Empresa que atrasou fabricação dos trens da Linha 17-Ouro tem falência confirmada em tribunal

T’Trans, sócia do consórcio Signalling, pertence ao empresário Sidnei Piva, também dono do grupo Itapemirim. Decisão de desembargador revogou efeito suspensivo que impedia falência
Vagão do monotrilho construído pela Scomi e que supostamente seria usado pelo Signalling em sua proposta para a Linha 17 (Reprodução)

Líder do consórcio Signalling, que havia feito a proposta de menor valor para fabricar os 14 trens de monotrilho da Linha 17-Ouro do Metrô, a T’Trans (Trans Sistemas de Transportes) teve a falência confirmada pelo desembargador Edson Aguiar de Vasconcellos, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A empresa havia tido a falência decretada, mas uma decisão provisória no ano passado impediu a sua extinção. A T’Trans alegava que o órgão julgador havia contrariado os artigos 9 e 10, 436 e 437 do Código de Processo Civil, que garantia à ela o direito a ser ouvida sobre os suspostos pagamentos aos credores.

No entanto, o magistrado argumentou que a T’Trans teve várias oportunidades de comprovar esses pagamentos e a decretação da falência não foi uma surpresa diante das condições financeiras da empresa. “Ademais, o órgão julgador concluiu, com base nas provas dos autos, que a reabilitação da sociedade empresária revelou-se inviável, não podendo o processo de recuperação judicial ser utilizado como forma de postergação de negócios sem quaisquer chances de subsistência”, afirmou o desembargador.

Quase dois anos de atraso

A T’Trans pertence ao empresário Sidnei Piva, que ficou notório nos últimos meses pelo caos criado pela ITA – Itapemirim Transportes Aéreos, uma companhia aérea que não chegou a operar por seis meses e que teria utilizado recursos de pagamentos para credores da Viação Itapemirim para bancar o projeto.

Sidney Piva, dono da T’Trans, ficou em evidência após os problemas financeiros com a Itapemirim (Divulgação)

Associada à outra empresa em recuperação judicial de Piva, a Bom Sinal, a T’Trans criou o consórcio Signalling, com a participação da empresa austríaca Molinari, para participar da licitação de sistemas da Linha 17 em 2019. Esse contrato prevê a fabricação dos 14 trens, mas também instalação de portas de plataforma, sinalização e comunicação.

O Signalling fez a proposta mais baixa, pouco inferior a da BYD SkyRail, mas o Metrô considerou que as empresas não possuíam experiência técnica na parte de sinalização e nem garantias financeiras para bancar o projeto, de pouco mais de R$ 1 bilhão.

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Afastado no início de 2020, o consórcio entrou na Justiça e conseguiu parar a licitação por mais de um ano até que o Metrô conseguiu uma decisão liminar no Superior Tribunal de Justiça, que impedia que o contrato assinado com a BYD fosse interrompido até a decisão da Segunda Instância do Tribunal de Justiça de São Paulo. O colegiado julgou o caso no final do ano passado, mantendo a vitória da fabricante chinesa, que apresentou o primeiro trem de monotrilho meses depois.

A T’Trans e seus sócios pretendiam utilizar como base do seu projeto o espólio do monotrilho da empresa Scomi, fabricante original contratado para a Linha 17. A “solução caseira”, nunca antes testada, motivou um artigo deste site na época, que temia pela fragilidade da proposta do Signalling, e que poderia resultar em mais problemas para a conturbada linha, até hoje ainda longe da conclusão.

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9 comments
  1. Tava na cara que eles queriam apenas receber o dinheiro e dar um golpe. porque nunca entregariam os trens. tipico do caráter desses empresários falsários.

  2. Impressionante a quantidade de negociata que ta metido esse picareta bolsonarista da Itapemirim, celebrado pelo governo federal.

  3. Esse Piva já pode receber o prêmio de empresário do ano, conseguiu falir a ITA, a Itapemirim e a T’Trans em menos de um anos, o cara é fera.

    1. Tudo proposital, esse picareta assumia uma empresa perto da falência, sugava tudo que ainda tinha, declarava falência, pedia perdão das dividas com o governo e sumia. No final das contas, o povo é quem paga o pato. Essas empresas não vão ser as últimas, ele também tinha adquido a Bom Sinal, que fez os VLTs de Natal, Maceió e Recife. Ela também tá mal das pernas.

  4. quanta hipocrisia , neste país todo mundo sabe tudo , a historia das Cias Aereas teve sempre seus autos e baixos , não se pode afirmar se o empresario é bolsonarista ou não.

  5. Trabalhar para o metrô da um baita azar.
    Ou será que o metrô escolhe mal seus fornecedores?

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