O serviço de trens metropolitanos em São Paulo tem evoluído constantemente ao longo de algumas décadas. Após anos de descaso em que as companhias estatais como RFFSA, CBTU e Fepasa acabaram sucateadas, a criação da CPTM, em 1992, passou a inverter esse quadro.
Um sintoma da melhora são os intervalos entre trens, que mostram o aumento da oferta do transporte sobre trilhos para os passageiros e resultam num enorme crescimento da demanda.
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Desde a década de 90, uma série de investimentos realizados pelo governo do estado permitiu a diminuição dos intervalos nos horários de pico. Confira na matéria como foi a evolução em cada linha.
Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda
As linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda foram operadas pela FEPASA, antiga estatal ferroviária do estado de São Paulo, até 1996, quando a CPTM assumiu efetivamente os serviços.
Antes da mudança ocorrer, os intervalos entre trens nos horários de maior movimento eram relativamente elevados. Em 1997 o intervalo era de 7 minutos nos horários de pico da então chamada Linha B-Cinza, enquanto na atual Linha 9 (amtiga Linha C) o intervalo era de 17 minutos.
A Linha 8-Diamante sempre foi mais movimentada levando em consideração as regiões que atendia, diferentemente da Linha 9-Esmeralda que estava instalada em uma região ainda muito incipiente. Cabe também citar o fato de que não existiam estações intermediárias entre Pinheiros e Santo Amaro.
Em 1997 a demanda diária da Linha 8-Diamante era de 256 mil passageiros por dia. Já na Linha 9-Esmeralda a demanda média era de apenas 49 mil passageiros diários.

No auge da operação, no ano de 2014, os intervalos chegaram ao mínimo de 5 minutos na Linha 8-Diamante e 3 minutos na Linha 9-Esmeralda. Para sair de 17 para os 3 minutos, o trecho entre Osasco e Grajaú passou por grandes investimentos. Novas estações, melhorias no sistema de energia e sinalização, além de trens maiores para atender os passageiros.
Em 2014, a demanda das linhas era de 461 mil passageiros por dia para a Linha 8 e 567 mil passageiros por dia na Linha 9. Poucos anos antes, em 2012, o número de passageiros da Linha 9-Esmeralda havia superado a quantidade de transportados na Linha 8-Diamante.
No gráfico não constam os dados da operação da ViaMobildade, já que a sequência histórica foi interrompida com a concessão das linhas. O intervalo praticado na Linha 8-Diamante é de 6 minutos enquanto na Linha 9-Esmeralda é de 4,5 minutos.
Linhas 7-Rubi e 10-Turquesa
Os dados do par de linhas 7-Rubi e 10-Turquesa mostram que os intervalos mais altos registrados foram no período de 1996 e 1997 quando os passageiros chegaram a esperar em média 12 minutos para tomar um trem no horário de pico.
Em 1997, a demanda média da Linha 7 (antiga Linha A) chegava a 104 mil passageiros por dia, atingindo níveis mínimos de 47 mil usuários por dia. Nesse período, depredações desativaram 11 estações do ramal. Na linha 10 (Linha D), a demanda era de 182 mil passageiros.

O aumento da demanda e a modernização do sistema de sinalização permitiram com que as linhas tivessem intervalo reduzido, atingindo seus patamares mínimos em 2013. A Linha 7-Rubi chegou a ter 6 minutos de intervalo médio, enquanto a Linha 10-Turquesa teve 5 minutos de intervalo.
Em 2019, já num cenário mais amadurecido, a Linha 7 transportou 468 mil passageiros, enquanto a Linha 10 transportou 376 mil passageiros diariamente. O aumento da frota operacional, reforma de estações e a adoção de estratégias operacionais possibilitaram ganhos significativos na oferta de trens.
Linha 11-Coral e 12-Safira
Para as linhas da zona leste, os intervalos máximos registrados foram de 11 minutos para Linha 11-Coral (principal), 22 minutos para a extensão e 12 minutos na Linha 12-Safira em 1998.
Neste mesmo ano a demanda de passageiros nas duas linhas era de 165 mil e 49 mil passageiros por dia nas linhas 11 (Linha E) e 12 (Linha F). A baixa demanda pode ser justificada pelo problema crônico de falta de trens para a operação.
Após anos de falta de investimentos, o governo realizou aporte de grande proporção para renovação da frota e modernização dos sistemas ferroviários. A consequência foi a diminuição do intervalo entre trens que hoje torna os trechos os mais eficientes dos trens metropolitanos.

A Linha 12-Safira está operando com intervalos de 5 minutos nos horários de pico. A proposta é fazer com que o trecho possa operar com intervalos ainda menores, para isso obras estão sendo realizadas na região da estação Brás. A demanda da Linha 12 atualmente é de 260 mil passageiros por dia.
A Linha 11-Coral opera com 3,5 minutos de intervalo nos horários de pico. Na estratégia adotada, os trens circulam com destinos alternados para Guaianases e Estudantes. A demanda da Linha 11 atualmente é de 540 mil passageiros por dia.
Linha 13-Jade
A Linha 13-Jade é o mais novo dos trechos em operação na CPTM. Ela começou a operar em 2018. Ainda com uma quantidade baixa de passageiros e apenas três estações, o trecho teve apenas uma única evolução no seu intervalo.
Entre 2018 e 2021, o intervalo praticado no horário de pico era de 20 minutos, com três partidas por hora. A partir de 2022 quatro trens partem por hora em intervalos de 15 minutos.

A Linha 13-Jade também convive com o Expresso Aeroporto que executa partidas de hora em hora. Ou seja, são em média cinco partidas por hora na Linha 13-Jade.
Com sua futura expansão e atendimento de maior quantidade de passageiros, se tornará importante a redução gradativa do intervalo para o atendimento da futura demanda de passageiros. O ramal transportou no primeiro ano de operação em média 9,5 mil passageiros por dia, enquanto hoje a média é de 14 mil passageiros.
Perspectivas futuras
Para o futuro a perspectiva geral é de evolução em todas as linhas. A necessidade de investimentos para a redução do intervalo tem como efeito a atração de mais passageiros ao serviço, já que é gerada uma relação de confiança estabelecida na oferta de mais lugares.
Em todas as linhas gerenciadas pela CPTM existem planos para evolução do sistema de sinalização para ATO ou CBTC. A Linha 13-Jade é a primeira que opera com o ATO.
Nas linhas privadas apenas a Linha 9-Esmeralda receberá o sistema de sinalização ATO, que será instalado pela CPTM. O CBTC, previsto para a Linha 8-Diamante,um investimento opcional da ViaMobilidade, possivelmente não deverá ser implantado.
Apesar disso, foi ventilada a possibilidade de as linhas 8 e 9 serem as pioneiras na adoção de um sistema de sinalização inédito no Brasil, que permitirá a redução dos intervalos para até 3 minutos. O ETCS (Sistema europeu de controlo ferroviário), previsto na concessão da Linha 7-Rubi, poderá ser o futuro sistema de sinalização para as linhas de trem metropolitano já concedidas.