A informação havia sido revelada por uma coluna do jornal Folha de São Paulo dias atrás, mas sem muitos esclarecimentos, porém, nesta quarta-feira (3), artigo do Valor Econômico trouxe luz à intenção do Metrô de São Paulo de entrar no mercado de capitais.
O jornal de economia entrevistou o presidente da companhia, Silvani Pereira, que explicou um pouco do projeto, cujo ponto de partida será a emissão de R$ 400 milhões em debêntures.
Trata-se de uma forma de buscar financiamento de médio e longo prazo sem depender apenas de repasses do estado. A ideia, segundo Silvani, é realizar a operação entre dezembro e janeiro de 2022 voltada a investidores profissionais e sem que elas sejam conversíveis em ações – o Metrô pretende também passar a ser uma empresa de capital aberto, mas do tipo que não negocia ações na bolsa.
Restava entender o motivo de o Metrô buscar financiamento no mercado já que a empresa, embora do tipo mista, não tem como meta a lucratividade e nem investe diretamente na expansão das linhas, por exemplo.

Segundo a reportagem, a estratégia faz parte da mudança de perfil da companhia, que tenta ampliar suas receitas não acessórias ao mesmo tempo em que busca potencializar os futuros projetos de linhas como a 20-Rosa.
Com a meta de reequilibrar sua situação financeira até 2023, o Metrô poderá então amortizar a dívida. A valorização de seus ativos por meio de projetos diversos que estão sendo estudados tende a ser um atrativo para investidores no futuro, ajudando a empresa a se manter no azul, algo que tem sido bastante difícil nos últimos anos.
Se em 2020 o prejuízo acumulado foi de R$ 1,7 bilhão no primeiro semestre deste ano o número já era negativo em R$ 630 milhões – o Metrô deixou de atualizar o relatório de transparência com frequência, como fazia antigamente.
A pandemia fez os resultados se agravarem, mas a situação financeira da empresa já estava no vermelho antes disso. Em 2018 foram R$ 519 milhões e em 2019, R$ 533 milhões, para citar dois exemplos recentes.