Únicos trens sem ar-condicionado do Metrô serão retirados de operação

Em serviço desde 1999, onze trens da Frota E devem ser os primeiros a serem aposentados pela companhia, após chegada de nova encomenda a ser fechada nos próximos meses

Trem da Frota E do Metrô de SP (Jean Carlos)

Ainda sem uma previsão conhecida, o Metrô de São Paulo deverá contar apenas com trens equipados com ar-condicionado. Para que isso ocorra será preciso receber uma nova encomenda de 44 composições cuja licitação está sendo preparada e que servirá sobretudo para reforçar a frota da Linha 2-Verde após sua expansão até Penha.

Pelo que integrantes do governo Doria têm dito nos últimos meses, a chegada desses trens mais modernos permitirá o fim da Frota E, atualmente a única a não oferecer o conforto do ambiente climatizado nos vagões.

Nesta semana, o presidente do Metrô, Silvani Pereira, foi bastante enfático ao afirmar que os trens sem ar-condicionado serão aposetnados. “Novos trens serão adquiridos e esta frota deixará de operar“, disse o executivo em resposta a um seguido de seu perfil no Instagram nesta terça-feira, 8.

Com 11 trens em operação, sobretudo na Linha 1-Azul, a Frota E tem sido bastante criticada pelos usuários desde que o Metrô concluiu a reforma dos seus trens originais, que passaram a contar com recursos mais modernos incluindo o ar-condicionado.

Interior de um dos trens da Frota E: sem ar-condicionado (Jean Carlos)

É uma situação curiosa já que atualmente a CPTM, que operou composições decadentes por anos, agora somente possui trens mais modernos em operação, com exceção de alguns Série 2100 usados na Linha 10, e que possuem climatização, aliás.

Se for confirmado, o fim da Frota E também marcará a primeira vez que o Metrô de São Paulo aposenta um trem em sua história. Sem levar em conta unidades danificadas, a companhia ainda mantém as composições originais em serviço, hoje reformadas. Além disso, recebeu outras duas frotas, a G (Alstom) e a H (CAF) nos últimos anos, que foram as primeiras a incorporar novos padrões.

Trens Milênio

A Frota E, por sua vez, é uma série de trens bastante peculiar. Ela surgiu de uma licitação realizada no início dos anos 90 que previa a fabricação de 22 unidades pela Mafersa e que seriam usadas na extensão da Linha 3-Vermelha até Guaianases de um lado e Água Branca do outro.

Segundo o presidente do Metrô, 11 trens da Frota E deverão ser retirados de serviço assim que a nova encomenda de composições seja entregue (Jean Carlos)

O Metrô, no entanto, mudou seus planos e encomenda foi congelada, só sendo retomada em 1997 quando apenas 11 composições acabaram produzidas pela Alstom, que havia assumido as instalações da Mafersa na Lapa, mas destinadas à reforçar a frota em geral.

O primeiro trem da Frota E, então conhecida como composição 348, foi entregue ao Metrô em 1998 e entrou em operação no ano seguinte. Apesar de relativamente semelhante com as frotas C e D, o trem da Alstom, chamados de “Milênio” após um concurso realizado pela empresa, apresentavam várias inovações técnicas para a época.

As composições da Frota E foram fabricadas pela Alstom a partir de 1998 (Jean Carlos)

Outra curiosidade a respeito da Frota E diz respeito à sua relação com a Frota G, também produzida pela Alstom. Em 2007, o Metrô decidiu utilizar a licitação original de 1992 para encomendar 16 novos trens junto à fabricante francesa, usando para isso um aditivo de contrato, o que acabou sendo considerado ilegal pelo Tribunal de Contas do Estado.

A grande pergunta que fica no ar sobre o fim iminente da Frota E é saber se os 11 trens não poderiam ser modernizados para um padrão semelhante às composições das frotas I, K, J e L. Quando decidiu reformar os trens originais, o Metrô alegou que o custo compensaria em vez de uma encomenda de unidades novas.

Iniciada em 2009, a reforma foi feita em trens que naquela época já estavam em operação há mais de três décadas. Portanto, a Frota E encontra-se em uma idade bem mais ‘jovem”, de apenas 23 anos, e que poderia beneficiar um programa de recuperação.

