Políticos não deveriam ter prerrogativa de mudar nome de estações de trens

Prática antiga e inconveniente já conhecida da população em logradouros, volta a ocorrer no Metrô com a mudança do nome da estação Liberdade
(Luis Dantas/Wikimedia)
Estação e Praça da Liberdade agora ganharam novo nome (Luis Dantas/Wikimedia)

A homenagem pode ser até justa mas é fato: rebatizar estações de trens é uma prática inconveniente e que deveria ser proibida por lei. Muitos políticos se aproveitam dessa possibilidade para rebatizar ruas, avenidas e praças, muitas delas já conhecidas pela população, tudo em nome de agradar a algum cidadão falecido quando não ainda vivo. Mas na maioria das situações é algo claramente inútil além de gerar custos e dissabores para a sociedade.

Agora imaginem alterar o nome de uma estação inaugurada há mais de 43 anos. Pois foi o que decidiu o governador Márcio França (PSB) segundo adiantou a jornalista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, ao renomear a estação Liberdade da Linha 1 Azul como “Liberdade – Japão“. A mudança deve ser publicada oficialmente no Diário Oficial nesta semana, porém, é possível notar que está em linha com o projeto de lei nº 113/18 dos vereadores George Hato (MDB), Milton Leite (Democratas), Ota (PSB) e Rodrigo Goulart (PSD) que foi promulgado pelo prefeito Bruno Covas no dia 19 e renomeia a Praça da Liberdade, onde fica a estação, para também Praça da Liberdade – Japão.

Acrescentar o nobre país asiático, tão associado ao bairro, é chover no molhado, como se diz. A Liberdade já é um lugar que automaticamente nos traz a imagem do Japão. Então qual a utilidade disso? Praticamente zero. Por outro lado, será necessário gastar dinheiro para mudar placas e toda a comunicação do Metrô e CPTM sem falar em outros órgãos e serviços.

O que impressiona mesmo é que a mudança da estação Liberdade é um caso leve se comparado a outras propostas do passado, algumas adotadas, outras felizmente abortadas. Uma das mais recentes previa mudar o nome da estação Vila Mariana acrescentando o nome de Enéas Tognini, fundador da igreja Batista do Povo, mas o então governador Geraldo Alckmin vetou a lei.

No caso da CPTM, no entanto, algumas estações passaram a ter nomes imensos e quase impraticáveis de serem usados como a “Prefeito Celso Daniel – Santo André”, “São Caetano do Sul –  Prefeito Walter Braido” e “Ribeirão Pires – Antônio Bespalec”, todas da Linha 10-Turquesa. No Metrô, sobretudo, o que se viu foi rebatizar estações com o nome de times de futebol incluindo até a Santos-Imigrantes, em homenagem ao clube da Baixada Santista, a dezenas de quilômetros da Linha 2-Verde.

Mais do que em logradouros, os nomes de estações são escolhidos de forma técnica e com critérios que facilitem a identificação do destino para os passageiros. Geralmente isso se traduz em denominações de pontos de referência conhecidos (Sé, Trianon-Masp) ou avenidas e ruas importantes por onde a linha em questão cruza (Faria Lima, Brigadeiro) ou então bairros (Tatuapé, Alto do Ipiranga). Ou seja, deturpar essa definição é um imenso desserviço aos usuários por melhor que seja a intenção.

Estação Santo André passou a ter o nome do ex-prefeito da cidade Celso Daniel (Rodrigolopes/Wikimedia)

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12 comments
  1. Realmente essa alteração na estação Liberdade é desnecessária, porem existe uma mudança que seria bem vinda, principalmente para quem é de fora de São Paulo, que seria inverter os nomes das estações Paulista (linha amarela) e Consolação (linha verde), passo por essas duas estações quase todos os dias e toda vez encontro alguém que esta perdido e se confundiu achando que a estação Consolação ficava na Consolação e a estação Paulista ficava na Av. Paulista

    1. Porém ai é falta de interpretação da pessoa, uma vez que a L2 percorre toda a Paulista e enquanto a Amarela percorre a Consolação, o ponto de referência é sempre a rua que corta a estação, o certo seria unificar o nome como disse o outro comentário

    2. Correto. Podia mudar o Nome da Vila Madalena também que não é na Vila Madalena. Fica no Sumarezinho. Um amigo da Suécia pegou o metrô até lá achando que cairia no próprio bairro e depois teve que pegar uber pra chegar.

