Metrô de SP nega favorecimento a empresas espanholas na Linha 19-Celeste
Licitação em três lotes inclui experiência em operação com tatuzões, mas companhia afirmou que edital permite participação de grupos nacionais e internacionais

O Metrô de São Paulo negou que a licitação de obras civis da Linha 19-Celeste, que ligará Guarulhos a São Paulo, seja direcionada a empresas espanholas.
A alegação foi feita por uma curta nota do colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, na semana passada. Segundo ele, as exigências do edital impediriam empreiteiras brasileiras na concorrência.
A nota do jornalista, no entanto, omite o nome das supostas empresas reclamantes e não explica claramente as razões que barrariam a participação de empresas nacionais.
Em vez disso, cita exigências em relação ao diâmetro e comprimento do túnel, “diferente do padrão de todas as outras concorrências realizadas na história do metrô paulista”.

Segundo Jardim, apenas empresas associadas em consórcios com grupos espanhois como Acciona, Sacyr e OHL poderiam participar da concorrência.
“Parâmetros estabelecidos pelo edital zelam pela garantia da capacidade técnica e econômica das empresas”
O MetrôCPTM consultou a companhia do estado, que negou qualquer favorecimento a empresas espanholas. Segundo o Metrô, a licitação permite a participação de empresas nacionais ou estrangeiras autorizadas a operar no Brasil.
Além de empresas aptas a atender os requisitos do edital, também é possível formar consórcios para participar do certame, diz a companhia.
O Metrô explica ainda que “os parâmetros estabelecidos pelo edital zelam pela garantia da capacidade técnica e econômica das empresas” e que os requisitos exigidos sobre dimensão e extensão “estão dentro dos limites máximos previstos pelo Tribunal de Contas do Estado”.

Três lotes e três tatuzões
O Metrô lançou a licitação de engenharia e obras civis da Linha 19-Celeste em 24 de março com o escopo do projeto dividido em três lotes.
A ideia é acelerar a implantação do ramal de 17,6 km de extensão e 15 estações. Para isso, cada lote terá uma tuneladora para escavar os túneis da linha.
Em virtude das características do subsolo, as escavações serão feitas pela primeira vez por tatuzões do tipo “Slurry” e “Dual Mode”.
A divisão é diferente da adotada nas obras de expansão das linhas 2-Verde e 5-Lilás, que possuíam lotes sem tatuzões, o que permite mais participantes na disputa.

O site analisou o edital e notou que os requerimentos para participar da licitação envolvem experiência em vários tipos de atividades, entre eles execução de obra bruta em área urbana nos métodos VCA (Vala a Céu Aberto), NATM (New Austrian Tunneling Method) e TBM (Tunnel Bore Machine, o famoso tatuzão).
Nesse item, é preciso que a seção mínima seja de 38 m² e a extensão mínima executada, de 2,5 km. A área equivale a um túnel de quase 7 metros de diâmetro, o que é pouco maior do que a dimensão dos dois tatuzões que foram usados para montar os túneis singelos da Linha 5 Lilás.

A exigência de uma distância de 2,5 km também pode ser considerado algo corriqueiro já que a aplicação do TBM em obras só é atraente economicamente em grandes trajetos.
Quem tem experiência com tatuzões no Brasil?
Embora em parte limitante, a exigência de experiência com operação de tatuzões é indispensável em uma obra dessa magnitude. Ao optar por três tuneladoras operando simultaneamente, o Metrô também poderá acelerar a implantação da Linha 19, o que traz benefícios aos usuários.
Nos últimos 20 anos, tivemos no Brasil seis linhas metroviárias utilizando tatuzões, a começar pelas linhas 4-Amarela e 4 do Metrô do Rio, passando pela Linha 5-Lilás e Linha 6-Laranja, além de dois equipamentos em atividade hoje na Linha 2-Verde e na Linha Leste do Metrô de Fortaleza.
Entre as empresas que participam e participaram dessas obras estão a Novonor (antiga Odebrecht), Andrade Gutierrez, Mover (Camargo Correa), Álya (Queiróz Galvão) e Metha (antiga OAS).

Estão à frente de obras recentes a citada Acciona (Linha 6), Engibrás, S.A Paulista e Sacyr, que formam o Consórcio CML2, operador da tuneladora “Cora Coralina”, e a Agis e novamente a Sacyr no Consórcio FTS, que trabalha na Linha Leste de Fortaleza.
Mas, como afirmou a nota do Metrô, grupos estrangeiros com experiência em uso de tatuzões estão aptos a participar, desde que autorizados a operar no país.
A licitação de obras da Linha 19-Celeste será feita por meio de pregão eletrônico marcado para 6 de junho. O objetivo do Metrô é dar início às atividades em 2026 e entregar o ramal no começo da próxima década.
Isso está me cheirando a empresa querendo usar a Linha 19 para fazer igual a que fizeram com a Linha 17, pegar dinheiro público sumir com o dinheiro e não entregar quase nada.
Uma pessoa que omite os nomes das empresas e também não explica claramente o que barraria tais empresas a participar, realmente é complicado de acreditar.
Aliás acredito que as empresas tinham que se manifestar.