Estudo estima Linha 20-Rosa chegando ao ABC apenas em 2035

Novo ramal de Metrô terá 33 km de extensão e 24 estações com previsão de início de operação do trecho Santa Marina-Saúde em 2030
Áreas passíveis de serem usadas pela Linha 20-Rosa em Santo André (CMSP)

O Relatório de Impacto Ambiental encomendado pelo Metrô de São Paulo para avaliar o projeto da Linha 20-Rosa foi disponibilizado pela companhia no final do ano passado e traz várias informações de interesse público.

Um dos principais aspectos relatados pelo trabalho feito pelo Consórcio GPO-GeoCompany-Geotec envolve as previsões de abertura dos trechos propostos.

Até aqui, a Linha 20 tem previsão de contar com 32,6 km de extensão operacional e 24 estações entre Santa Marina, na Lapa de baixo, e Santo André, no ABC Paulista.

Como já é sabido, o argumento técnico do Metrô é que a fase prioritária envolve o trecho entre Santa Marina (ligação com a Linha 6-Laranja) e Saúde (Linha 1-Azul), por conta da grande demanda e o número elevado de conexões com a malha sobre trilhos.

A simulação de demanda dos dois trechos da Linha 20 (CMSP)

O estudo, no entanto, não diz claramente quando a Linha 20 ficará pronta, apenas que as obras ocorrerão entre 2028 e 2035.

As simulações de demanda, por exemplo, citam a primeira etapa operando já em em 2030 enquanto a segunda fase, até Santo André, tem 2040 como referência, embora no cronograma se sugira que o trecho final esteja pronto em 2035.

Ainda de acordo com a tabela (abaixo), o Metrô prevê solicitar a licença ambiental de instalação a partir deste ano e realizar as licitações de obras e desapropriações até 2027.

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O cornograma de implantação, que também inclui a extensão da Linha 2-Verde até Cerro Corá (CMSP)

As previsões informadas, no entanto, parecem pouco críveis. Estimar que um trecho de 15,4 km (Santa Marina-Saúde) seja construído em três ou quatro anos apenas é ignorar a realidade vista nas próprias obras do Metrô e de outros sistemas mundo afora.

Demanda desigual

O relatório também avaliou a situação da extensão da Linha 2-Verde entre Vila Madalena e Cerro Corá, onde haverá a conexão com a Linha 20-Rosa. O trecho deverá ficar pronto em 2029, de acordo com ele.

A etapa até o ABC Paulista, que se transformou em uma meta pessoal para o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), não parece justificar qualquer prioridade no projeto, o que não significa que isso não possa ocorrer na prática.

Basta ver que a etapa 1 terá demanda diária de quase 750 mil passageiros enquanto a operação em toda a extensão acresentará menos que 550 mil usuários ao ramal.

Outro sintoma que a Linha 20-Rosa se justifica pela primeira fase é a constatação que as seis estações com maior previsão de movimento estão nela. Todas são interligadas com outros ramais:

1º – Moema (Linha 5) – 169.511 passageiros/dia
2º – Lapa (linhas 7 e 8) – 161.519 passageiros/dia
3º – Fradique Coutinho (Linha 4) – 145.870 passageiros/dia
4º – Santa Marina (Linha 6) – 93.143 passageiros/dia
5º – Saúde (Linha 1) – 84.009 passageiros/dia
6º – Cerro Corá (Linha 2) – 79.309 passageiros/dia

No trecho 2, apenas a estação Santo Andre (Linha 10) possui conexão com outra linha ferroviária e demanda de 54.243 usuários/dia.

Já a estação Afonsina, que seria a ligação com a finada Linha 18-Bronze de monotrilho, apresenta uma demanda de apenas 23,5 mil passageiros onde agora ficará um ponto de ônibus do corredor “BRT ABC”.

As áreas de influência da Linha 20-Rosa (CMSP)

Considerando as estações sem conexão com outros ramais, chamam a atenção as futuras paradas Tabapuã (Itaim Bibi) e Taboão-Paulicéia, em São Bernardo do Campo.

