Únicos trens sem ar-condicionado do Metrô serão retirados de operação

Trem da Frota E do Metrô de SP (Jean Carlos)

Ainda sem uma previsão conhecida, o Metrô de São Paulo deverá contar apenas com trens equipados com ar-condicionado. Para que isso ocorra será preciso receber uma nova encomenda de 44 composições cuja licitação está sendo preparada e que servirá sobretudo para reforçar a frota da Linha 2-Verde após sua expansão até Penha.

Pelo que integrantes do governo Doria têm dito nos últimos meses, a chegada desses trens mais modernos permitirá o fim da Frota E, atualmente a única a não oferecer o conforto do ambiente climatizado nos vagões.

Nesta semana, o presidente do Metrô, Silvani Pereira, foi bastante enfático ao afirmar que os trens sem ar-condicionado serão aposetnados. “Novos trens serão adquiridos e esta frota deixará de operar“, disse o executivo em resposta a um seguido de seu perfil no Instagram nesta terça-feira, 8.

Com 11 trens em operação, sobretudo na Linha 1-Azul, a Frota E tem sido bastante criticada pelos usuários desde que o Metrô concluiu a reforma dos seus trens originais, que passaram a contar com recursos mais modernos incluindo o ar-condicionado.

Interior de um dos trens da Frota E: sem ar-condicionado (Jean Carlos)

É uma situação curiosa já que atualmente a CPTM, que operou composições decadentes por anos, agora somente possui trens mais modernos em operação, com exceção de alguns Série 2100 usados na Linha 10, e que possuem climatização, aliás.

Se for confirmado, o fim da Frota E também marcará a primeira vez que o Metrô de São Paulo aposenta um trem em sua história. Sem levar em conta unidades danificadas, a companhia ainda mantém as composições originais em serviço, hoje reformadas. Além disso, recebeu outras duas frotas, a G (Alstom) e a H (CAF) nos últimos anos, que foram as primeiras a incorporar novos padrões.

Trens Milênio

A Frota E, por sua vez, é uma série de trens bastante peculiar. Ela surgiu de uma licitação realizada no início dos anos 90 que previa a fabricação de 22 unidades pela Mafersa e que seriam usadas na extensão da Linha 3-Vermelha até Guaianases de um lado e Água Branca do outro.

Segundo o presidente do Metrô, 11 trens da Frota E deverão ser retirados de serviço assim que a nova encomenda de composições seja entregue (Jean Carlos)

O Metrô, no entanto, mudou seus planos e encomenda foi congelada, só sendo retomada em 1997 quando apenas 11 composições acabaram produzidas pela Alstom, que havia assumido as instalações da Mafersa na Lapa, mas destinadas à reforçar a frota em geral.

O primeiro trem da Frota E, então conhecida como composição 348, foi entregue ao Metrô em 1998 e entrou em operação no ano seguinte. Apesar de relativamente semelhante com as frotas C e D, o trem da Alstom, chamados de “Milênio” após um concurso realizado pela empresa, apresentavam várias inovações técnicas para a época.

As composições da Frota E foram fabricadas pela Alstom a partir de 1998 (Jean Carlos)

Outra curiosidade a respeito da Frota E diz respeito à sua relação com a Frota G, também produzida pela Alstom. Em 2007, o Metrô decidiu utilizar a licitação original de 1992 para encomendar 16 novos trens junto à fabricante francesa, usando para isso um aditivo de contrato, o que acabou sendo considerado ilegal pelo Tribunal de Contas do Estado.

A grande pergunta que fica no ar sobre o fim iminente da Frota E é saber se os 11 trens não poderiam ser modernizados para um padrão semelhante às composições das frotas I, K, J e L. Quando decidiu reformar os trens originais, o Metrô alegou que o custo compensaria em vez de uma encomenda de unidades novas.

Iniciada em 2009, a reforma foi feita em trens que naquela época já estavam em operação há mais de três décadas. Portanto, a Frota E encontra-se em uma idade bem mais ‘jovem”, de apenas 23 anos, e que poderia beneficiar um programa de recuperação.

Trem recebeu o nome de “Milênio” após Metrô realizar concurso (Jean Carlos)
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