Trem Intercidades entre SP-Campinas custará R$ 14,2 bilhões após reajuste

Variação de R$ 770 milhões no contrato faz parte dos ajustes previstos pela inflação no período. Aportes e outros itens do contrato deverão ser reajustados com base na inflação oficial, segundo contrato
Trem intercidades fica mais caro em 2024 (Shreder 9100)
Trem intercidades fica mais caro em 2024 (Shreder 9100)

A PPP do Trem Intercidades entre São Paulo e Campinas sofreu reajuste no valor dos aportes e contraprestações. Além destes ajustes, devemos considerar também que o projeto, de forma geral, ficou mais caro.

A regra de reajuste prevista no contrato visa realizar o equilíbrio de custos baseados na inflação no período entre a “Data Base” e o período anterior à realização do leilão.

Considerando a “Data Base” estabelecida no contrato como Dezembro/2022, o reajuste do índice IPCA, que é a inflação oficial do Brasil, foi de 5,71%.

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Índice de inflação oficial (IBGE)
Índice de inflação oficial (IBGE)

Com base nestes indicadores é possível calcular o valor atual do projeto do TIC. Em dezembro de 2022 o Trem Intercidades estava orçado em R$ 13.480.954.921,00. Se considerarmos a inflação do período, o custo total do projeto passa a ser de R$ 14.250.983.914,90.

O valor de R$ 14,2 bilhões é diluído em diversos investimentos que irão modernizar a infraestrutura da Linha 7-Rubi e possibilitar a operação do Trem Intercidades e do Trem Intermetropolitano. Observe os principais:

Valores estimados para a implantação do Trem Intercidades antes da inflação (SPI)
Valores estimados para a implantação do Trem Intercidades antes da inflação (SPI)

Material Rodante

Estão previstos a aquisição de 7 novos trens de oito carros para a operação no TIM (Jundiaí-Campinas) e 15 novos trens para o TIC (São Paulo Campinas). A compra de trens do TIC pode ser feita com trens tipo Push-Pull (Locomotiva + Vagões sem tração) com oferta de 12.900 lugares.

O investimento em material rodante passou de R$ 2,535 bilhões para R$ 2,679 bilhões.

Trem regional da Alstom

Via Permanente

No que se refere ao novo conjunto de vias operacionais, deverão ser implantadas ou modernizadas aproximadamente 430 quilômetros de trilhos. Novos AMVs deverão ser implantados no trecho, incluindo equipamentos com jacaré móvel.

O investimento em via permanente passou de R$ 2,940 bilhões para R$ 3,107 bilhões.

Acesso e segurança

Ações serão realizadas para permitir a acessibilidade dos passageiros nas estações, bem como a passagem segura dos cidadãos entre as margens da via férrea, através da implantação de 24 passarelas. Novos muros e gradis deverão ser implantados ao longo do trecho.

O investimento para acesso e segurança passou de R$  257 milhões para R$ 271 milhões.

Acessibilidade da estação Baltazar Fidelis (STM)
Acessibilidade da estação Baltazar Fidelis (STM)

Obras de Arte Especiais

As obras de arte são um conjunto de construções especiais que permitirão a passagem dos trens por diversos obstáculos. Elas incluem pontes, viadutos e melhorias no sistema de drenagem. O novo túnel de Botujuru também está incluso.

O investimento para as obras de arte especiais passaram de R$ 776 milhões para R$ 820 milhões.

Sistemas

O maior investimento da PPP do TIC Eixo Norte são os sistemas. A promessa é de implantar um sistema de sinalização inédito no Brasil, o ETCS Nível 2, e Rádio TETRA que permitirá uma melhoria substancial da comunicação.

Em termos de energia serão realizadas implantação de nova Rede Aérea e adequação de oito subestações elétricas.

O investimento para sistemas passaram de R$ 3,683 bilhões para R$ 3,893 bilhões.

Instalações Operacionais

Dentro deste quesito estão enquadrados as novas estações para o TIM e para o TIC. As infraestruturas de diversas estações deverão ser reformuladas, incluindo novas paradas em Lapa e Água Branca, unificadas e integradas com a Linha 8-Diamante.