Trem recebeu o nome de “Milênio” após Metrô realizar concurso (Jean Carlos)
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Lucas
Lucas
3 anos atrás

Concordo que uma reforma seria bem vinda, assim como na Série 3000 da CPTM, que tem muita lenha pra queimar. Com a finalização da modernização dos sistemas, penso que tais trens ajudariam muito na redução do headway.

Gabriel P.
Gabriel P.
3 anos atrás

Antes tarde do que nunca. Sempre que vinha esse metrô, se eu não tivesse com muita pressa, deixava passar e esperava o próximo com ar condicionado.

José Manoel Dos Santos
José Manoel Dos Santos
3 anos atrás

Eu sou sempre favorável, a reforma, aproveitamento e modernização, pois, isso ajuda o meio ambiente, economiza dinheiro e beneficia a população. Tem que ser assim, em casa, no trabalho e na vida. Reciclar sempre.

Osmar Cardoso
Osmar Cardoso
3 anos atrás

Essas composições tem uma estrutura impressionante, são perfeitamente aptos a uma reestruturação com a instalação de sistema de ar condicionado! Absurdo jogar um patrimônio desses na sucata!!

Eduardo Souza
Eduardo Souza
3 anos atrás

Concordo com essa modernização, outro fator é de que a temperatura das composições que tem ar condicionado é fora do normal. Muitas vezes está gelado demais, deveria ser uma temperatura entre 21 e 23 graus que ficaria agradável a todos os usuários. E vão dizer que a regulagem é na temperatura ambiente e não é.
Abre uma pesquisa com os usuários para saber.

Grato por expressar minha opinião.

Gabriel N.
Gabriel N.
3 anos atrás

Também concordo com os colegas em defesa da reforma da frota E, embora a aparência lembre os antigos C e D, poderiam no mínimo receberem uma reforma simples, como: implantação de luzes de LED e ar condicionado no salão, colocação de vidros selados, substituição do piso emborrachado, e por fim uma pintura nova externa e interna e nos assentos.

Detalhes esses na minha leiga opinião sobre detalhes técnicos, que passariam uma percepção diferente aos passageiros e afastariam essa rejeição por parecerem extremamente antigos e defasados.

Luis Siqueira
Luis Siqueira
3 anos atrás

Eu concordo em aposentar esses trens, o texto esqueceu de mencionar que os Frota E são os que mais dão falhas na CMSP e são os que mais consomem energia, fora isso uma modernização é quase o valor de um trem novo, 0km, sem falar que as modernizações que o metrô fez ficaram bem ruins, não tem passagem livre entre os carros, as portas são estreitas entre outras características que um trem novo tem, é só comparar a Frota J com a Frota P

kiritsu
kiritsu
3 anos atrás
Responder para  Luis Siqueira

sua comparação é completamente descabida, a Frota P foi feita muito tempo depois da reforma das frotas do metrô, não como você implementar passagem entre carros num trem que não foi projetado pra isso sem refazer o trem do 0, é uma reforma não é uma reconstrução, as modernizações foram feitas dentro dos limites de uma reforma, é burro demais exigir passagem entre carros numa reforma, além de que as portas da frota P não são maiores que os da frotas antigas, não inventa.

dan
dan
3 anos atrás

Por ser vagões com menos de 25 anos de uso, acho que teriam chances de revendê-los a países emergentes que estão começando a ter redes metroviárias ou mesmo de reforço da frota.
Ou mesmo reciclar ao máximo possível os metais, vidros e plásticos para as obras do metrô que estão ocorrendo.

Andre Camargo
Andre Camargo
3 anos atrás

Triste. São trens que não tem nem 25 anos e poderiam rodar mais uns 15, vide frota A. É a salvação pra pessoas como eu que tem rinite e passam aperto naqueles dias que não estão muito quentes mas o AC fica no máximo sendo que podia estar só ventilando. Anos atrás quando namorava uma paulistana evitávamos ao máximo pegar trens reformados. Me recuso a dizer “modernizados”, modernizar não é fazer o passageiro passar frio e sim tirar a sensação de calor, apenas isso.