A primeira, com esperados 46,2 mil usuários/dia, servirá como acesso a uma região com muitos empregos e comércio, além de ser a única opção para quem frequenta o trecho mais antigo da Avenida Faria Lima, que foi suprimido do atual traçado.

Já Taboão-Paulicéia (quase 60 mil passageiros/dia) atenderá um entorno bastante denso e baixa renda, além de estar relativamente próximo a regiões carentes de mobilidade de qualidade como o município de Diadema, solenemente ignorado pelo governo do estado quando se trata de transporte sobre trilhos.

Esses detalhes poderão ser levantados durante as audiências públicas que o Consema, Conselho Estadual do Meio Ambiente, marcou para janeiro e fevereiro para discutir os estudos ambientais da Linha 20.

Nota do site: o título e o texto foram alterados após uma nova análise dos documentos em que o ano 2040 foi considerado apenas como um cenário futuro e não a data de abertura da extensão da linha.

 

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19 comments
  1. Para o ABC, nem o mesmo nível de serviço (conforto) querem manter, sendo que isso seria sim possível com uma oferta de trens um pouco maior. Como exemplo, a L1 hoje carrega o máximo de cerca de 35 mil p/h/s (passageiros por hora em um mesmo sentido da linha) e tem mais oferta de trens (119 segundos de headway) do que a L20 terá quando completa.

    Com uma demanda grande, mas com um intervalo não tão baixo, considero um “desperdício” do sistsma CBTC.

    Mas o mais trágico será o ABC continuar, ainda por muitos anos, refém da futura saturadíssima L2, via Tamanduateí e Sacomã.
    Ter de dividir espaço com quem vier via Penha (L3/L11), Tiquatira (L12/L3), Guarulhos (Dutra), além de Vila Prudente (L15), etc., NÃO vai dar muito certo, não…

    Olha, se eu fosse do ABC e dependesse de transporte público, eu procuraria cair fora da região o quanto antes possível, viu…

    1. Dá onde tu tirou isso bixo? O documento diz q a lotação mínima é de 6pass/m² que é menor doq os 8 que vem sendo pensado, o nível de conforto projetado é o mesmo, acontece que a L1 tem uma extensão mto menor doq essa linha e tem uma demanda idêntica se formos considerar os tempos pré pandemia, 1.5 milhão de passageiros em 20km exige um intervalo muito menor doq em 32.6km

      1. Tirei essa informação do EIA da L20.
        E não são 6 pass/m² no mínimo, mas sim no máximo.
        Sobre 8 pass/m², este não é um padrão adotado para cálculo de oferta e/ou projeto de nenhuma linha.
        No EIA, é colocado até 6/m² para a 2ª fase (linha completa no ABC), e até 4,9 pessoas/m² para o trecho prioritário (finalizando em Saúde).

        Com relação ao que você disse sobre a L1, você está equivocado, pois é o carregamento máximo (crítico) de uma linha —em passageiros embarcados nos trens, por hora, em um mesmo sentido de deslocamento— que é sempre levado em conta para dimensionamento da oferta de trens.

        A quantidade de passageiros transportados por dia não significa nada nesse sentido.
        O fato de a L1 levar bastante gente em apenas 20 km de linha significa somente que é uma linha com demanda bastante equilibrada, bem distribuída ao longo de toda a operação e nos dois sentidos, com baixa pendularidade e alta taxa de renovação de passageiros embarcados nos trens.

        Mesmo em novembro/2019 (um dos meses com maior demanda antes da pandemia), o carregamento crítico/máximo da L1 estava em torno de 40 mil pass/hora (pico manhã), no sentido Jabaquara, entre Sé e Liberdade.
        Enfim, esses 40 mil (que na L1 já nem chega mais) é praticamente o carregamento máximo previsto para a L20 em 2040 (completa), mas que deverá ter um trem a cada 133 segundos programados.
        A L1 (HOJE) tem mais oferta com menos carregamento (portanto, menos lotação), com um trem programado a cada 119 segundos, o que não deve gerar uma densidade de lotação maior do que, aproximadamente, uns 4,5 (4 e meio) pass/m².