  2. Esqueceu d citar a Estacao JARDIM SAO PAULO, para estacao airton sena, pois todos sabemos q esse rapaz NUNCA esteve no meu bairro, NAO morava no brasil, não tinha qualquer conhecimento da linha do Metro Paulista. POderia sim, talvez, adotar nome d alguma pessoa conhecida no bairro q colaborou para o desenvolvimento neste importante bairro na Zona Norte.

  3. sao políticos vagabundos que não tem noção da atrapalhada que fazem.QuaNdo Kenedy morreu, trocaram o nome do Cabo Canaveral. A população não aceitou a homenagem ao politico morto e continuou como Cabo Canaveral.
    A Ponte das Bandeiras na zona norte tb esta mutilada. Ate quando?
    Ayton Senna esta na Est J S Paulo do.metro. So que sempre morou no Carandiru,entenderam?

  4. O que dizer então das duas estações da Lapa que não são ligadas (apesar de existir um projeto que nunca sai do papel) e passam linhas diferentes da CPTM? Possuo algumas dúvidas se os nomes são escolhidos de forma tão estudada assim (vide exemplos nos outros comentários).

  5. A maioria das mudanças (como essa) é inútil. Mas o nome dos times de futebol ajudam muito em alguns casos. Por exemplo, a maioria dos torcedores que vão a jogos do Corinthians ou da Seleção no Itaquerão vão de Metrô, por tanto seguindo a lógica de ajudar na identificação por parte dos usuários, como você citou, faz sentido. O mesmo se aplica a outras estações com nomes de times (exceto, claro, Santos-Imigrantes, que não tem nenhuma utilidade para chegar à Vila Belmiro):
    Imagine um torcedor do Palmeiras que vai ao estádio de metrô pela primeira vez . Ele vai olhar no mapa e automaticamente associar a estação Palmeiras-Barra funda, a mais próxima do estádio, e assim terá o caminho facilitado. Do mesmo jeito Juventos-Mooca e a futura São Paulo-Morumbi.
    Inclusive acho que, apesar de ser um time pequeno, a estação Agua Branca deveria virar “Agua Branca-Nacional”.

  6. Cada vez mais vemos que não há limites para a pouca vergonha no Brasil, mas com essa medida aprovada por Márcio França ao menos já sei em quem não votar nas próximas eleições.

  7. Na época colonial, a Praça da Liberdade, então conhecida como Praça da Forca, era usada para execução de criminosos e escravos.
    Atualmente, a região da Liberdade, é ocupada também por coreanos e chineses, além da comunidade japonesa.
    Por tais motivos, o nome original da praça deveria ser mantido.

  8. Tanto a CMSP quanto a CPTM realizam Estudos de Toponímia para se escolher os nomes das Estações. Estes estudos consistem em avaliar qual denominação seria mais adequada para as tais estações. São estudados os elementos histórico-geográficos, bem como realizadas pesquisas com a população do entorno da estação além de se avaliar a referência do nome na rede metroferroviária, entre outros atributos.
    Os estudos são importantes para rebater as milhares de requisições de alterações dos nomes (basta vascular o Diário Oficial do Estado para se ter uma noção dos absurdos que são sugeridos). Ainda assim, pressões políticas externas às companhias resultam nestas desnecessárias alterações de nomenclatura, confundindo os usuários e gerando mais custos para as companhias.

  9. Nomenclatura urbana é caso de polícia em SP. A estação Sumaré por exemplo passou a chamar-se Sumaré-Santuario Nossa Senhora de Fátima numa clara demonstração de ignorância quem deveria conhecer a história da cidade e da religião católica. Que dizer então da mania de batizar estações com dois nomes? Essa prática só dificulta a localização do usuário no intrincado mapa da cidade, além de desrespeitar sua História.

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