o projeto está em consonância com o portfólio da empresa.
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Em contrapartida, o projeto parece estar gerando preocupação por parte da empresa, algo que pode indicar uma certa resistência na iniciativa privada no geral. Em declaração, Perez cita “uma série de desafios” com ênfase na “relação risco-retorno”.
O projeto do Trem Intercidades é o mais robusto em termos de investimento a serem realizados nos últimos anos. Com um investimento total previsto em R$ 12,4 bilhões, o grande desafio será como capitalizar tamanho aporte de melhorias.

Para além da capitalização, a preocupação principal do grupo é em como manter uma postura competitiva diante de um retorno financeiro do projeto. A concessão do Trem Intercidades e da Linha 7-Rubi terá modelagem de remuneração totalmente inédita, o Pagamento por Disponibilidade. Discorremos detalhadamente sobre esse assunto em um artigo especial.
Para além deste aspecto, está o risco assumido com a demanda e remuneração do TIC que não deverá contar com qualquer tipo apoio do estado em relação a tarifas, sendo estabelecido no máximo uma tarifa teto para o serviço.
Opinião do autor
Apesar deste fato, não deveria haver preocupação quanto à fontes de receita. Uma vez que o governo vai disponibilizar, a título contraprestação pecuniária, o valor de R$ 13,7 bilhões, e participará com R$ 6 bilhões a título de aporte público.
Diante deste cenário, onde o aporte estatal total pode chegar a R$ 20 bilhões, é difícil compreender o temor por parte das equipes de planejamento. A menos que tal temor esteja atrelado à uma estratégia competitiva que minimize os riscos para a operadora.

Mediante tal cenário é imperativo dizer que o cenário de disputa será extremamente acirrado, mas não necessariamente mortífero para as empresas. Tudo isso dependerá de como as modelagens operacionais e financeiras de cada uma delas ocorrerão.
A CCR diz contribuir com “feedback” ao poder concedente para minimizar tais riscos. O grande mistério é: qual seria o grande risco que um projeto tão generoso como este poderia apresentar? Talvez a competição por um projeto inédito de grandes proporções mostre iniciativas mais fortes do que aquelas hegemônicas na mobilidade urbana atual.