Opinião: Linha 16-Violeta em obras de 2026 só em sonho

Projeção preliminar da estação Oscar Freire, da Linha 16-Violeta
Projeção preliminar da estação Oscar Freire, da Linha 16-Violeta (CMSP)

O interesse da construtora espanhola Acciona pela Linha 16-Violeta não surpreende a quem acompanha o desenrolar os projetos metroferroviários de São Paulo há anos.

O ramal foi pensado após a gestão Alckmin decidir transformar a Linha 6-Laranja em uma Parceria Público-Privada (PPP). Até então ela era um projeto do Metrô e que avaliava uma segunda fase até Cidade Líder, na Zona Leste.

Com o repasse do ramal à iniciativa privada, a companhia de estado “voltou à prancheta” para estudar uma linha que pudesse atender regiões bastante populosas e de mobilidade precária.

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Linha 16-Violeta pode ter um papel fundamental na mobilidade da Zona Leste se um dia sair do papel
Em 2019 a Linha 16-Violeta surgiu oficialmente em material do governo

A Linha 16 foi revelada por este site em primeira mão em julho de 2018. Na época ela assumia um grande trecho da Linha 6, porém se afastava dela na região central ao seguir até Paraíso e então percorer o Jardim Paulistano até Oscar Freire.

Mais tarde o Metrô mudou o traçado a leste e em 2022 o esticou até Cidade Tiradentes a fim de ajudar a Linha 15-Prata. Além disso, a equipe de projetos da companhia produziu um material muito interessante, com soluções inovadoras para que ela tivesse um custo mais barato de implantação.

Nesse meio tempo surgiu a Acciona, que assumiu o lugar da Move SP, empresa que havia vencido o leilão da Linha 6. Não demorou para que o grupo espanhol enxergasse potencial em esticar o ramal com duas estações ao norte e mais quatro a sudeste, para levá-la até o encontro com a Linha 10-Turquesa, da CPTM.

Acima a Linha 16 comparada à extensão leste da Linha 6
Acima a Linha 16 comparada à extensão leste da Linha 6

Essas fases, como mostramos aqui também, estão sendo antecipadas pela construtora para aproveitar a mobilização de equipamentos e pessoal e por isso faz todo o sentido.

Ainda assim é preciso seguir um rito burocrático para que um aditivo contratual seja assinado, compactuando o interesse privado com o público. Ou seja, não é uma fórmula pronta, como se vê na demora da ViaQuatro e da ViaMobilidade em começarem as obras de extensão das linhas 4-Amarela e 5-Lilás.

Linha 16 em obras em 2026?

Dentro desse contexto, é de se espantar que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) tenha afirmado ao site Diário dos Trilhos que a Linha 16-Violeta poderia ter as obras iniciadas já em 2026, portanto, dentro do seu mandato.

Na visão dele parece ser algo relativamente simples, que imaginou os tatuzões da Linha 6 sendo transferidos para a Zona Leste como num passe de mágica dando início às obras.

O que é preciso ressaltar é que um empreendimento tão grande, caro e complexo como a Linha 16 não brota do chão. Há muito ainda a ser estudado e avaliado, de licenças para serem emitidas a laudos de desapropriações, estudos ambientais, projetos de engenharia e arquitetura, sem falar em todo o cenário econômico-financeiro por trás disso.

Tarcísio minimizou importãncia do empréstimo do governo federal (GESP)
Governador Tarcísio: muitos projetos cogitados em curto prazo  (GESP)

A Acciona se dispôs a produzir documentos que vão ajudar a elucidar essa equação, mas não entregar um projeto pronto para ser executado. E o óbvio: não se ganha um projeto assim apenas por vontade. Há outros atores no mercado que podem querer disputar essa concorrência.

O apetite do governador por levar à frente vários projetos de expansão e modernização do transporte sobre trilhos é louvável, porém, é preciso organização e foco sob pena de repetir os planos mirabolantes de seus antecessores e que deram em nada.

Hoje no cardápio de Tarcísio temos vários trens regionais, linhas de trens metropolitanos, a concessão casada das linhas 19-Celeste e 20-Rosa com ramais existentes e por aí vai.

Como diz o famoso ditado, “quem muito quer, nada tem”.

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