Metrô rescinde contrato da Linha 17 com empresa que teve falência decretada pela Justiça

Empresa T’Trans, pertencente ao empresário Sidnei Piva, deveria ter concluído sistemas de telecomunicações do ramal de monotrilho
Vias da Linha 17
Vias da Linha 17 (iTechdrones)

O Metrô de São Paulo publicou a rescisão do contrato nº 4005321301, assinado com a Trans Sistemas de Transportes (T’Trans), e que envolvia a instalação dos sistemas de telecomunicações da Linha 17-Ouro.

A decisão, assinada pelo presidente da companhia, Silvani Pereira, ocorre dias depois que a juíza Ana Carolina Gantois Cardoso, da Comarca de Três Rios, no Rio de Janeiro, determinou que fosse enviado um ofício ao Metrô solicitando informações sobre os pagamentos realizados à T’Trans relativos a esse contrato.

Como este site mostrou em agosto, a T’Trans teve a falência confirmada pela Justiça após várias manobras de seu proprietário, o empresário Sidnei Piva, adiar o fim da empresa.

Na semana passada, a juíza Ana Carolina expediu um mandado de arrombamento e lacre da sede da Trans Sistemas de Transportes, no munícipio de Cantagalo (RJ) por conta de relatos de que os bens da empresa estavam sendo desviados.

“Expeça-se também ofício à Companhia do Metropolitano de São Paulo – Metrô , solicitando informações sobre o contrato nº 4005321301 e seus quatro aditivos, no sentido de ser indicado todos os valores transferidos para a falida, além de requisitar o depósito de qualquer quantia ainda devida à massa falida em conta judicial, a ser criada junto ao MM. Juízo Falimentar”, acrescentou a decisão de 18 de outubro.

Decisão da Justiça no Rio de Janeiro pede informações ao Metrô sobre pagamentos para a T’Trans

Quase 10 anos em vigência

O contrato de elaboração do projeto executivo, fornecimento e implantação do sistema de comunicação móvel de voz e dados da Linha 17-Ouro foi assinado entre o Metrô e a T’Trans em 28 de maio de 2013, portanto há quase uma década.

A empresa deveria ter concluído o escopo de serviços em 21 meses após a assinatura do contrato, ou seja, em fevereiro de 2015. Como se sabe, a construção do ramal de monotrilho teve seguidos atrasos, o que impediu que os sistemas pudessem ser implantados já que na época não existiam estações, apenas algumas colunas e vigas em parte do trecho inicial.

Fato é que em setembro de 2014, o Metrô decidiu ampliar o tempo de implantação para 26 meses e mudou a data de conclusão para março de 2016 graças ao primeiro aditivo assinado. Em 11 de março de 2016, um novo aditivo prorrogou o prazo para março de 2018, mesmo mês em que o 3º aditivo foi assinado, estendendo a execução do serviço até setembro de 2019.

Em fevereiro deste ano, o Metrô e a T’Trans reviram os termos contratuais pela 4ª vez, com mudanças no cronograma e índices de reajustes, entre outros. Diante da não conclusão dos serviços, o prazo de execução contratual foi esticado até outubro de 2023. Não se sabe, no entanto, até que ponto a empresa de Sidnei Piva avançou com os trabalhos.

Vagão do monotrilho construído pela Scomi e que supostamente seria usado pelo Signalling em sua proposta para a Linha 17 (Reprodução)

Segundo o comunicado que determinou a rescisão do contrato, a T’Trans paralisou os serviços “sem justa causa”, citando um processo administrativo não divulgado. O Metrô suspendeu a participação da empresa fluminense em concorrências por dois anos e estipulou uma multa de R$ 15,2 milhões, valor que, diante da sua situação calamitosa, dificilmente será pago algum dia.

Vale lembrar que a Trans Sistemas de Transportes era a empresa líder do Consórcio Signalling, juntamente com a Bom Sinal (também de Piva) e a austríaca Molinari. O grupo pretendia fabricar os 14 trens da Linha 17 além de sistemas, mas acabou tendo sua proposta reprovada pelo Metrô por incapacidade técnica e financeira.

Mesmo assim, o consórcio conseguiu paralisar a licitação por vários meses na Justiça, o que contribuiu para atrasar ainda mais o projeto.

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4 comments
  1. Como essa empresa conseguiu ganhar essa licitação? Além disso, foi uma das principais responsáveis pelo atraso desse projeto.

  2. Graças a Deus já era hora, pior consórcio de trens que SP já teve na história,cagaram e atrasaram os projetos da L17-OURO/L18-BRONZE (antes de ser cancelada) ,só não se sabe como esse consórcio ganhou uma licitação tão importante

  3. Já Posso Ouvir um Aleluia!, anos e anos pra L17 Ficar Pronta e só agora acontece isso… que Milagre Divino!

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