  2. E pensar que poderiamos ter a Linha Bronze do monotrilho perto de sua inauguração…mas não, por canalhice do ex-governador ficaremos sem ver novas opções de transporte sobre trilhos no ABC por décadas,

  3. E na realidade a linha 19 mto provavelmente sairá antes e essa só será iniciada em 2030, e o abc jamais verá o cheiro. Eh impressionante como nosso sistema sobre trilhos fica a mercê de politicagem barata e favorecimento de cartéis.

  4. Esta Linha 20-Rosa foi usada em mais um estelionato publicitário eleitoreiro como uma pretensa compensação para o cancelamento da Linha 18-Bronze e a intenção da extinção do Serviço-710 entre outras na região do ABC que faz atualmente um trajeto em paralelo.
    Quaisquer Linhas de Metrô como a 19-Celeste, 20-Rosa entre outras levam no mínimo quinze anos para serem concluídas e começar a entrar em operação parcial, é mais ágil e econômico estender e modernizar as operantes, lembrando que o mandato é para 4 anos, e o seu “sucessor não costuma dar continuidade em obra que não é sua” porem agem como fossem eternos e seu sucessor dará continuidade, a prática comprova que não é isto que ocorre!
    Existiu compromisso verbal no passado ainda por parte do Covas de não se iniciar novas obras sem concluir as dezenas de pendências incompletas, mas ficaram nas inexequíveis promessas fantasiosas, lamento que algumas pessoas tenham sérios problemas cognitivos e não consigam deslumbrar as falaciosas artimanhas de certos políticos e discernir certas situações!?

  5. Se não fosse a manobra do tal do Baldy mas principalmente do desgracado Doria em conluio com a família Setti Braga já teríamos a linha 18 bronze operando, o que acontece é totalmente ao contrário o prefeito OM da cidade colabora pra passagem municipal aqui em SBC ser quase R$6.00 , imagina os intermunicipais….

  6. Vergonha.
    Na verdade o ABC simplesmente NUNCA verá o metrô, mais fácil serem sinceros e falarem dessa forma logo.

  7. Acho que ainda não entendeste o que está ocorrendo que esta Linha está sendo utilizada da mesma forma que a Linha 19-Celeste com relação a Guarulhos, o atual governante tem como a finalidade principal são as concessões e não facilitar a mobilidade, o bem estar e conforto da população, para tanto continuam omitindo as pesquisas de demanda!
    Enquanto os gestores trocando os atuais BRT por People Mover que é o mesmo que trocar seis por meia dúzia e não aumentara em nada a demanda ao invés de se expandir a Linha 13-Jade rumo em direção a Bonsucesso, aguardando a Linha 2-Verde levando o trem até os bairros mais populosos de Guarulhos através de no mínimo quatro estações beneficiando o Alto Tietê como já foi anunciado neste site, e não será a simples troca dos atuais ônibus circulares na GRU Airport por People Mover, ou agravar ainda mais o gargalo e levando para Barra Funda interferindo em outras linhas ou quaisquer outros que irá aumentar a baixa demanda desta linha!

  8. Se tivessem iniciado o monotrilho da linha 18 antes talvez já tivesse sido concluído ou estava próximo de ser . Poderiam levar a linha 4 da Luz até São Bernardo, aliás no projeto original do metrô haveria a linha que ia do Jóquei Clube até o Sacomã com um traçado parecido com a linha 4 na parte oeste.

  9. Cara na pego transporte público desde sempre e o maior caos de pessoas não é em Santo André, é Mauá! botar uma linha dessa que vai chegar apenas em Santo André é fazer caos na CPTM que percorre de Santo André até Rio Grande da Serra, isso tinha que ir até Mauá cara, só os passageiros do Trem hoje que vai pra Mauá não suporta imagina chegando do metrô também.

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