Apesar de vazamento, governo reforça meta de abrir a Linha 17-Ouro em 2019

Visão do alto do Pátio Águas Espraiadas em Maio/18 (Alberto Esteves)

A disputa judicial entre o governo do estado e o consórcio Monotrilho Integração pode ganhar um desfecho positivo para as duas partes em breve. Elas devem anunciar um acordo para conclusão das obras que faltam na Linha 17-Ouro, mas para isso haverá um novo cronograma definido ainda a ser divulgado.

No entanto, uma data presente no relatório das obras divulgado no site do Metrô na sexta-feira (18) causou uma certa apreensão em quem acompanha o projeto. Antes aguardada para o final de 2019, a nova linha de monotrilho apareceu no documento com previsão apenas em 2021. Com isso, a obra levaria cerca de nove anos para sair do papel.

É um tempo de trabalho longo até para uma linha subterrânea quanto mais para um modal que foi vendido como “mais veloz e barato” de construir. Para quem não se lembra, a Linha Ouro foi vendida no começo da década como solução para levar os torcedores ao estádio do Morumbi, então escolhido para sediar os jogos da Copa do Mundo de 2014. A obra começou de fato no primeiro semestre de 2012 com as primeiras perfurações para construir as colunas das vias.

Desde então, a obra tem sofrido seguidos atrasos e por vários motivos, desde problemas com desapropriações, ciclovias, entrega de projetos e desistência de consórcios. E é justamente esse último motivo que seria o responsável pelo possível novo atraso. O consórcio Monotrilho Integração, que lidera o projeto, discute com o Metrô uma forma de sair da obra. Há um processo correndo na Justiça mas, como adiantou o secretário dos Transportes Metropolitanos, Clodoaldo Pelissioni, um acordo está sendo costurado para resolver o impasse.

Questionada pelo site, a STM garantiu que “atua para manter o cronograma inicial previsto para o final de 2019“, mas reconheceu que um novo cronograma será divulgado após a “análise da proposta das empresas que compõe o consórcio CMI (Andrade Gutierrez, CR Almeida e Scomi – MPE) contratada para execução de serviços na linha 17-Ouro“, diz em nota enviada à redação.

O documento que mostrava a nova data de entrega em 2021 foi retirado do ar após nossos questionamentos. De fato, a previsão de entrega em 2021, ou seja, daqui a três anos, parece exagerada mesmo para quem vê os canteiros quase parados em várias frentes de trabalho. Praticamente apenas a parte de sistemas e de material rodante (os trens) não são visíveis na obra – o site questionou a Scomi a respeito e aguarda resposta.

Com o cronograma adiantado em relação à outras frentes, as estações têm poucos trabalhadores como é o caso de Chucri Zaidan que foi a primeira a ter a instalação da cobertura metálica iniciada entre setembro e outubro de 2017 e após 7 meses não houve mais evolução visível na cobertura. Nesse tempo outras estações também começaram a ter a instalação da cobertura metálica mas sem conclusão do serviço.

Parte de outro contrato e mais atrasada que as demais, a estação Morumbi está avançando bem. Pelo contrato está prevista para ser entregue em outubro de 2019, 22 meses após a assinatura da ordem de serviço.

Outro avanço visível é no Pátio Águas Espraiadas. A primeira laje está sendo concretada, vide capa da matéria, e parece possível receber o primeiro trem ainda em 2019,. Mas infelizmente sem a instalação dos trilhos (energizados, o qual alimenta o monotrilho) nas vigas-trilho não é possível fazer nenhum tipo de testes com o material rodante. Ainda precisam ser instalados 7,7 quilômetros de trilho e ligá-los a uma subestação de energia. Já as ligações subterrâneas com a estação Campo Belo da Linha 5 e também com o Aeroporto de Congonhas, um dos principais objetivos da linha, já se encaminham para a reta final.

Espera-se que a revisão do cronograma não faça com que a obra atrase ainda mais afinal até o momento ela virou uma piada de mau gosto para a população.

Veja a íntegra da nota da STM:

“A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) informa que encontra-se em análise a proposta das empresas que compõe o consórcio CMI (Andrade Gutierrez, CR Almeida e Scomi – MPE) contratada para execução de serviços na linha 17-Ouro. Após estudo, será divulgado o novo cronograma. É importante frisar que a STM atua para manter o cronograma inicial previsto para o final de 2019.

 

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