Cinco novos pátios deverão ser construídos para possibilitar a manutenção dos trens. Equipamentos especiais também deverão ser adquiridos. O CCO deverá ser transferido do Brás para Jundiaí.

O custo das obras de instalações operacionais era orçado em R$ 2,597 bilhões e agora passa a ser de R$ 2,745 bilhões.

Projeto de unificação das estação Lapa das linhas 7 e 8 (GESP)

Conclusão

O aumento do custo do TIC era algo previsível levando em consideração a inflação do Brasil. Com o cenário de pós-pandemia se afastando, a cadeia de fornecimento de componentes vai se normalizando. A queda da taxa SELIC poderá criar um panorama mais favorável para a execução do financiamento privado das obras. O valor do dólar é uma incerteza e poderá pesar no custo das obras.

Estes fatores, aliados às estratégias empresariais de cada consórcio, deverão definir os valores aportados para a execução do TIC.

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12 comments
  1. De 14Bi, 9Bi vão ser do governo em prol da extinção da cptm, um órgão que investe 9Bi pode muito bem investir 14Bi na totalidade sem extinguir uma empresa renomada e com know-how superior no mercado, me dá ódio de ler tudo isso acontecendo vendo que a cptm renovou essas linhas aos trancos e barrancos pra no fim ser extinta pra encher bolso de empresário sem garantia de serviço de qualidade

    1. Será em regime de “concessão” então terá a garantia de “qualidade”.

      Mas desde quando o Estado pode proporcionar serviço de qualidade? Nunca e nunca terá, pois o Estado gasta um dinheiro que é dos “outros” não dele próprio, então eles nunca terão incentivos para tomar as melhores decisões.

      Ferrovia surgiu como um negócio, e o Estado não sabe administrar negócios, apenas “tributar” o dinheiro alheio.

      Esse projeto estar fora de uma estatal pelo menos, consegue evitar alguns vícios como cargos de cabide, compras casadas, e se o contrato de concessão permitir pelo menos, certa liberdade para a empresa fazer as suas estratégias, poderá finalmente administrar com relativo sucesso uma Ferrovia.

      1. se você levar em conta o valor total da contraprestação pecuniária e o valor investido pelo setor privado, aproximadamente 6 Bilhões vai perceber que a taxa interna de retorno é de 2,9% a.a. ou seja bem próximo de uma taxa de juros de um financiamento comum que o governo faria com BNDES caso decidisse construir por meios próprios, a opção da PPP vem com a possibilidade desse valor cair dependendo da concorrência (se houver).

      2. Nem você acredita nessa sua tese privatista.
        O caixa que paga a CPTM, é o mesmo que paga a concessionária. A diferença é que a concessionária recebe muito mais por exigência de contrato, logo mais dinheiro público é gasto.
        O estado proporciona um serviço de qualidade pelo simples motivo de não almejar lucro, diferentemente da iniciativa privada. A preocupação não é com dividendos.
        O estado não serve para gerir negócios, serve para prestar serviços de natureza pública-social, como é o caso do transporte público. Coisa que não é o foco da iniciativa privada.
        Estamos vendo o resultado da privatização com o descaso e abandono de todo patrimônio ferroviário nacional, e da forma como CCR e supervia operam os trens de subúrbio.
        As ferrovias surgiram como negócios, mas as empresas faliram e quem foi obrigado a assumir tudo isso foi o estado. Se eram boas administradoras, porque não estavam até hoje administrando? Por que as atuais concessionárias de cargas simplesmente abandonaram o que entendeu não ser viável? Por que as operadoras de trens metropolitanos precisam de tanto subsídio? Porque a supervia faliu e transportava em 2019 menos passageiros que o tempo da CBTU? É esse o modelo que você defende? É essa a eficiência privada, que come a carne e não sabe aproveitar o osso?
        Sobe os cabides de emprego, você já deu uma olhadinha em quem são os gestores das concessionárias, de onde eles vêm e suas ligações? Deve saber também que os cabides no funcionalismo público vêm justamente dos cargos comissionados, que entram sem concurso e na canetada, e que isso não acaba com a privatização, muito pelo contrário, sobra mais espaço para indicações. Tipo a do seu governador, que nomeou para o governo de SP vários do ex-presidente, até o cunhado da ex-primeira-dama. Você deve saber disso, certo?
        Você, como a maioria da turma do “privatiza que melhora”, só repete um mantra, mas nem sabe ao certo porque repete.

        1. Guile, a concessionária paga outorga ao governo, não existe essa do governo ficar pagando a concessionária. Vocês fazem confusão com o pagamento de compensação, que só ocorre em casos de crises, onde as promessas que o Estado fez à futura concessionária não foram cumpridas. Simples assim. Se chama Justiça, coisa que vocês não gostam muito.

          Todos os serviços privados, exatamente por almejarem o lucro, oferecem um serviço de qualidade, pois se não oferecer, nunca mais terá a clientela, coisa que não ocorre com o Estado. Simples assim. É por isso que pobre tem carro, televisão, internet de qualidade e não saúde, educação e segurança, principalmente de vocês que adoram um bandido.

          As ferrovias desde o período militar eram estatais e elas todas foram sucateadas, vários ramais de bitola métrica operacionais foram extintos do dia pra noite. Foi necessário haver concessões na década de 90 pra acabar com o ciclo vicioso de roubo e abandono. Hoje Rumo, VLi e MRS estão mantendo os ramais operacionais sem maiores dificuldades e atualmente governo brasileiro está satisfeito com isso.

          Seus exemplos de indicações ministeriais não são exemplos de comissionados nas concessões, não faz sentido nenhum.

  2. Alguém aí do ministéio público poderia ajudar a barrar esta loucura?
    Com tantas outras prioridades e querem torrar mais de 14 Bi nestra obra faraônica!
    Imaginem quantas moradias populares, hospitais ou escolas dariam para fazer com esta grana?

    Já que o tema é transporte sobe trilhos, por que não se aplica este recurso na melhoria e expansão do metrô e dos trens metropolitanos?

  3. Na figura ilustrativa está se mostrado um moderno trem com tecnologia consagrada mundialmente, o Pendular Schreder 9100 Acela da AMTRAK de nº 2009 que atinge de 180 km/h em trechos sinuosos ideais para as condições brasileiras, em tensão de catenária existente 3kVcc semelhante aos Trens Metropolitanos existentes no Brasil, e no entanto os planejadores após anos de exaustivos estudos para chegarem nesta conclusão com relação a implantação que não é este modelo de trem que os atuais planejadores insistem e querem propor, e sim um TIC até Campinas com 1 hora e 15 minutos velocidade média de 95 km/h e máxima de 140 km/h em trechos curtos em via singela, os experts da gestão atual cogitando substituir os Pendulares pelos modelos ultrapassados do tipo Push-Pull, que são formados por locomotivas que tracionam carros sem motorização uma vez que o traçado atual necessita da implantação de pontes e viadutos e não permite velocidades maiores, completamente ultrapassado e obsoleto goela abaixo dos usuários, utilizando as mesmas linhas saturadas e sinuosas interferindo nos atuais Trens Metropolitanos do Serviço 710 que ainda possuem cargueiros da MRV.
    Causa a estranheza a insistência as viagens dos para os EUA, Europa e Ásia para buscar investimentos para este TIC assim como foi feito a visita na China para o BYD da Linha-17, qual é o limite para as constantes atualizações de valores?
    Será que da forma como está sendo apresentado eles não teriam sugestões melhores, mais modernas e avançadas?

  4. É melhor distribuir Fiat uno com esses 14 bi, vai dar mais retorno em IPI, Cide, ICMS, IPVA , do que esse trem fantasma !!!!Na Rússia todo mundo usa trem porque ele vai para todo lugar aqui só vai até Jundiaí e campinas hahahahah!!!

  5. Nem começou e já tem aditivo, brincadeira o que fazem com dinheiro do povo, sem consultar ninguém. esse troço é inviável, só vai funcionar com uma forte subversão e uma contrato leonino. A viação Cometa e Lira agradecem ….

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